VONTADE DE VERDADE E CURRÍCULO PERSPECTIVO: SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DE UNIVERSALIZAÇÃO DO CAMPO SOCIAL

Palavras-chave: Complexidade. Dominação. Filosofia da Educação. Saberes.

Resumo

O presente artigo buscou pensar o conceito de “vontade de verdade” configurado pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), para dialogar com as problemáticas do currículo escolar brasileiro na Contemporaneidade. O trabalho realizou uma análise teórica acerca de alguns conceitos filosóficos e procurou pensar as constituições históricas a partir de fatos, movimentos e documentos que vão se estabelecendo na educação do Brasil. A partir de questionamentos acerca da perspectiva do conhecimento precisou também refletir sobre a construção dos saberes, que demonstram integrar interesses pré-definidos de poder e dominação e sobre a impossibilidade de universalização um campo social tão múltiplo e plural como a Educação, atentando às contínuas tentativas de redução de sua complexidade. Esse projeto reducionista vem sendo legitimado em diversas práticas e políticas de configuração do currículo brasileiro e parece ter seu auge na formulação da Base Nacional Comum Curricular e em tentativas de cerceamento da liberdade da ação docente.

Biografia do Autor

Juliana Santos Monteiro Vieira, Universidade Federal de Sergipe

Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS). Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Tiradentes/SE (PPED/Unit - 2017). Graduada em Psicologia pela Universidade Tiradentes/SE (2014).

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Publicado
2020-05-07