EDUCAÇÃO INTEGRAL E INTERCULTURAL: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE POVOS INDÍGENAS E COMUNIDADES QUILOMBOLAS ALAGOANOS EM PRODUTOS EDUCACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO
Resumo
Este artigo apresenta resultados de duas investigações realizadas no âmbito do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica, por meio das quais temos construído práticas pedagógicas e reflexões teóricas articulando as noções de educação integral e educação intercultural. Tais investigações foram pautadas na metodologia da pesquisa-ação, articulada a ampla revisão bibliográfica. Na apresentação destas experiências, partimos de discussão sobre a dinâmica e sentidos da modernidade/racionalidade capitalista e ocidental para alcançar a consideração de seus efeitos sobre os processos pedagógicos e instituições escolares. Em seguida, depois de elucidar nossa aproximação com indígenas e quilombolas alagoanos, sujeitos destas investigações, remetemos ao modo particular como a modernidade/colonialidade imprime marcas em sua existência, do passado ao presente. Por fim, apresentamos as evidências da invisibilidade destes sujeitos, suas histórias e experiências nos currículos escolares e apresentamos dois Produtos Educacionais que se propõem a participar do processo de sua (re)existência na escola e na sociedade alagoana.
Referências
ALVES, D.dos S. História, memória e imagem quilombola: o vídeo educativo como recurso didático no currículo do Ensino Médio Integrado. 2021. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica) – Instituto Federal de Alagoas, Maceió, 2021. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.xhtml?popup=true&id_trabalho=10386278 Acesso em: 21 maio 2019.
ALVES, D. dos S.; MELO, B. M. de. Presença e/ou ausência da História Quilombola no Currículo: análise dos Livros Didáticos utilizados no Ensino Médio Integrado. Fronteiras, [s.l.], v. 22, n. 40, p. 173 - 192, dez. 2020.
ALVES, D. dos S.; MELO, B. M. de. Narrativas Quilombolas: memórias da comunidade remanescente do Alto do Tamanduá-AL. Maceió: Edição Própria, 2021. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/586865 Acesso em: 21 maio 2019.
ANTUNES, R.; ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Revista Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, n. 87, mai-agosto 2004, p. 335-351.
ARROYO, M. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2011.
CALDART, R. S. Educação do campo: notas para uma análise de percurso. Revista Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 35-64, mar/jun. 2009.
CARMO, E. F. C.; NASCIMENTO, S. C. G. O índio e o negro nos livros didáticos de sociologia adotados no PNLD. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, Rio Grande, RS, v. 7, n. 14, p. 226-245, dez. 2015. DOI:
https://doi.org/10.14295/rbhcs.v7i14.265. Disponível em: https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10601. Acesso em: 15 jul. 2021.
CASTILHO, F. F. de A. Escravidão e violência: crimes cometidos por escravizados no interior de Alagoas no final do século XIX em uma perspectiva da prática de jaguncismo. Opsis, Catalão, v. 18, n. 2, p. 241-253, jul./dez. 2018. DOI: 10. 5216/ o.v18i2.48731. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/Opsis/article/view/48731. Acesso em: 15 jul.2021.
CUSTÓDIO, M. M.; RIOS, F. W. S. IFTO, cultura e comunidades indígenas: intercâmbio para a construção de saberes. Revista Humanidades & Inovação, Palmas, v. 4, n. 4, p. 185-193, 2017.
DOMINGUES, P.; GOMES, F. dos S. História dos quilombos e memórias dos quilombolas no Brasil: revisitando um diálogo ausente na Lei nº 10.639/2003. Revista da ABNT, Goiânia, v. 5, n. 11, p. 5-28, jul./out. 2013.
FANON, F. Os condenados da terra. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005, p. 49-113.
FALS-BORDA, O. Orígenes universales y retos actuales de la IAP. Revista Análisis Político, [s.l.] n. 38, p. 73-90, sep./dic. 1999.Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/anpol/article/view/79283. Acesso em: 15 jul. 2021.
FAUSTINO, D. M. “Por que Fanon? Por que agora?”: Frantz Fanon e os fanonismos no Brasil. 2016. 260 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/7123. Acesso em: 12 maio 2021.
FEDERICI, S. O calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Edição Tadeu Breda, 2017.
FERREIRA, M. de M.; AMADO, J. (org.). Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006.
FREIRE, A. C. Educação Integrada e a questão indígena: uma proposta de intervenção nos cursos de Ensino Técnico Integrado do Instituto Federal de Alagoas. 2020. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica) – Instituto Federal de Alagoas, Maceió, 2020. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/573445. Acesso em: 21 maio 2021.
FREIRE, A. C. F.; MELO, B. M. de. Etnias Indígenas Alagoas. Maceió: Edição própria, 2020. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/573426. Acesso em: 20 maio 2021
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. N. Ensino médio integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.
GADOTTI, M. Educação integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2009.
GANDRA, E. A.; NOBRE, F. N. A temática indígena no ensino de História do Brasil: Uma análise da coleção didática Projeto Araribá (2008 2013).
Revista do Lhiste - Laboratório de Ensino de História e Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.1, n.1, p. 40-57, jul./dez. 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/revistadolhiste/article/view/48309. Acesso em: 15 jul 2021.
GOMES, N. L. Relações étnico raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, [S.l.], v. 12, n. 1, p. 98-109, jan./abr. 2012.
GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. v. 2
HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
LUXEMBURGO, R. A acumulação do capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
MARQUES, D. L. Sob a “sombra" de Palmares: escravidão e resistência no século XIX. São Paulo: e-Manuscrito, 2020.
MARIUZZO, P. Atlas do comércio transatlântico de escravos. Revista Ciência e Cultura, São Paulo, v. 63, n.1, p. 59-61, 2011. DOI: http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252011000100021
MARX, K.; ENGELS, F. Textos sobre educação e ensino. Campinas, 2011.
MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos. Rio de Janeiro: Boitempo, 2004.
MATOS, J. S.; SENNA, A. K. de. História Oral como fonte: problemas e métodos. Historiae, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 95-108, 2011. Disponível em: https://periodicos.furg.br/hist/article/view/2395. Acesso em: 10 abr. 2020.
MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. 2. ed. Tradução Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2005.
MIGNOLO, W. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, v.1, n. 1, p. 12-32, 2017. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/772. Acesso em: 15 jul. 2021.
MOREIRA, A. F. B. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília,DF : Ministério da Educação, 2007.
MOURA, D. H.; LIMA FILHO, D. L.; SILVA, M. R. Politecnia e formação integrada: confrontos conceituais, projetos políticos e contradições históricas da educação brasileira. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 20, n. 63, p. 12-32, out./dez. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/XBLGNCtcD9CvkMMxfq8NyQy/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 15 jul 2021.
NEVES, L. M. W.; PRONKO, M. A. O mercado do conhecimento e o conhecimento para o mercado: formação para o trabalho complexo no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008.
OLIVEIRA, L. F.; CANDAU, V. M. F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, p. 15-40, abr. 2010.
OLIVEIRA, F. O Ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003.
QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Revista Perú Indígena, Lima, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992.
QUIJANO, A. Colonialidad del poder, cultura y conocimiento em América Latina. Revista Ecuador Debate, Quito, n. 44, p. 227-238, ago. 1998.
REIS, .J. J. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, São Paulo, n. 28, p. 14-39, set./out. 1996.
RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
ROBINSON, C. Capitalismo Racial: El Carácter no objetivo del desarrollo capitalista. Tabula Rasa, Bogotá, n. 28, p. 23-56, jun. 2018.
SOARES, P. S. G.; OLIVEIRA, G. P. T. de C.; PINHEIRO, A. de S. Direitos Humanos e direito à terra: a situação jurídica das comunidades quilombolas tocantinenses. Humanidades & Inovação, Palmas, v. 6, n. 17, p. 189-203, 2019.
SOUSA, I. G. S.; SANTOS, A. F. M.; BANDEIRA, A. M. O ensino de história e cultura afro-brasileira no Maranhão: algumas considerações sobre a relação da educação quilombola e a formação inicial e continuada. Humanidades & Inovação, Palmas, v. 7, n. 7, 2020, p. 140-155.
SILVA, M. da P. A temática indígena no currículo escolar à luz da lei 11645/2008. Revista Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 39-47, 2010.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1986.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. Tradução Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
THOMPSON, P. A voz do passado - História Oral. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005.
WALSH, C. E. Pedagogías decoloniales caminhando y preguntando. Notas a Paulo Freite from Abya Yala. Revista Entramados, Educación y Sociedade, Mar del Plata, ano 1, n.1, 2014, p. 17-31.
WALSH, C.; GARCÍA SALAZAR, J. Memória colectiva, escritura y Estado. Prácticas pedagógicas de existência afroecuatoriana. Cuardernos de Literatura, Bogotá, v. 19, n. 38, jul./dec. 2015 p. 79-98.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).