ORÍ E CABAÇA SÃO FEMININAS: MULHERES-RAÍZES E SUAS INSURGÊNCIAS NA INTELECTUALIDADE BRASILEIRA

Résumé

Neste artigo desenvolvemos reflexões sobre desigualdades estruturadas, posicionalidades, nichos de privilégios sociais, lugares de fala e consolidação de alianças, por meio do estudo de articulações entre marcadores sociais da diferença, à luz de um pensamento feminista negro. Para alcançar esse objetivo nos detivemos na busca por uma compreensão mais enraizada do pensamento, sobretudo de Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Sueli Carneiro, dentre outras mulheres negras. Buscamos mobilizar pensamentos que evidenciam teorias, práticas, intelectualidades e engajamentos políticos reveladores de um entrelaçamento indissociável de reflexividade crítica e agenciamentos antirracistas e antimachistas que se materializam na categoria de análise mulheres-raízes que aqui propomos. Um dos propósitos com esta escrita coletiva, que fora estimulada pelas contribuições epistêmicas dessas mulheres-raízes, é realizar reflexões mais acuradas sobre a multiplicidade de perspectivas negras na produção de conhecimentos antropológicos. 

Bibliographies de l'auteur

Luciana de Oliveira Dias, Universidade Federal de Goiás - UFG

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília - UnB. Pós-Doutora em Direitos Humanos e Interculturalidades pela UnB. Professora da UFG - Universidade Federal de Goiás. 

Cristiane Santos Souza, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Professora da UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.

Carlos Eduardo Henning, Universidade Federal de Goiás - UFG

Doutor em Antropologia Social pela Unicamp. Professor de Antropologia da UFG - Universidade Federal de Goiás.

Références

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: ______; CARONE, Iray (Orgs.). Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre branquidade e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 25-58.
BUENO. Winnie. Repensando a Interseccionalidade. GELEDÉS, 24 de maio de 2019. Disponível em: https://www.geledes.org.br/repensando-a-interseccionalidade/. Acessado em 31 de agosto de 2020.
BAIRROS, Luiza. Nossos feminismos revisitados. Revista Estudos Feministas (Dossiê Mulheres Negras). Rio de Janeiro, IFC/UFRJ, 3(2), 458. 1995.
BAIRROS, Luiza. A mulher negra e o feminismo. In: COSTA, Ana Alice Alcantara; SARDENBERG, Cecilia Maria B. (orgs). O feminismo do Brasil: reflexões teóricas e perspectivas. 2ª ed. Salvador, NEIM / UFBA, 2008, pp. 139-45. Disponível em: http://www.neim.ufba.br/site/arquivos/file/feminismovinteanos.pdf. Acessado em 05 de novembro de 2020.
BAIRROS, Luiza. “Orfeu e poder: uma perspectiva afroamericana sobre a política racial no Brasil”. Afro-Ásia, n.17. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, 1996. pp. 173-186. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20863/13463. Acessado em 31 de agosto de 2020.
BAIRROS, Luiza. “Lembrando Lélia Gonzaléz”. Afro-Ásia, n.23. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, 2000. Pp. 347-368. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20990/13591. Acessado em 31 de agosto de 2020.
Biblioteca Virtual Consuelo Pondé. 2020. “Perfis Femininos – Luiza Bairros”. Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, Governo da Bahia. Disponível em: http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=262. Acessado 31 de agosto de 2020).
BORGES, Pedro. 2017. “Luiza Bairros, uma referência que fica”. Alma Preta, 25 julho 2017. Disponível em: https://www.almapreta.com/editorias/realidade/luiza-bairros-uma-referencia-que-fica. Acessado em: 15 de novembro de 2020.
GELEDÉS. 2016. “Lembrando Luiza Bairros – 12 de Julho de 2016”. GELEDÉS, 12 de julho de 2016. Disponível em: https://www.geledes.org.br/lembrando-luiza-bairros-12-de-julho-de-2016/. Acessado em: 15 de novembro de 2020.
CARDOSO, Claudia. Amefricanizando o feminismo: o pensamento de Lélia Gonzalez. Revista Estudos Feministas, 22, (3), 965–986. 2014.
CARNEIRO, Sueli. A Construção do Outro como Não-Ser como Fundamento do Ser. 2005. 274f. Tese (Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação), Universidade de São Paulo, São Paulo. 2005.
CARNEIRO, Sueli. 2003. Mulheres em movimento. Estudos Avançados 17 (49), pp.: 117-132.
CARNEIRO, Sueli. 1995. Gênero, raça e ascensão social. Revista Estudos Feministas. Ano 3, pp.: 544-552.
EVARISTO, Conceição. Escrevivência. Anais do VII Seminário Internacional Mulheres e Literatura. UCSAL, 2017.
EVARISTO, Conceição. Conceição Evaristo: ‘minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra. Jornal Nexo, 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/05/26/Concei%C3%A7%C3%A3o-Evaristo-%E2%80%98minha-escrita-%C3%A9-contaminada-pela-condi%C3%A7%C3%A3o-de-mulher-negra%E2%80%99. Acessado em: 15 de novembro de 2020.
EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. MOREIRA, Nadilza Martins de Barros; SCHNEIDER, Liane. Mulheres no mundo, etnia, marginalidade e diáspora. João Pessoa: Ideia, 2005.
__________________. Da grafia desenho de minha mãe: um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: ALEXANDRE, Marcos Antônio (Org). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007, p. 16-21.
FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
GOMES, Nilma Lino. O Movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
GONZALEZ, Lélia.“O Golpe de 64: o novo modelo econômico e a população negra”. GONZALEZ, Lélia. Lugar de Negro. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4130746/mod_resource/content/1/Gonzalezhasenbalg%281982%29Lugar-de-negro.pdf. Acessado em 03 novembro de 2020.
GONZALEZ, Lélia. As amefricanas do Brasil e a sua militância. Jornal Maioria Falante. Rio de Janeiro: IPCN, maio/junho de 1988.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, ANPOCS, 1984. p. 223-244.
GONZALEZ, Lélia. A Mulher Negra na Sociedade Brasileira (Uma abordagem político-econômica). In: MADEL, Luz. (org.). O lugar da Mulher. Estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. São Paulo: N-1 edições, 2018.
MIRANDA, Aline. Seguindo a herança dos meus ancestrais: negras epistemologias e a descolonização do pensamento. 1v. 15 n. 1 (2020): Volume 15, Número 1, Ano de 2020. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/29459/25177. Acessado em 31 de agosto de 2020.
MUNIZ, K. Ainda sobre a possibilidade de uma linguística “crítica”: performatividade, política e identificação racial no Brasil. D.E.L.T.A. Documentação e Estudos em Linguística aplicada. Unicamp. v. 32.3 (2016) p. 767-786.
NASCIMENTO, Abdias do. O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978, pp. 93 - 100.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. Revista Afrodiáspora. N. 6-7, pp. 41- 49. 1985.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. O Quilombo do Jabaquara. Revista de Cultura Vozes, v. 73, n. 3, abr., 1979.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual: Possibilidades nos dias da destruição. São Paulo: Editora Filhos da África, 2018.
WERNECK, Jurema. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. Revista da ABPN. v.1, n.1, 2010, pp. 08-17.
PIEDADE, Vilma. Dororidade. Rio de Janeiro: Editora Nos, 2017.
PINTO, A. F. M.; FREITAS, F. S. Luiza Bairros, uma 'bem lembrada' entre nós (1953-2016). Afro-Asia, v. 55, p. 215-256, 2017.
PINHO, Osmundo. Luiza Bairros: Um legado sociológico e uma inspiração intelectual. LASA FORUM, v. 51, p. 1-102, 2020.
_______. A antropologia no espelho da raça. Novos Olhares Sociais, v. 2, p. 99-118, 2019.
RATTS, Alex. Eu Sou Atlântica. Sobre a trajetória de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006.
RATTS, Alex; RIOS, Flavia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
RATTS, Alex; GOMES, Bethania. Todas (as) distâncias: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz Nascimento. Editora Ogum’s Toques Negros, 2015.
SANTOS, Joel Rufino dos; BARBOSA, Wilson N. Atrás do Muro da Noite. Dinâmica das culturas afro-brasileiras. Brasília: Ministério da Cultura / Fundação Cultural Palmares, 1994, p.163.
SILVA, Mario Augusto Medeiros da. A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2000). 01. ed. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2013. v. 01. 688p
SOUZA, A. L. S. Letramentos de reexistência – poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
SOUZA, A. L. S; MUNIZ, K.; JOSINA, I. S. Letramento de reexistência – um conceito em movimentos negros. Revista da ABPN, v. 10, Ed. Especial - Caderno Temático: Letramentos de Reexistência, janeiro de 2018, p.01-11.
Publiée
2021-01-25