O CONHECIMENTO PRUDENTE PARA UMA “EDUCAÇÃO DECENTE”: CONTRIBUIÇÕES DOS PENSAMENTOS BOAVENTURIANOS PARA UMA EDUCAÇÃO INTERCULTURAL CRÍTICA

Resumen

O presente artigo evidencia as contribuições boaventurianas acerca da razão cosmopolita, que é subsidiada por três procedimentos sociológicos: a sociologia das ausências, a sociologia das emergências e o trabalho de tradução. Tais reflexões surgem a partir do delineamento das três grandes conflitualidades epistemológicas contidas no projeto educativo boaventuriano: o conflito entre a aplicação técnica e a edificante, entre o conhecimento como regulação e como emancipação e, por fim, entre o imperialismo cultural e o multiculturalismo. Na tentativa de enfrentamento à indolência da racionalidade científica, que moldou os conhecimentos do sistema educativo, os pensamentos do autor são ressignificados a partir da perspectiva da educação intercultural crítica, que evidencia a dimensão cultural intrínseca ao processo educacional. Sendo a educação uma prática inerentemente humana, a discussão é justificada pela necessidade do desenvolvimento de um projeto educativo que promova a desomogeneização da diversidade cultural, bem como a desinvisibilização dos conhecimentos do indivíduo.

Biografía del autor/a

Luanne Michella Bispo Nascimento, Universidade Federal de Sergipe

É doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED). É mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA/UFS (2014), onde foi bolsista CAPES. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Sergipe, Campus Itabaiana (2011). De 2008 a 2010 foi bolsista PIBIC/CNPq. Seus trabalhos foram produzidos no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisa Processos Identitários e Poder (GEPPIP), seguindo as linhas de sustentabilidade, processos identitários, tradicionalismo, conflitos ambientais e saberes ambientais de comunidades do entorno do Parque Nacional Serra de Itabaiana. Atualmente trabalha no Núcleo de integração entre a UFS e a Educação Básica (NIUEB) na Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (SEDUC), fazendo acompanhamento e articulação de programas e projetos da universidade desenvolvidos nas escolas da educação básica. É membro do Grupo de Pesquisa de Educação Ambiental de Sergipe (GEPEASE), onde sua atual linha de pesquisa é o estudo da Educação Ambiental crítica e emancipatória como o cerne do processo educativo

Maria Inêz Oliveira Araújo, Universidade Federal de Sergipe

Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Sergipe (1981), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (1996), doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2004) e pós-doutora pela Universidade do Porto, com bolsa da CAPES. Professora Titular da Universidade Federal de Sergipe, desenvolvendo suas atividades acadêmicas de graduação no curso de Pedagogia, ministrando as disciplinas Educação e Ética Ambiental, Ensino de Ciências Séries Iniciais e Seminários Integradores e no Curso Licenciatura em Ciências Biológicas, orientando monografia; professora do Programa de Pós-Graduação em Educação como professora da disciplina Pesquisa em Educação e orientadora do mestrado e doutorado. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa de Educação Ambiental do estado de Sergipe - GEPEASE e pesquisadora da Sala Verde na UFS.Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Ambiental, ensino de Ciências e Biologia, metodologia e formação de professores. Professora Titular aposentada, com vínculo de professora voluntária no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe

Citas

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Publicado
2020-08-18