TERRITORIALIDADES EM DISPUTA NAS URBANIDADES AMAZÔNICAS: CULTURA VIVIDA, ETNOCURRÍCULO E RESISTÊNCIA

Palavras-chave: Afroreligiosidade. Rizoma. Amazônia paraense. Etnocurrículo. Cultura vivida.

Resumo

A partir das intersecções entre etnocurrículo e cultura vivida, o presente artigo busca delinear as territorialidades do axé através da análise rizomática deleuziana dos movimentos de expansão do Ilê Asé Omin Ofá Karé, na Amazônia paraense. Tal análise, impulsionada pelo sentido de si através do corpo em trajetórias de autopoiesis, objetiva identificar práticas de resistência relacionadas à religiosidade de matriz africana dentro das dinâmicas urbanas, atravessadas por jogos de força de silenciamento, intolerância e exclusão. Como metodologia, a abordagem rizomática analisa as territorialidades sagradas do Ilê e suas expansões como elementos interconectados de forma horizontal e não linear, operando no interior das dinâmicas e contradições urbanas da Amazônia paraense. Estas territorialidades do axé carregam práticas culturais ancestrais que configuram um etnocurrículo relacionado à cultura vivida de seus aprendentes, agenciando forças de resistência na construção de uma sociedade mais diversa e democrática.

Biografia do Autor

Ilka Joseane Pinheiro Oliveira, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Graduada em História (UFPA) e mestra e doutoranda em Educação (PPGED/ICED/UFPA). Atualmente, é professora na Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC/PA).

Carlos Jorge Paixão, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Graduado em Pedagogia (FICOM), mestre em Educação (PUC/SP) e doutor em Educação (UNESP), tendo realizado pós-doutorado em Educação (FE/Unicamp). Atualmente, é professor adjunto IV do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (ICED/UFPA).

Letícia Carneiro Da Conceição, Secretaria de Estado de Educação do Pará/Secretaria Municipal de Educação de Belém

Graduada em História (USP) e mestra e doutora em Educação (PPGED/ICED/UFPA). Atualmente, é professora na Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC) e na Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC/PA).

José Rafael Barbosa Rodrigues, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Graduado em Pedagogia (UFPA), mestre em Educação (PPEB/UFPA) e doutor em Educação (PPGED/ICED/UFPA). Atualmente, é professor na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (EA/UFPA). 

Referências

ALMANAQUE [Intérprete]: Chico Buarque. Rio de Janeiro: Universal Music Group, 1981.

CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. Vol. 1, Artes de Fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

CATENDÊ, Bàbá Edson. AFAIA Associação de filhos e amigos do Ilê Asé Omin Ofá Karé. Belém, 17 jul. 2023. Instagram: @filhos_do_ofakare. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cu0Qyuiu3ZD/. Acesso em: 10 ago. 2023.

DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. 1. São Paulo: Editora 34, 1995.

HAESBAERT, Rogério. Do corpo-território ao Território-Corpo (da terra): Contribuições Decoloniais. Rev. Geographia, vol. 22, n.48, 2020.

HARVEY, David. O Direito à Cidade. Lutas Sociais, São Paulo, v. 29, p-73-89, jul./dez. 2012.

HELLER, Agnes. Cotidiano e história. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1989.

LE BRETON, David. Antropologia do Corpo e Modernidade. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.

LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito da Idade Média. Lisboa: Estampa, 1989.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.

MACEDO, Silvia Michelle Lopes; MACEDO, Roberto Sidnei Alves. Etnocurrículo, Etnoaprendizagens: a educação e as políticas de sentido da cultura. 1. ed. São Paulo: Loyola, 2015.

MATURANA, Humberto; VARELA GARCIA, Francisco; ACUÑA LLORENS, Juan. De máquinas e seres vivos: autopoiese, a organização do vivo. 3.ed. Porto Alegre: Artes Médicas: 1997.

MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu. (Org.). Currículo, Cultura e Sociedade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

OLIVEIRA, Ilka Joseane Pinheiro; PAIXÃO, Carlos Jorge. Cruzando a linha - Afrorreligiosidade, Implementação da Lei 10.639/03 e as Fronteiras da Educação Escolar. Um estudo com professores da Educação Básica. 1ª. ed. Curitiba: CRV, 2018.

PAIXÃO, Carlos Jorge; NUNES, Cely. No território do Ensino Fundamental: Demarcações na Cultura Curricular como Experiência Vivida de Professores. Revista e-Curriculum, São Paulo, v.13, n.03, p.519-533.Jul/Set. 2015.

PAIXÃO, Carlos Jorge. Cultura vivida e Escolarização. Rev.Trilhas. 2000.

RAFFESTIN, Claude. Por Uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. Brasil: território e sociedade do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SAQUET, Marco Aurélio. As relações de poder e os significados do conceito de território. In: SAQUET, Marco Aurélio. Abordagens e Concepções de Território. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SAQUET, Marco Aurélio. Por Uma Geografia das Territorialidades e das Temporalidades: Uma Concepção Multidimensional voltada para Cooperação e para o Desenvolvimento Territorial. 1. ed. São Paulo: Outras Expressões, 2011.

SENNETT, Richard. Carne e Pedra: o corpo e a cidade na civilização ocidental. Rio
de Janeiro: Record, 2006.

SENNETT, Richard. Construir e habitar: ética para uma cidade aberta. Rio de Janeiro: Record, 2018.

VIEIRA, Ricardo. Aprender a aprender: saberes, etnossaberes e reconstrução identitária. In: Ricardo Vieira; Ana Vieira; José Marques. (Org.). Etnocurrículo e Etnoaprendizagens: Diálogos, investigação e (trans)formação. Lisboa: Edições Afrontamento, 2020.

WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Publicado
2024-06-17