A CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CAMINHOS PARA A JUSTIÇA SOCIAL
Resumo
A escravização na constituição brasileira tem reflexos difundidos hoje na sociedade, onde a reprodução e a manutenção da desigualdade social apresenta-se de modo latente e revela a existência de uma colonialidade criadora de narrativas e concepções hierárquicas, que afetam de modo cirúrgico o campo da Educação. Contra esse processo, as tensões causadas pelos movimentos sociais e os indivíduos “de baixo” dessa hierarquia colonialista geraram novas formas de pensar a Educação, inclusive a Educação Física. O texto objetiva desvelar os elementos das africanidades presentes na capoeira através dos marcadores das africanidades e da Pretagogia, constituintes de uma proposta político-pedagógica. Através das relações estabelecidas, o conteúdo e a intersecção com as africanidades demonstram potencial no tratamento e na problematização da Educação para as Relações Étnico Raciais e da justiça social a fim de demonstrar que não há como implementar projetos decoloniais de educação efetivos sem a busca por uma justiça social pragmática.
Referências
BRACHT, Valter. A constituição das teorias pedagógicas em Educação Física. Caderno Cedes, Campinas, ano 19, n. 58, p. 69-88, 1999.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.
CAMPOS, Hélio. Capoeira na escola. 1. ed. Salvador: EDUFBA, 2001.
CASTRO, José Davi Leite. A capoeira na educação física escolar: vivências e formações que permeiam a práxis pedagógica. 2021. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Licenciatura em Educação Física) - Instituto de Educação Física e Esportes, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2021.
CUNHA JUNIOR, Henrique. Bairros negros, a forma urbana das populações negras no Brasil. Crítica e Sociedade, Uberlândia, v. 10, n. 1, p. 16-27, 2020.
DIAS, Cleber. Em favor do cotidiano: lazer e políticas culturais em Goiânia. Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2011.
FERREIRA NETO, José Olímpio. A capoeira na escola: uma experiência registrada em documentário. 2018. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Licenciatura em Educação Física) - Instituto de Educação Física e Esportes, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.
FERREIRA, L. H. Valores civilizatórios afro-brasileiros através do ensino da capoeira na educação física escolar. 62 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação das Relações Étnico-Raciais no Ensino Básico - EREREBÁ) - Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura do Colégio Pedro II, Programa de Pós Graduação em Educação das Relações Étnico-Raciais no Ensino Básico, Rio de Janeiro, 2022.
GOMES, Nilma Lino. Diversidade étnico-racial, inclusão e equidade na educação brasileira: desafios, políticas e práticas. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Goiânia, v. 27, n. 1, p.109-121, 2011.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p. 247-275, 2018.
hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
IÓRIO, Laércio Schwantes; DARIDO, Suraya Cristina. Educação física, capoeira e educação física escolar: possíveis relações. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 4, n. 4, p. 137-143, 2005.
MALDONADO, Daniel Teixeira; NEIRA, Marcos Garcia. Práticas corporais, justiça social e Educação Física: análise das experiências de docentes da educação básica. Motrivivência, v. 34, n. 65, p. 2-20, 2022.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p. 27-53, 2018.
NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física, currículo cultural e justiça social. In: MALDONADO, Daniel Teixeira; SILVA, Maria Eleni Henrique da; MARTINS, Raphaell Moreira. Educação Física escolar e justiça social: experiências curriculares na Educação Básica. Curitiba: CRV, p. 109-127, 2022.
OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. O urucungo de Cassange: um ensaio sobre o arco musical no espaço atlântico (Angola e Brasil). 1. ed. Itabuna: Mondrongo, 2019.
PETIT, Sandra Haydée. Práticas pedagógicas para a lei nº 10.639/2003: a criação de nova abordagem de formação na perspectiva das africanidades. Educação em Foco, Juiz de Fora, v. 21, n. 3, p. 657-684, 2016.
REIS, Letícia Vidor de Sousa. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 1997.
SANTOS, Tiganá Santana Neves. A cosmologia africana dos Bantu-Kongo por Bunseki Fu-Kiau: tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. 2019. Tese de Doutorado. (Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução) – Departamento de Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
SILVA, Luciana Maria Fernandes; DARIDO, Suraya Cristina. Capoeira. In: GONZALEZ, Fernando Jaime; DARIDO, Suraya Cristina; DE OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bassoli. Lutas, capoeira e práticas corporais de aventura. 2.ed. Maringa: Eduem, 2017. p. 91-137.
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada instituição: os capoeiras na corte imperial, 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação cultural, Divisão de Editoração (Coleção – Biblioteca Carioca, v.34), 1999.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).