"MORENA": A EPISTEMOLOGIA FEMINISTA NEGRA CONTRA O RACISMO NO TRABALHO DE CAMPO
Abstract
Como acadêmica, negra, mulher e brasileira desenvolvendo práticas etnográficas multisituadas entre Brasil, Peru e Estados Unidos, me deparo com a urgência de discutir as potencialidades, mas também os perigos deste método para minha segurança. O encontro entre diferentes universos simbólicos necessariamente provoca tensões e incômodos tanto para o antropólogo, quanto para seus interlocutores. Tal realidade se assevera quando o lugar do pesquisador, tradicionalmente ocupado por homens brancos, é ocupado por uma mulher negra. Diante de uma experiência de racismo que vivi no campo, encontrei no feminismo negro ferramentas teóricas e políticas para lidar com as emoções que senti, mudar minha prática de pesquisa, revisitar minha história pessoal e produzir esta análise, que nos permite repensar a Antropologia. Neste processo, o autocuidado assume uma papel central como critério para avaliar situações de perigo e agir sobre elas, o que implicou inclusive romper o contato com interlocutores que me discriminavam.
References
ALTAMIRANO, Teófilo. Liderezgo y organizaciones de peruanos en el exterior: cultura trans-nacionales e imaginários sobre el desarrollo. Lima: Pontifícia Universidad Católica del Perú, 2000.
ARAÚJO, Hellen C. da S. Primeiro experimento autoetnográfico: negra metida soy. In: XIII REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL, 1, 2019. Porto Alegre, Anais… Porto Alegre: UFRGS, 2019. Disponibilidade em: <:https://www.ram2019.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=94>. Acesso em 25 de agosto de 2019
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: ______. Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano Editora, 2003, p. 49-58.
COLLINS, Patricia Hill. Espitemologia Feminista Negra. In: Joaze Bernardino-Costa; Nelson Maldonado-Torres; Ramos Grosofoguel (orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019, p. 139-170.
COLLINS, Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a signicação sociológica do pensamento feminista negro. Revista Sociedade e Estado, Brasília, n. 1, v. 31,jan.-abr. 2016. Disponibilidade em: <http://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00099.pdf>. Acesso em: 18 de agosto de 2018.
Da MATTA, Roberto. O ofício do etnólogo ou como ter o “anthropological blues”. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n. 27. 1978. Disponibilidade em: <http://www.ppgasmn-ufrj.com/uploads/2/7/2/8/27281669/boletim_do_museu_nacional_27.pdf>. Acesso em 27 de agosto de 2019.
DANIEL, Camila. A raça em trânsito: a construção de identidades na experiência migratória de estudantes peruanos no Brasil. In: Isis do Mar Marques Martins; Marcos Leandro Mondardo(Org.). Migrações no mundo da fluidez e dos muros: movimentos, práticas e resistências na América Latina.Rio de Janeiro: Multifoco, 2018, p. 138-170.
DANIEL, Camila. P’a crecer en la vida: a experiência migratória de jovens peruanos no Rio de Janeiro. 2013. 295 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais)–Departamento de Ciências Sociais, PUC/Rio, Rio de Janeiro, 2013.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FOOTE WHYTE, William. Sociedade de esquina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, nº. 92/93 (jan./jun.). 1988, p. 69-82.
hooks, bell. Vivendo de amor. 9 de março de 2010. Disponibilidade em: <https://www.geledes.org.br/vivendo-de-amor/>. Acesso em 27 de agosto de 2019.
hooks, bell. Intelectuais negras. Estudos Feministas, Florianópolis, n. 2, 1995, jul/dezp. 464-478.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: Edgardo Lander (comp.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 201-246. Disponibilidade em:<http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/>. Acesso em 23 de março de 2018.
PÆRREGAAD, K. Peruvians dispersed: a global ethnography of migration. Plymouth: Lexington books, 2008.
REIS, Nathália D. Quando cuidar não é servir: tipos de cuidado, relações entre mulheres negras e brancas e as lideranças de mulheres em comunidades quilombolas no sul do Brasil. In: XIII REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL, 1, 2019. Porto Alegre, Anais… Porto Alegre: UFRGS, 2019. Disponibilidade em: <:https://www.ram2019.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=94>. Acesso em 25 de agosto de 2019.
ROCHA, Luciane de O. Introdução. In: ROCHA, Luciane de O. Outraged mothering: Black Women, Racial Violence, and the Power of Emotions in Rio de Janeiro’s African Diaspora. 2014. Tese de Doutorado (Doutorado em Social Anthropology/ African Diaspora)-University of Texas at Austin, Austin, 2013.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).