CORPOS EDUCADOS, EMOÇÕES SEQUESTRADAS: A OPERAÇÃO NEOLIBERAL NA ESCOLA BRASILEIRA

Palavras-chave: Emoções. Habilidades Socioemocionais. Escola. BNCC. Biopoder.

Resumo

As emoções são construídas socialmente, culturalmente e historicamente. Assim, este artigo objetiva analisar como elas têm sido mobilizadas/ensinadas na escola em tempos neoliberais. Teoricamente embasados nos conceitos de biopoder (Foucault, 1979), capitalismo emocional (Illouz;Alaluf,2020), corpos educados/corpos psicanalíticos (Butler, 2004), dividimos o texto em três partes: primeiro, com a definição de emoção e a possibilidade de ser um objeto capaz de ser mensurado e ensinado; depois, discutimos como o espaço escolar foi historicamente utilizado para regular os sujeitos, controlando seus corpos e suas emoções; a terceira parte apresenta uma reflexão sobre a BNCC como um mecanismo de controle (biopoder) no contexto escolar contemporâneo. Conclui-se que habilidades socioemocionais foram apropriadas pelo neoliberalismo e que estão sendo utilizadas para modular corpos dóceis e alinhados aos interesses do mercado de trabalho. Dessa forma, ao racionalizarmos essa estratégia de biopoder, podemos pensar meios de transformá-la em favor de um projeto crítico, humanista e emancipatório.

Biografia do Autor

Victor Batista De Souza, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Doutorando em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Professor da Educação Básica da Secretaria de Educação do Estado da Paraíba.

Juliana Alves de Andrade, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Pós-Doutora em Educação pela Universidade de Passo Fundo. Desde 2007 pertence ao Corpo Docente da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, atuando nos cursos de Licenciatura em História e Pedagogia. É professora do Programa de Pós-Graduação em HISTÓRIA SOCIAL DA CULTURA REGIONAL (UFRPE) e do Mestrado Profissional em Ensino de História-ProfHistória (UFPE/UFRPE).

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Publicado
2025-01-24