NOTAS SOBRE UMA PESQUISA COM CRIANÇAS: INTERPELAÇÕES DO CAMPO, OU, QUANDO O PRESIDENTE DIZ “E DAÍ”?

Palavras-chave: Pesquisa com Crianças. Luta por Moradia. Infância e Cidade. Família e Escola.

Resumo

O artigo intitulado “Notas sobre uma pesquisa com crianças: interpelações do campo, ou, quando o presidente diz ‘e daí’?” apresenta um conjunto de inquietações que tem surgido em nossos percursos investigativos com crianças em movimentos sociais de luta por moradia, tendo como recortes a produção de seus espaços na luta e suas representações, bem como a presença das famílias nas instituições educacionais por elas frequentadas. Investigar essas questões exige caminhos a serem construídos junto às crianças e não apenas no interior de suas moradias buscando compreender as relações mantidas com o entorno em que vivem. Estar e pesquisar com as crianças e suas famílias moradoras de ocupações implica experimentar outras formas de fazer pesquisa que buscam estreitar e conhecer essas privilegiadas parceiras. Partindo do princípio de que as questões epistemológicas, metodológicas e éticas orientam nossos modos de fazer pesquisa também apresentamos alguns caminhos e instrumentos adotados em nossas investigações, dentre os quais, podemos citar o uso de desenhos, das fotografias, das proposições de oficinas e as entrevistas como formas de conhecer os modos de vida das crianças e de suas famílias, com destaque para as mulheres e as crianças desses contextos.

Biografia do Autor

Marcia Aparecida Gobbi, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atuando nos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais e de Pedagogia e junto Programa de Pós-Graduação em Educação. 

Cleriston Izidro dos Anjos, UFAL

Pedagogo (UNESP), Mestre em Educação (USP), Doutor em Educação (UFAL). Professor da Universidade Federal de Alagoas na área de Fundamentos e Práticas da Educação Infantil.

Paula Martins Vicente, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e Mestrado em Arquitetura pela mesma instituição, na área de concentração “Paisagem e Ambiente” (Linha de pesquisa “Paisagem e Sociedade”), em que pesquisou a relação das crianças com os espaços livres públicos da cidade, com enfoque nas áreas periféricas. 

Referências

ALDERSON, Priscilla. Children as Researchers. In: CHRISTENSEN, Pia; JAMES, Allison (Orgs.). Research with Children: perspectives and practices. London: Routledge, 2008.
ANJOS, Cleriston Izidro dos. Tatear e desvendar: um estudo com crianças pequenas e dispositivos móveis. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal de Alagoas, 2015. 271f.
ARAUJO, Vania, Jader Janer Moreira, Maria Lidia Bueno Fernandes, Dossiê – crianças e suas infâncias na cidade, ppge, ufes, 2019.
BOLOGNA, Paula Cristina Corrêa. Narrativas, “espaço” e dádivas. A conformação de um Movimento de Luta por Moradia. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. São Carlos, Universidade Federal de São Carlos, 2018. 165 f.
BENJAMIN, Walter. Experiência e Pobreza, Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1987
BRACONI, Julio Cesar. A disputa pela moradia na região central de São Paulo: uma análise das ocupações Prestes Maia, Mauá e Cambridge. Dissertação (Mestrado em Mudança Social e Participação Política). Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. 165 f.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. O ESPAÇO URBANO Novos Escritos Sobre a Cidade, São Paulo: editora FFLCH, 2007
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese de doutorado apresentada a Faculdade de Educação da USP, 2005.
CORTEZ, Rayssa Saidel. Água no Centro: segurança hídrica em uma ocupação popular por moradia na área central de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Gestão do Território). Programa de Pós-graduação em Planejamento e Gestão do Território, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, 2019. 154 f.
COUTINHO, Ângela Scalabrin. Os novos estudos sociais da infância e a pesquisa com crianças bem pequenas. Revista Educativa, Goiânia, v. 19, n. 1, p. 762-773, set./dez. 2016
DALLARI, Dalmo de Abreu. Os direitos da criança. In: DALLARI, Dalmo de Abreu; KORCZAK, Janusz. O direito da criança ao respeito. São Paulo: Summus, 1986.
FARIA, Ana Lúcia G.; DEMARTlNI, Zeila B. F.; PRADO, Patrícia. (org.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. Campinas: Editora Associados, 2002
FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser afetado. In: Cadernos de campo, n, 13:155-161, 2005
GRANDI, Matheus da Silveira. A construção escalar da ação no movimento dos sem-teto. Tese (Doutorado em Geografia). Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. 346 f.
INGOLD, Tim. Chega de etnografia! A educação da atenção como propósito da antropologia. Educação (Porto Alegre), v. 39, n. 3, p. 404-411, set.-dez. 2016
INGOLD, Tim. Estar vivo: Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2017
INGOLD, Tim.Antropologia para quê? Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2015
KRAMER, Sonia. Autoria e autorização: questões éticas na pesquisa com crianças. Cadernos de Pesquisa, n. 116, julho/ 2002 Cadernos de Pesquisa, n. 116, p. 41-59, julho/ 2002
KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2020.
LATOUR, Bruno. O sentimento de perder o mundo, agora é coletivo. Jornal online, El pais Brasil, 2019. https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/29/internacional/1553888812_652680.html
LEFEBVRE, Henri. La Producion del espacio. Espanha, Madrid. Editora Capitán Swing, 2013.
LEFEBVRE, Henry. O direito à cidade. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010.
MAGNANI, José Guilherme Cantor. Festa no pedaço: cultura popular e lazer na cidade. São Paulo: Editora da UNESP, 1998
MULLER, Fernanda. Retratos da Infância na Cidade de Porto Alegre. Tese Doutorado em Educação) Programa de Pós-Graduação em educação. UFRGS. Porto Alegre, 2007
PATERNIANI, Stella Zagatto. Política, fabulação e a ocupação Mauá: etnografia de uma experiência. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Campinas, Universidade Estadual de Campinas, 2013. 256 f.
SANTOS, Milton. Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Editora Hucitec, 1998.
SCHIAVI, Iara Franco. Ocupações por moradia em São Paulo: a dicotomia centro-periferia. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas e Sociais). Programa de Pós-graduação em Ciências Humanas e Sociais, Santo André, Universidade Federal do ABC, 2018. 164 f.
SOARES, Natalia; SARMENTO, Manuel; TOMAS, Catarina. Investigação da infância e crianças como investigadoras: metodologias participativas dos mundos sociais das crianças. Nuances: Estudos sobre Educação UNESP – Presidente Prudente, vol. 12, nº 13: 49-64, 2005.
TONUCCI, Francesco. A solidão da criança. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.
TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. Lisboa: Instituto Piaget, 1988.
TONUCCI, Francesco. Criança se nasce. Lisboa: Instituto Piaget, 1987.
TONUCCI, Francesco. La ciudad de lós niños: um modo nuevo de pensar la ciudad. Buenos Aires: Editorial Losada S.A., 1996.
TONUCCI, Francesco. Quando as crianças dizem: agora chega! Porto Alegre: Artmed, 2005.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O nativo relativo. In: Mana vol.8 no.1, p. 113-148, Rio de Janeiro, abril de 2002
WISNIK, Guilherme. Dentro do Nevoeiro. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
Publicado
2021-02-24