CRIMINALIDADE FEMININA: UM ESTUDO SOBRE O PERFIL CRIMINOLÓGICO DAS MULHERES PROCESSADAS NA CIDADE DE BRUMADO, BAHIA

Palavras-chave: Brumado. Feminismo. Gênero. Punitivismo

Resumo

A taxa de punitivismo penal concernente a mulheres aumentou progressivamente no país. Este estudo teve como objetivo principal avaliar a opressão de gênero no sistema penal primeiramente sob uma abordagem quantitativa traçando-se um perfil criminológico das mulheres processadas na cidade de Brumado, estado da Bahia; em seguida comparando as informações com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias de 2018. Além disso, suscitar se há violações a regras de direitos humanos e de diretrizes de políticas públicas no âmbito institucional por meio de entrevistas a quatro membros de diferentes instituições públicas penais. Constatou-se que a taxa de punição relativa a mulheres negras foi alarmante; além da presença massiva de mulheres com baixa escolaridade e em condições de desemprego e subemprego antes do cometimento dos crimes. Também foi verificado o desrespeito às regras de direitos humanos e políticas públicas vigentes.

Biografia do Autor

Caroline Malta Santos de Almeida, Universidade do Estado da Bahia

Graduada em Direito pela Universidade do Estado da Bahia. Pós-graduanda em Direito Constitucional e Administrativo.

Claudia Alyne Braz de Carvalho, UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Graduada em Direito pela Universidade do Estado da Bahia. Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Sheila Marta Carregosa Rocha, Universidade do Estado da Bahia

Pós-Doutora em Sociologia pela Universidade do Porto/Portugal. Pós-Doutora, Doutora e Mestre em Família na Sociedade Contemporânea. Bacharela em Direito. Docente da Universidade do Estado da Bahia.

Referências

ALVES, D. Rés negras, juízes brancos: uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana. Revista CS, 21, pp. 97- 120. Cali, Colombia: Facultad de Derecho y Ciencias Sociales, Universidad Icesi, 2017.

ANDRADE, V.R.P. Pelas mãos da criminologia: o controle penal para além da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

ANGOTTI, B. Entre as leis da Ciência, do Estado e de Deus: o surgimento dos presídios femininos no Brasil. 2.ed. revisada. San Miguel de Tucumán: Universidad Nacional de Tucumán. Instituto de Investigaciones Históricas Leoni Pinto, 2018.

BAHIA. Plano Estadual de Atenção às Mulheres Privadas de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional. Bahia: 2018. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/dirpp/cgpc/politica-para-mulheres-e-promocao-das-diversidades/promocao-das-mulheres/BAHIA___ABRIL2018.pdf Acesso em: 07 ago. 2019.

BARATTA, A. O Paradigma do Gênero: da questão criminal à questão humana. In: CAMPOS, Carmen Hein de. Criminologia e Feminismo. Porto Alegre: Editora Sulina, 1999.

____________________. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

BOITEAUX. L. As Cartas delas: gênero, drogas e as narrativas femininas do cárcere. In: Vozes do Cárcere: ecos da resistência política. Thula Pires, Felipe Freitas (orgs.). Rio de Janeiro: Kitabu, 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 1988.

_______. Ministério da Justiça. Portaria Interministerial nº 210, de 16 de janeiro de 2014. Brasília (DF): Ministério da Justiça; 2014. Disponível em: https:// www.justica.gov.br/seusdireitos/politica-penal/politicas-2/mulheres-1/anexos-projeto-mulheres/portariainterministerial-210-2014.pdf. Acesso em: 16 jul. 2019.

________. Conselho Nacional de Justiça. Regras de Bangkok: Regras das Nações Unidas para o Tratamento das Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de Liberdade para Mulheres Infratoras. 1a edição, Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2016.

_______. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – INFOPEN Mulheres. 2ª edição, Brasília: Ministério da Justiça e da Segurança Pública, DEPEN, 2018. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres/infopenmulheres_arte_07-03-18.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.

CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.

DAVIS, A. Estarão as Prisões Obsoletas? Rio de Janeiro: Difel, 2018.

ESPINOZA, O. A mulher encarcerada em face do poder punitivo. São Paulo: IBCCRIM, 2004.

FARIA, N., NOBRE, M. O que é ser homem? O que é ser mulher? Subsídios para uma discussão das relações de gênero. Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura. Brasília: 2007.

HELPES, Sintia. Vidas em jogo: um estudo sobre mulheres envolvidas com o tráfico de drogas. São Paulo: IBCCRIM, 2014.

LEITE, D. A.M. Abandono e Invisibilidade da Mulher Encarcerada. Salvador: Neo Juris, 2018.

MOURA. M. Porta fechada, vida dilacerada? Mulher, tráfico de drogas e prisão: estudo realizado no presídio feminino do Ceará. Programas de Pós-graduação da CAPES. Fortaleza, 2005.

SAFFIOTI, H. I.B. Emprego Doméstico e Capitalismo. Rio de Janeiro: Avenir, 1979.

______________. O Poder do Macho. São Paulo: Moderna, 1987.

______________. Mulher Brasileira É Assim. Heleieth L.B Saffioti, Monica Muñoz Vargas (orgs.). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1994.

SCOTT, J. GÊNERO: Uma categoria útil da análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, dez. 1995. Tradução de Guacira Lopes Louro, versão em francês. Revisão de Tomaz Tadeu da Silva, de acordo com o original em inglês. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667.

SILVA, A. Mãe/Mulher atrás das grades: a realidade imposta pelo cárcere à família monoparental feminina. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015.

ZAFFARONI, E.R. Em Busca das Penas Perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. 5.ed. Rio de Janeiro: Revan: 2001.

ZANINELLI, G. Mulheres Encarceradas: dignidade da pessoa humana, gênero, legislação e políticas públicas. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências Jurídicas da UENP: Jacarezinho, 2015.

Publicado
2020-12-15