ORÍ E CABAÇA SÃO FEMININAS: MULHERES-RAÍZES E SUAS INSURGÊNCIAS NA INTELECTUALIDADE BRASILEIRA

Palavras-chave: Intelectuais Negras Brasileiras. Mulheres-Raízes. Interseccionalidades. Pensamento Social Brasileiro.

Resumo

Neste artigo desenvolvemos reflexões sobre desigualdades estruturadas, posicionalidades, nichos de privilégios sociais, lugares de fala e consolidação de alianças, por meio do estudo de articulações entre marcadores sociais da diferença, à luz de um pensamento feminista negro. Para alcançar esse objetivo nos detivemos na busca por uma compreensão mais enraizada do pensamento, sobretudo de Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Sueli Carneiro, dentre outras mulheres negras. Buscamos mobilizar pensamentos que evidenciam teorias, práticas, intelectualidades e engajamentos políticos reveladores de um entrelaçamento indissociável de reflexividade crítica e agenciamentos antirracistas e antimachistas que se materializam na categoria de análise mulheres-raízes que aqui propomos. Um dos propósitos com esta escrita coletiva, que fora estimulada pelas contribuições epistêmicas dessas mulheres-raízes, é realizar reflexões mais acuradas sobre a multiplicidade de perspectivas negras na produção de conhecimentos antropológicos. 

Biografia do Autor

Luciana de Oliveira Dias, Universidade Federal de Goiás - UFG

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília - UnB. Pós-Doutora em Direitos Humanos e Interculturalidades pela UnB. Professora da UFG - Universidade Federal de Goiás. 

Cristiane Santos Souza, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Professora da UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.

Carlos Eduardo Henning, Universidade Federal de Goiás - UFG

Doutor em Antropologia Social pela Unicamp. Professor de Antropologia da UFG - Universidade Federal de Goiás.

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Publicado
2021-01-25