ORALIDADE E ESCRITA: AFIRMAÇÃO E RESISTÊNCIA CULTURAL A PARTIR DE UMA OBRA LITERÁRIA INDÍGENA

Palavras-chave: Daniel Munduruku. Identidade. O Karaíba.

Resumo

As narrativas de povos nativos da América nasceram com o objetivo de ensinar novas gerações a respeitar e preservar a história dos povos através dos tempos, superando a desinformação, os equívocos e os pré-conceitos que motivam as injustiças pelo "progresso" da sociedade capitalista. Esse artigo discute a ideia etnocêntrica do índio persistente no imaginário ocidental, que foram silenciados discursivamente e tiveram sua história invisibilizada socialmente, e para tanto, serão feitas considerações sobre a escrita indígena brasileira, produzida no contexto do século XX – XXI, como instrumento de afirmação e resistência cultural, analisando a relação entre a oralidade e a escrita a partir da leitura de “O Karaíba: uma história do pré-Brasil”, de Daniel Munduruku. Como instrumento metodológico, utilizamos pesquisa bibliográfica e análise interpretativa de obra literária. Desta maneira, problematizaremos o indígena na sociedade brasileira contemporânea, abordando a literatura indígena no Brasil e as relações entre a oralidade e a escrita.

Biografia do Autor

Braz Batista Vas, Universidade Federal do Tocantins

Doutor em História - UNESP (Franca). Professor Associado do Curso de História da UFT - Universidade Federal do Tocantins – Câmpus de Araguaína.

Daiana Roze Pajeú Silva Castro, ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos

Mestre em Estudos de Cultura e Território - UFT. Professora da Faculdade de Administração do UNITPAC – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos.

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Publicado
2020-03-09
Seção
Artigos