ORÍ E CABAÇA SÃO FEMININAS: MULHERES-RAÍZES E SUAS INSURGÊNCIAS NA INTELECTUALIDADE BRASILEIRA
Abstract
Neste artigo desenvolvemos reflexões sobre desigualdades estruturadas, posicionalidades, nichos de privilégios sociais, lugares de fala e consolidação de alianças, por meio do estudo de articulações entre marcadores sociais da diferença, à luz de um pensamento feminista negro. Para alcançar esse objetivo nos detivemos na busca por uma compreensão mais enraizada do pensamento, sobretudo de Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Sueli Carneiro, dentre outras mulheres negras. Buscamos mobilizar pensamentos que evidenciam teorias, práticas, intelectualidades e engajamentos políticos reveladores de um entrelaçamento indissociável de reflexividade crítica e agenciamentos antirracistas e antimachistas que se materializam na categoria de análise mulheres-raízes que aqui propomos. Um dos propósitos com esta escrita coletiva, que fora estimulada pelas contribuições epistêmicas dessas mulheres-raízes, é realizar reflexões mais acuradas sobre a multiplicidade de perspectivas negras na produção de conhecimentos antropológicos.
References
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: ______; CARONE, Iray (Orgs.). Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre branquidade e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 25-58.
BUENO. Winnie. Repensando a Interseccionalidade. GELEDÉS, 24 de maio de 2019. Disponível em: https://www.geledes.org.br/repensando-a-interseccionalidade/. Acessado em 31 de agosto de 2020.
BAIRROS, Luiza. Nossos feminismos revisitados. Revista Estudos Feministas (Dossiê Mulheres Negras). Rio de Janeiro, IFC/UFRJ, 3(2), 458. 1995.
BAIRROS, Luiza. A mulher negra e o feminismo. In: COSTA, Ana Alice Alcantara; SARDENBERG, Cecilia Maria B. (orgs). O feminismo do Brasil: reflexões teóricas e perspectivas. 2ª ed. Salvador, NEIM / UFBA, 2008, pp. 139-45. Disponível em: http://www.neim.ufba.br/site/arquivos/file/feminismovinteanos.pdf. Acessado em 05 de novembro de 2020.
BAIRROS, Luiza. “Orfeu e poder: uma perspectiva afroamericana sobre a política racial no Brasil”. Afro-Ásia, n.17. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, 1996. pp. 173-186. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20863/13463. Acessado em 31 de agosto de 2020.
BAIRROS, Luiza. “Lembrando Lélia Gonzaléz”. Afro-Ásia, n.23. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, 2000. Pp. 347-368. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20990/13591. Acessado em 31 de agosto de 2020.
Biblioteca Virtual Consuelo Pondé. 2020. “Perfis Femininos – Luiza Bairros”. Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, Governo da Bahia. Disponível em: http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=262. Acessado 31 de agosto de 2020).
BORGES, Pedro. 2017. “Luiza Bairros, uma referência que fica”. Alma Preta, 25 julho 2017. Disponível em: https://www.almapreta.com/editorias/realidade/luiza-bairros-uma-referencia-que-fica. Acessado em: 15 de novembro de 2020.
GELEDÉS. 2016. “Lembrando Luiza Bairros – 12 de Julho de 2016”. GELEDÉS, 12 de julho de 2016. Disponível em: https://www.geledes.org.br/lembrando-luiza-bairros-12-de-julho-de-2016/. Acessado em: 15 de novembro de 2020.
CARDOSO, Claudia. Amefricanizando o feminismo: o pensamento de Lélia Gonzalez. Revista Estudos Feministas, 22, (3), 965–986. 2014.
CARNEIRO, Sueli. A Construção do Outro como Não-Ser como Fundamento do Ser. 2005. 274f. Tese (Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação), Universidade de São Paulo, São Paulo. 2005.
CARNEIRO, Sueli. 2003. Mulheres em movimento. Estudos Avançados 17 (49), pp.: 117-132.
CARNEIRO, Sueli. 1995. Gênero, raça e ascensão social. Revista Estudos Feministas. Ano 3, pp.: 544-552.
EVARISTO, Conceição. Escrevivência. Anais do VII Seminário Internacional Mulheres e Literatura. UCSAL, 2017.
EVARISTO, Conceição. Conceição Evaristo: ‘minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra. Jornal Nexo, 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/05/26/Concei%C3%A7%C3%A3o-Evaristo-%E2%80%98minha-escrita-%C3%A9-contaminada-pela-condi%C3%A7%C3%A3o-de-mulher-negra%E2%80%99. Acessado em: 15 de novembro de 2020.
EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. MOREIRA, Nadilza Martins de Barros; SCHNEIDER, Liane. Mulheres no mundo, etnia, marginalidade e diáspora. João Pessoa: Ideia, 2005.
__________________. Da grafia desenho de minha mãe: um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: ALEXANDRE, Marcos Antônio (Org). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007, p. 16-21.
FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
GOMES, Nilma Lino. O Movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
GONZALEZ, Lélia.“O Golpe de 64: o novo modelo econômico e a população negra”. GONZALEZ, Lélia. Lugar de Negro. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4130746/mod_resource/content/1/Gonzalezhasenbalg%281982%29Lugar-de-negro.pdf. Acessado em 03 novembro de 2020.
GONZALEZ, Lélia. As amefricanas do Brasil e a sua militância. Jornal Maioria Falante. Rio de Janeiro: IPCN, maio/junho de 1988.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, ANPOCS, 1984. p. 223-244.
GONZALEZ, Lélia. A Mulher Negra na Sociedade Brasileira (Uma abordagem político-econômica). In: MADEL, Luz. (org.). O lugar da Mulher. Estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. São Paulo: N-1 edições, 2018.
MIRANDA, Aline. Seguindo a herança dos meus ancestrais: negras epistemologias e a descolonização do pensamento. 1v. 15 n. 1 (2020): Volume 15, Número 1, Ano de 2020. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/29459/25177. Acessado em 31 de agosto de 2020.
MUNIZ, K. Ainda sobre a possibilidade de uma linguística “crítica”: performatividade, política e identificação racial no Brasil. D.E.L.T.A. Documentação e Estudos em Linguística aplicada. Unicamp. v. 32.3 (2016) p. 767-786.
NASCIMENTO, Abdias do. O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978, pp. 93 - 100.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. Revista Afrodiáspora. N. 6-7, pp. 41- 49. 1985.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. O Quilombo do Jabaquara. Revista de Cultura Vozes, v. 73, n. 3, abr., 1979.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual: Possibilidades nos dias da destruição. São Paulo: Editora Filhos da África, 2018.
WERNECK, Jurema. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. Revista da ABPN. v.1, n.1, 2010, pp. 08-17.
PIEDADE, Vilma. Dororidade. Rio de Janeiro: Editora Nos, 2017.
PINTO, A. F. M.; FREITAS, F. S. Luiza Bairros, uma 'bem lembrada' entre nós (1953-2016). Afro-Asia, v. 55, p. 215-256, 2017.
PINHO, Osmundo. Luiza Bairros: Um legado sociológico e uma inspiração intelectual. LASA FORUM, v. 51, p. 1-102, 2020.
_______. A antropologia no espelho da raça. Novos Olhares Sociais, v. 2, p. 99-118, 2019.
RATTS, Alex. Eu Sou Atlântica. Sobre a trajetória de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006.
RATTS, Alex; RIOS, Flavia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
RATTS, Alex; GOMES, Bethania. Todas (as) distâncias: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz Nascimento. Editora Ogum’s Toques Negros, 2015.
SANTOS, Joel Rufino dos; BARBOSA, Wilson N. Atrás do Muro da Noite. Dinâmica das culturas afro-brasileiras. Brasília: Ministério da Cultura / Fundação Cultural Palmares, 1994, p.163.
SILVA, Mario Augusto Medeiros da. A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2000). 01. ed. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2013. v. 01. 688p
SOUZA, A. L. S. Letramentos de reexistência – poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
SOUZA, A. L. S; MUNIZ, K.; JOSINA, I. S. Letramento de reexistência – um conceito em movimentos negros. Revista da ABPN, v. 10, Ed. Especial - Caderno Temático: Letramentos de Reexistência, janeiro de 2018, p.01-11.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).