EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS DO PORTUGUÊS NA LÍNGUA XAVANTE: ASPECTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E LEXICAIS

Palavras-chave: Empréstimo. Léxico. Contato. Xavante. Português.

Resumo

Este artigo tem como objetivo descrever e analisar empréstimos linguísticos da Língua Portuguesa na língua xavante a partir de alguns dados levantados nas obras de Lachnitt (1987) e Hall et al. (2004 [1987]). Apresenta uma síntese sobre a história do contato entre o povo xavante (a’uwẽ uptabi) e a sociedade não indígena, e posteriormente sua localização e distribuição atual em terras indígenas no leste de Mato Grosso. Em seguida, discorre sobre aspectos teóricos relativos aos empréstimos linguísticos com base em Alves (2004) e Carvalho (2009). Realiza-se a descrição e análise dos dados dos empréstimos linguísticos, comparando suas ocorrências nas obras dos autores mencionados, dividindo-os por campos semânticos. Os resultados obtidos a partir da análise permitem observar os campos semânticos mais suscetíveis a adotarem empréstimos do português e relacionar algumas diferenças de registro em ambas as obras como possíveis variações dialetais da relação de contato dos xavantes com os não indígenas.

Biografia do Autor

Eric Victor Resende Marques, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Graduado em Letras Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela UFMT/CUA. Pesquisador da iniciação científica pela Universidade Federal de Mato Grosso/ Campus Universitário do Araguaia, Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil.

Maxwell Gomes Miranda, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)

Doutor em Linguística. Professor do curso de licenciatura em Letras Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFMT/CUA, Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil.

Referências

ALMEIDA, S. R. F. Matto Grosso: Navegação do Rio Tapajos para o Pará. Revista do Instituto Histórico e Geográphico Brasileiro, 1869.

ALVES, I. M. Neologismo: Criação lexical. 2ªed. São Paulo: Ática, 2004.

BLOOMFIELD, L. Language. Londres: Allen A Unwin, 1961.

CAMINHA, P. V. de. Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf. Acesso em: 18 mai. 2023.

CARVALHO, N. Empréstimos linguísticos na língua portuguesa. São Paulo: Cortez, 2009.

CHAIM, M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás 1749 – 1811). 2ª ed. São Paulo/ Brasília: Nobel/ Instituto Nacional do Livro, 1983, p. 39-42.

CRYSTAL, D. A dictionary of Linguistics and Phonetics. 2ª ed. Londres: Blackwell, 1985.

GRAHAM, L. Textos sobre o povo Xavante. In: Enciclopédia dos povos indígenas. São Paulo, 2021. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xavante. Acesso em: 06 mar. 2023.

HALL, J. Os sistemas fonológicos e gráficos xavante e português: análise contrastiva. Sociedade Internacional de Linguística, 1979.

HALL, J. et al. Pequeno dicionário xavante-português/ português xavante. Cuiabá: Sociedade Internacional de Línguística, 2004. 343 p. Título em xavante: Warazu mreme, a'uwẽ mreme na te te ĩsaprĩ mono zém na. Disponível em: https://www.sil.org/system/files/reapdata/16/61/99/166199173976060092688438569717382535843/XVDict.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023.

HASPELMATH, M.; TADMOR, U. Loanwords in the World’s Languages: A Comparative Handbook. In: Haspelmath, Martin. Lexical borrowing: Concepts and issues. Berlim: Gruyter Mouton, 2009, p.35-54.

KRIEGER, G. C.; KRIEGER, W. B. Dicionário escolar: Xerente-Português; Português-Xerente. Rio de Janeiro: Junta de Missões Nacionais de Convenção Batista Brasileira, 1994.

LACHNITT, G. ROMNHITSI’UBUMRO: a’uwẽ = waradzu mreme/ DICIONÁRIO: xavante = português. Campo Grande/MS: Centro Gráfico Dom Bosco – FUCMT, 1987.

LACHNITT, G. Damreme’uwaimramidzé – Gramática Xavante. Campo Grande/MS: MSMT/UCDB, 1999.

LACHNITT, G. ROMNHITSI’UBUMRO: waradzu mreme = a’uwẽ/DICIONÁRIO: português = xavante. Campo Grande/MS: MSMT/UCDB, 2004.

LOPES DA SILVA, A. Dois Séculos e meio de História Xavante. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos Índios no Brasil. 2 ed. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura/ Companhia das Letras/ Fapesp, 1992, p.357-378.

MAYBURY-LEWIS, D. Some crucial distinctions in Central Brazilian ethnology. Baden-Baden: Anthropos, vol. 60, no. 1-6, 1965, p. 340–58. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/40457896. Acesso em: 28 mar. 2023.

PACHE, M.; WICHMANN, S.; ZHIVLOV, M. Words for ‘dog’ as a diagnostic of language contact in the Americas. In: A. L. BEREZ-KROEKER et al. (Eds.), Language Contact and Change in the Americas - Studies in honor of Marianne Mithun. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2016.

RODRIGUES, A. D. 40 anos de Linguística, cursos universitários e línguas indígenas no Brasil: vivências e memórias. In: HORA, D. da; ALVES, E. F.; ESPÍNDOLA, L. C. (Orgs.), Abralin: 40 anos em cena. João Pessoa: Editora Universitária, 2009.

SIMÕES, M. F. Atividades do SPI. In: Relatório das Atividades do Serviço de Proteção aos Índios. Rio de Janeiro, 1954, p. 24.

SIQUEIRA, J. C. Compêndio histórico-chronologico das notícias de Cuyabá, repartição da Capitania de Mato Grosso, desde o princípio do anno de 1778 até o fim do anno de 1817. Rio de Janeiro: Revista Trimensal de História e Geografia, 1872, v. 13, p. 05-124.

XAVANTES, invasores e o Império da Lei. Terras Indígenas do Brasil, 2012. Disponível em: https://shre.ink/xavante. Acesso em: 12 mar. 2023.
Publicado
2024-04-22