MATÉRIA FABULAR NA LITERATURA INDÍGENA: A ONÇA E O FOGO AND AS SERPENTES QUE ROUBARAM A NOITE

Palavras-chave: Fábula. Cristino Wapichana. Daniel Munduruku. Onça. Resistência.

Resumo

Durante muito tempo as narrativas indígenas foram veiculadas nas comunidades por meio da oralidade, contudo, com o acesso a uma das principais tecnologias das pessoas não-indígenas, a escrita, os indígenas passaram a documentar suas histórias e a expandir o acesso a sua cultura também por meio do texto impresso, em particular, através do texto literário. Além da carga cultural presente nessas narrativas há também intencionalidade implícita, relacionada à denúncia e à reparação das condições marcadas pelo preconceito, a opressão e a violência que ainda perduram contra os povos originários desde a Colonização. Sem perder de vista essa perspectiva, o presente estudo baseia-se na reflexão sobre o conteúdo fabular presente em um conjunto de produções de autoria indígena que circulam no mercado editorial brasileiro, voltado ao público leitor infanto-juvenil. Com o intuito de concentrar a análise com base em um recorte temático elegemos a figuração da onça, nesse material. O estudo de caso considerou as produções As Serpentes que roubaram a noite de Daniel Munduruku (2001) e A Onça e o Fogo de Cristino Wapichana (2009). 

 

Biografia do Autor

Allan Júnior Miranda da Silva, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Graduado em Letras - Português pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

Tânia Sarmento-Pantoja, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Estudos Literários. Docente do Curso de Letras Português (FALE/ILC/UFPA), do Programa de Pós-graduação em Letras (UFPA) e do Programa de Pós-Graduação em Cidades Territórios e Identidades (UFPA). Bolsista Produtividade em Pesquisa (CNPq). 

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Publicado
2022-05-17