ESTUDOS DE DEFESA NACIONAL: BASES EPISTEMOLÓGICAS E INTERDISCIPLINARES
Resumo
Nos estudos de Defesa Nacional observa-se certo distanciamento dos pesquisadores da área de Administração em relação a aplicação de teorias, dentre elas, a das capacidades dinâmicas. A premissa que norteia este estudo é de que há um descompasso entre as ações estratégicas previstas na Estratégia Nacional de Defesa (END) e as capacidades da Base Industria de Defesa (BID). Pressupõe-se que as empresas vinculadas à BID devam conhecer as suas capacidades dinâmicas, a fim de que possam em seu planejamento estratégico elaborar ações que permitam cooperar com a END, além de gerar vantagem competitiva. Nesse contexto, mapear a produção científica sobre Defesa Nacional torna-se uma oportunidade de pesquisa, e verificar qual tem sido a relação entre as áreas da Administração e Defesa. A metodologia utilizada tem natureza de caráter bibliométrico. Os achados apontam i) a inexistência de estudos da administração que objetivaram propor estratégias para o setor de Defesa, sob a perspectiva da teoria das capacidades dinâmicas; ii) inexistência de Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração que possuam em suas linhas de pesquisa o tema Defesa Nacional e, a iii) inexistência de periódicos na área de Administração que tenham em seu escopo ou foco os estudos organizacionais na área de Defesa Nacional. Ainda, a área da Administração possui linhas de pesquisa que abarcam estudos estratégicos e organizacionais, inovação e tecnologia, governança, finanças públicas e outras, que podem colaborar com o avanço dos estudos sobre Defesa de forma aplicada, pois visam relacionar a teoria à prática e a constante busca de soluções pragmáticas para problemas sintomáticos e contínuos, por meio de métodos científicos analíticos, de profundidade e observação empírica.
Referências
ALVES, D. F.; et al. Investimentos na indústria de defesa do Brasil e da Argentina. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 12 n. 44, 2018. Disponível em: http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/RMM/article/view/561.
AMARANTE, J. C. A. A base industrial de defesa brasileira. Rio de Janeiro: IPEA, 2012.
AZEVEDO, C. E. F. Os elementos de análise da cultura de inovação no setor de Defesa e seu modelo tridimensional. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 12 n. 45, 2018. Disponível em: http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/RMM/article/view/582.
BARNEY, J. B. Firm resource and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99-120, 1991. doi: https://doi.org/10.1177/014920639101700108
BERGMAN, J.; JANTUNEN, A.; SAKSA, J. M. Knowledge creation and sharing – Scenarios and Dynamic Capabilities in inter-industrial knowledge network. Journal of Knowledge Management, 8 (6), 63-77, 2004. doi: 10.1108/13673270410567639
BERTONHA, J. F. A Estratégia Nacional de Defesa do Brasil e a dos outros BRICs em perspectiva comparada. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 56, n. 2, p. 112-130, dec., 2013. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292013000200007
BRASIL. Decreto n. 6.703, de 18 de dezembro. Aprova a Estratégia Nacional de Defesa. Brasília. 2008.
BRASIL. Portaria Normativa nº 899, de 19 de julho. Aprova a Política Nacional da Indústria de Defesa (Pnid). 2005.
BROOKS, R. How everything became war, and the military became everything. Tales from the Pentagon. New York, NY: Simon & Schuster, 2016.
BRUNEAU, T. C. Civil-military relations in Latin America: the hedgehog and the fox revisited. Fuerzas Armadas y Sociedad, v. 19, n. 1, p. 111-131, 2005. Disponível em:
CAPES. Relatório da Avaliação Quadrienal. Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo. 2017. Disponível em:
CEMID. Comissão Mista da Indústria de Defesa. Credenciamento ED e EED. 2020. Disponível em:
CORRÊA, G. C. A política de defesa do Brasil no século XXI. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 8 n. 31, 2014. Disponível em:
CORRÊA, L. D. P.; BONDARCZUK, B. A. Formulação de Políticas Setoriais em Defesa Nacional e Segurança: a Gestão de Propriedade Intelectual e Inovação nas Forças Armadas. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 9, n. 36, 2015. Disponível em: http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/RMM/article/view/525.
CUNHA, R. S. P.; MIGON, E. X. F. G. As ciências militares e a configuração dos estudos de defesa como área do conhecimento científico. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 13, n. 46, 2019. doi: https://doi.org/10.22491/cmm.a001
DA CRUZ, M. P. O perfil dos líderes estratégicos do Exército Brasileiro em seu processo de transformação. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 9 n. 35, 2015. Disponível em:
EISENHARDT, K. M.; MARTIN, J. A. Dynamic capabilities: what are they? Strategic Management Journal, 21, pp. 1105-1121, 2000. doi: https://doi.org/10.1002/1097-0266(200010/11)21:10/11<1105::AID-SMJ133>3.0.CO;2-E
ERCAN, G.; CICEKLI, I. Using lexical chains for keyword extraction. Information processing & management, v. 43, p. 1705-1714, 2007. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.ipm.2007.01.015
ESCOLA DE GUERRA NAVAL. Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos. Área de Concentração e Linhas de Pesquisa. 2020. Disponível em:
FERREIRA, M. W. S. A Estratégia Nacional de Defesa: reflexão sobre o papel da sociedade na construção da defesa nacional. Coleção Meira Mattos, n. 22, 2010. Disponível em:
HELFAT, C. E.; PETERAF, M. A. Understanding Dynamic Capabilities: progress along a developmental path. Strategic Organization, 7, pp. 91-102, 2009. doi: https://doi.org/10.1177/1476127008100133
LEITE, M. D. A. Planejamento estratégico das forças armadas baseado em capacidades: reflexos para o Exército Brasileiro. Coleção Meira Mattos, n. 24, 2011. Disponível em:
LIMA, R. N. O. Estratégia: ação ou retórica? Coleção Meira Mattos, n. 26, 2012. Disponível em:
MACHADO DA SILVA, M. V. Política Externa, Segurança e Defesa nos Governos Lula e Cardoso. Revista Debates, v. 4, n. 2, 2010. doi: https://doi.org/10.22456/1982-5269.12370
MELO, R. Indústria de defesa e desenvolvimento estratégico: estudo comparado França-Brasil. Brasília FUNAG, 2015, 314 p.
MORAES, M. C. A estratégia nacional de defesa e o orçamento da união. Coleção Meira Mattos, n. 21, 2010. Disponível em:
MOSKOS, C.C.; BURK, J. The postmodern military. In J. Burk (Ed). The military in new times: Adapting armed forces to a turbulent world. Boulder, CO: Westview, pp. 141–162, 1994.
NASCIMENTO, P. R. L. A inserção internacional do Brasil e os novos desafios à política de defesa nacional. Coleção Meira Mattos, n. 21, 2010. Disponível em:
NELSON, R. R. Why do firms differ, and how does ite matter? Strategic Management Journal, 12(S2), 61-74, 1991. doi: https://doi.org/10.1002/smj.4250121006
NETO, J. M. As Novas Demandas de Segurança e Defesa Nacional e seus impactos na transformação organizacional dos ambientes militares, em especial, do Exército Brasileiro. Tese (Doutorado). Escola Brasileira de Administração Púbica e Empresas, Rio de Janeiro, 232 f, 2015.
NUNES, R.; SVARTMAN, E. M. Dilemas da Grande Estratégia das Forças Armadas do Brasil nos anos 1980 e 1990: o debate interno em um sistema internacional em transição. Revista Debates, v. 13, n. 2, 2019. doi: https://doi.org/10.22456/1982-5269.89392
PELLANDA, P. C. A nova estrutura do sistema de ciência e tecnologia do exército e a produção de conhecimentos e inovações tecnológicas para a área de defesa. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 7, n. 30, 2012. Disponível em:
PION-BERLIN, D. Political management of the military in Latin America. Military Review, v. 85, n. 1, p. 19-31, 2005.
PORTER, M. E. Competitive strategy: techniques for analyzing industries and competitors. New York: The Free Press, 1980.
PROENÇA JR., D. & LESSA, M. A. Brazilian national defence policy and strategy reviewed as a unity. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 60, n. 2, 2017. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7329201700210
RAINHA, P. J.; et al. Planejamento estratégico militar versus planejamento estratégico empresarial: análise de métodos e resultados. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 8 n. 33, 2014. Disponível em: http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/RMM/article/view/501.
RAMOS, C. E. F. A implementação de políticas públicas para a mobilização nacional: a inserção do tema mobilização no Livro Branco de Defesa. Coleção Meira Mattos, n. 24, 2011. Disponível em:
REVISTA DA ESCOLA DE GUERRA NAVAL. Foco e Escopo. 2020. Disponível em: https://revista.egn.mar.mil.br/index.php/revistadaegn/about/editorialPolicies#focusAndScop.
RUDZIT, G.; NOGAMI, O. Segurança e Defesa Nacionais: conceitos básicos para uma análise. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 53, n. 1, p. 5-24, 2010. doi: https://doi.org/10.1590/S0034-73292010000100001
SCHUMPETER, J. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1988.
STEINBRECHER, M.; BIEHL, H. Military Know-Nothings or (at Least) Military Know-Somethings? Knowledge of Defense Policy in Germany and Its Determinants. Armed Forces & Society, v. 46, n. 2, p. 302-322, 2020. doi: https://doi.org/10.1177/0095327X18811384
TEECE, D. J. Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28, pp. 1319-1350, 2007. doi: https://doi.org/10.1002/smj.640
TEECE, D. J.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18 (7), 509-533, 1997. doi: https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199708)18:7<509::AID-SMJ882>3.0.CO;2-Z
TEECE, D. J.; PISANO, G. The dynamics capabilities of firms: an introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-556, 1994. doi: https://doi.org/10.1093/icc/3.3.537-a
TRINDADE, L.; TRINDADE, C. G.; NOGUEIRA, E. C. O. R. Lacunas na pesquisa em gestão de pessoas: uma proposta de agenda para pesquisas futuras. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 5, n. 1, p. 169-183, 2015.
VASCONCELOS, F. C.; CYRINO, A. B. Vantagem competitiva: os modelos teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. Revista de Administração de Empresas, 40 (4), 20-37, 2000. doi: https://doi.org/10.1590/S0034-75902000000400003.
VISENTINI, P. G. F.; THUDIUM, G. P. S. A construção do pensamento em segurança e defesa na academia brasileira. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, v. 13, n. 46, 2019. doi: https://doi.org/10.22491/cmm.a002
WANG, C. L.; AHMED, P. K. Dynamic capabilities: A review and research agenda. International Journal of Management Reviews, v. 9, n.1, p. 31–51 31, 2007.
WRIGHT, P. L.; et al. Administração Estratégica: conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.
ZOLLO, M.; WINTER, S. Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, 13 (3), 339-353, 2002. doi: https://doi.org/10.1287/orsc.13.3.339.2780
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).
