DANÇA, CORPO E EDUCAÇÃO: TECNOLOGIAS DE PODER E CONFIGURAÇÕES DE ENSINO

Palavras-chave: Dança. Corpo. Educação. Tecnologias de poder. Ensino.

Resumo

As tecnologias de poder, expostas por Foucault, são apresentadas como constituintes de uma lógica de ensino e discutidas nesse texto para pensarmos os processos de escolarização da dança. O poder soberano que decide quem vive e quem morre, as tecnologias disciplinares que regulam os corpos, as tecnologias biopolíticas que atuam sobre a população e o cuidado de si, ou tecnologias de si, entendidos como modos de nos subjetivarmos a nós mesmos, são configurações de tecnologias de poder que nos propomos a relacionar com as práticas desenvolvidas na dança em diferentes períodos históricos. Ao final do texto, algumas problematizações são realizadas para pensarmos estratégias de modificação de alguns modos de ensinar/pensar/fazer dança, visto que esses modos acarretam na produção de sujeitos na contemporaneidade. Sobretudo, considerar que o corpo pode ser controlado e moldado é entender também que o corpo é maleável, elástico e plástico. O corpo é estésico. Sente. Vibra. Pulsa.

Biografia do Autor

Diego Ebling do Nascimento, Universidade Federal do Tocantins

Doutorando em Educação na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC; professor da Universidade Federal do Tocantins – UFT; integrante do grupo de pesquisa Estudos Poéticos: Educação e Linguagem UNISC/CNPq.

Sandra Regina Simonis Richter, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Doutora em Educação, professora e pesquisadora da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC; Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação da UNISC, líder do grupo de pesquisa Estudos Poéticos: Educação e Linguagem UNISC/CNPq.

Referências

ALMEIDA, D. D.; FLORES-PEREIRA, M. T. As Corporalidades do Trabalho Bailarino: Entre a Exigência Extrema e o Dançar com a Alma. RAC, Rio de Janeiro, v. 17, n. 6, art. 5, pp. 720-738, Nov./Dez. 2013.

BARBOSA, M. C. S.; RICHTER, S. R. S. Formação de professores para a Educação Básica: tensão entre limites e possibilidades. Revista Educação e Cultura Contemporânea, v. 15, n. 41, p. 31-53, 2018.

BERTAZZO, I. Corpo vivo: reeducação do movimento. Edições Sesc, 2016.

BOLSANELLO, D. Educação somática: o corpo enquanto experiência. Motriz. Journal of Physical Education. UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, p. 89-96, 2005.

BRAGA, S. R.; VLACH, V. Os usos políticos da tecnologia, o biopoder e a sociedade de controle: considerações preliminares. Scripta Nova: revista electrónica de geografía y ciencias sociales, v. 8, 2004.

BRANDÃO, R. T. P. Foucault e o cuidado de si: os caminhos prováveis de uma subjetividade contemporânea autônoma. In: Anais do Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar - Universidade Federal de São Carlos, 11ª edição, 2015. Disponível em: http://www.ufscar.br/~semppgfil/wp-content/uploads/2012/04/Ramon-T.-P.-Brand%C3%A3o.pdf. Acessado em: 09/01/2020.

BRASIL. Lei Nº 13.278, de 2 de maio de 2016. Altera o § 6º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que fixa as diretrizes e bases da educação nacional, referente ao ensino da arte. Diário Oficial da União, 2016.

BRASILEIRO, L. T. O ensino da dança na Educação Física: formação e intervenção pedagógica em discussão. Motriz. Journal of Physical Education. UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, p. 519-528, 2008.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 2009.

CORRÊA, J. F.; DOS SANTOS, V. L. B. Dança na Educação Básica: apropriações de práticas contemporâneas no ensino de dança. Revista Brasileira de Estudos da Presença [Brazilian Journal on Presence Studies], v. 4, n. 3, p. 509-526, 2014.

CORREIA, P. P. Performances de um corpo infame: dança e cultura. ARTEFACTUM – Revista de estudos em Linguagens e Tecnologia, v. 10, n. 1, 2015.

DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na Escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2005.

DELEUZE, G. Conversações. Trad. Peter Pál Pelbart. Coleção TRANS. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

DINIZ, I. K. S.; DARIDO, S. C. Análise do conteúdo dança nas propostas curriculares estaduais de educação física do Brasil. Revista da Educação Física/UEM, v. 26, n. 3, p. 353-365, 2015.

DO NASCIMENTO, D. E. Do balé clássico à dança moderna: impressões e pistas para o entendimento das concepções de corpo na dança. Revista da FUNDARTE, v. 37, n. 37, p. p. 160-173, 2019.

FALKEMBACH, M. F; ICLE, G. Corpo-Espaço: heterotopia e dança. In: VIII Congresso da ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, Belo Horizonte: UFMG, 2014.

FALKEMBACH, M. F; ICLE, G. Três tecnologias de subjetivação para pensar o ensino de dança na escola. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 18, n. 3, p. 628-650, jul. 2016. Disponível em: <http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8642170>. Acessado em: 06 jan. 2020.

FANTINI, W. S. A dança do rei: o balé de corte e o poder de soberania em Foucault. Holos (Natal. Online), v. 1, p. 280-290, 2015.

FARINA, C.; ALBERNAZ, R. Favorecer-se outro. Corpo e filosofia em Contato Improvisação. Educação (UFSM), v. 34, n. 3, p. 543-558, 2009.

FORTIN, S. Educação Somática: novo ingrediente da formação prática em dança. Cadernos do GIPE-CIT, Salvador, Universidade Federal da Bahia, v. 2, p. 40-55, 1999.

FOUCAULT, M. A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004 (Ditos e escritos; V). p. 267.

______. A Hermenêutica do Sujeito. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 2006b.

______. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de janeiro: Graal, 1988.

______. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

______. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 31 ed. Petrópolis: Vozes, 2006a.

GALLO, S.; ASPIS, R. L. Biopolítica-vírus e Educação-governamentalidade e Escapar e.... Revista de Estudos Universitários, v. 37, p. 167-179, 2011.

GALVÃO, B. A. A ética em Michel Foucault: do cuidado de si à estética da existência. Intuitio, v. 7, n. 1, p. 157-168, 2014.

GONÇALVES, T. Arte e poder: relações entre corpo, dança e política. In: IV Jornada Internacional de Políticas Públicas - Neoliberalismo e lutas sociais: perspectivas para as políticas públicas, São Luís: Maranhão, 2009.

JARDIM, A. F. C. Michel Foucault e a educação: o investimento político no corpo. UNIMONTES Científica, v. 08, p. 103-117, 2007.

LABAN, Rudolf. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

______. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

MANSANO, S. R. V. Sujeito, subjetividade e modos de subjetivação na contemporaneidade. Revista de Psicologia da UNESP, v. 8, n. 2, 2009.

MONTEIRO, A. C. L. Corpo-narrativa: considerações a partir de um corpo que dança. Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. 6, n. 2, São João del-Rei, agosto/dezembro 2011, p. 189-195.

MORAES, M.; CARDOSO-MANSO, C.; LIMA-MONTEIRO, A. Cl. Afetar e ser afetado: corpo e cognição entre deficientes visuais. Universitas Psychologica, v. 8, n. 3, p. 785-792, 2009.

NARDI, H. C.; SILVA, R. N.. Ética e subjetivação: as técnicas de si e os jogos de verdade contemporâneos. Foucault e a Psicologia, p. 93-105, 2005.

NUNES, B. B. As danças de corte francesa de Francisco I a Luís XIV: história e imagem. 2015. 127 f. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Ciências Humanas. Universidade Federal de Pelotas, 2015.

NUSSBAUM, M. C. Sin fines de lucro. Por qué la democracia necesita de las humanidades. Buenos Aires: Katz Editores, 2010.

POHLMANN, A. R.; RICHTER, S. R. S. O Poder Ficcional das Linguagens Plásticas: Afinidades entre os Processos de Criação na Arte e na Pedagogia. In: SENNA, Nádia da Cruz; SILVA, Ursula Rosa da (Orgs.). Visualidade e cotidiano no ensino da arte. Goiânia: Gráfica da UFG, 2016. p. 27-37. Ebook - (Coleção Desenredos; vol. 11).

PRIMO, R. Ligações da Dança Contemporânea na Sociedade de Controle. In: Roberto Pereira; Silvia Soter. (Org.). Lições de Dança 5. Rio de Janeiro: UniverCidade, 2005.

RAMOS, E. Angel Vianna: a pedagoga do corpo. Summus Editorial, 2007.

REVEL, J. Michel Foucault: conceitos essenciais. São Carlos: Editora Clara Luz, 2005.

RODRIGUES, G. Bailarino, Pesquisador, Intérprete: processo de formação. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1997.

SANTOS, I. F. Corpo e ancestralidade: uma proposta pluricultural de dança-arte-educação. Salvador: EDUFBA, 2002.

SILVA, C. S. O movimento como dispositivo de poder. Revista do Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia, v. 1, p. 40-53, 2012.

UGAYA, A. S.; GALLARDO, J. S. P. Dança nas aulas de Educação Física: a percepção de professores supervisores do PIBID. Cadernos de Formação RBCE, v. 9, n. 1, 2018.

VIANNA, K. A dança. Summus Editorial, 2005.

VIEIRA, M. S. História das Ideias do Ensino da Dança na Educação Brasileira. Editora Appris, 2019.

Publicado
2020-06-23