VONTADE DE VERDADE E CURRÍCULO PERSPECTIVO: SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DE UNIVERSALIZAÇÃO DO CAMPO SOCIAL
Abstract
O presente artigo buscou pensar o conceito de “vontade de verdade” configurado pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), para dialogar com as problemáticas do currículo escolar brasileiro na Contemporaneidade. O trabalho realizou uma análise teórica acerca de alguns conceitos filosóficos e procurou pensar as constituições históricas a partir de fatos, movimentos e documentos que vão se estabelecendo na educação do Brasil. A partir de questionamentos acerca da perspectiva do conhecimento precisou também refletir sobre a construção dos saberes, que demonstram integrar interesses pré-definidos de poder e dominação e sobre a impossibilidade de universalização um campo social tão múltiplo e plural como a Educação, atentando às contínuas tentativas de redução de sua complexidade. Esse projeto reducionista vem sendo legitimado em diversas práticas e políticas de configuração do currículo brasileiro e parece ter seu auge na formulação da Base Nacional Comum Curricular e em tentativas de cerceamento da liberdade da ação docente.
References
BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm> Acesso em: 04/02/2018.
BRASIL. 2017. BNCC, 3ª versão. Brasília, DF, Ministério da Educação, 396 p.
CIAVATTA, Maria; RAMOS Marise Ramos. A “era das diretrizes”: a disputa pelo projeto de educação dos mais pobres. Revista Brasileira de Educação, v. 17, n. 49 jan.-abr. 2012, p. 11-39.
CHAUÍ, Marilena. A ideologia da competência. Escritos de Marilena Chauí, vol. 3. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2016.
CORAZZA, Sandra Mara. Noologia do currículo: Vagamundo, o problemático, e Assentado, o resolvido. Revista Educação e Realidade, 27(2):131-142 jul./dez. 2002.
CUNHA, Érika Virgílio Rodrigues da; LOPES, Alice Casimiro. Base Nacional Comum Curricular no Brasil: Regularidade na Dispersão. Investigación Cualitativa. 2(2), 2017.
ESTRADA, Adrian Alvarez. Os fundamentos da teoria da complexidade em Edgar Morin. Akrópolis Umuarama, v. 17, n. 2, p. 85-90, abr./jun. 2009.
GONÇALVES, Sérgio Campos. Da premissa metafísica à história do sentido: a verdade em questão e sua concepção como objeto em Nietzsche. Revista de Teoria da História, 2011. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/view/28980> Acesso em: 09/05/2018.
GORI, Pietro; STELLINO, Paolo. O perspectivismo moral nietzschiano. Cad. Nietzsche, vol.1 nº 34. São Paulo, Jan./June 2014.
LOPES, Alice Casimiro; BORGES, Verônica. Currículo, conhecimento e interpretação. Revista Currículo sem Fronteiras, v. 17, n. 3, p. 555-573, set./dez. 2017.
MACEDO, Elisabeth. As demandas conservadoras do movimento Escola Sem Partido e a Base Nacional Curricular Comum. Revista Educ. Soc., Campinas, v. 38, nº. 139, p.507-524, abr.-jun., 2017.
MARINS, Imaculada Conceição Manhães. Um olhar sobre o perspectivismo de Nietzsche e o pensamento trágico. Revista Trágica: estudos sobre Nietzsche – Vol.1 – nº2, pp.124-141, 2008.
MOREIRA, Antônio Flavio Barbosa. Conhecimento, currículo e ensino: questões e perspectivas. Em Aberto. Brasília, ano 12. n.58, abr./jun. 1993.
MORIN, Edgar Introdução ao pensamento complexo. Trad. Eliane Lisboa. 5º ed. Porto Alegre: Editora Sulina, 2015.
MORIN, Edgar. O Método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Editora Sulina, 2002.
MORIN, Edgar. O Paradigma perdido: a natureza humana. Publicações Europa América, Sintra/Portugal, 1990.
MORIN, Edgar. O desafio da complexidade. Ciência com consciência. Publicações Europa, 1994. 137-151. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/33381705/Morin__o_desafio_da_complixidade_%28marcado%29.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1530039627&Signature=SZbiSiNapHjkcFuELBydYRFToTU%3D&response-content-isposition=inline%3B%20filename%3DO_desafio_da_complexidade_1.pdf> Acesso em: 20/06/2018.
NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Trad., notas e posfácio: Paulo César de Souza. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Escritos sobre educação. Trad.: Noélia Correia de Melo Sobrinho. São Paulo: Edições Loyola, 2003. 180 p.
NIETZSCHE, Friedrich. Sobre a Verdade e a Mentira no Sentido Extramoral. Comum - Rio de Janeiro - v.6 - nº 17 - p. 05 a 23 - jul./dez. 2001.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Trad., notas e posfácio: Paulo César de Souza. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2009.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Currículo•mapa: linhas e traçados das pesquisas pós-críticas sobre currículo no Brasil. Revista Educação e Realidade, jan-jun 2005. Revista Trágica: estudos sobre Nietzsche – 2º semestre de 2008 – Vol.1 – nº2 – pp.124-141.
SANTOS, Silvana Sidney Costa. HAMMERSCHMIDT, Karina Silveira de Almeida. A complexidade e a religação de saberes interdisciplinares: contribuição do pensamento de Edgar Morin. Rev Bras Enferm, Brasília 2012 jul-ago; 65(4): 561-5.
SANTOS, Jean Mac Cole Tavares; OLIVEIRA, Marcia Betânia de. Tensões Permanentes na Reforma do Ensino Médio. In: Políticas do Currículo: pesquisas e articulações discursivas. Curitiba: Editora CRV, 2017.
SARDAGNA, Helena Venites. Educação para todos: uma política do mundo global. Disponível em: <http://www.liberato.com.br/sites/default/files/arquivos/Revista_SIER/v.%207,%20n.%208%20(2006)/1.%20EDUCA%C7%C3O%20PARA%20TODOS%20UMA%20POL%CDTICA%20DO%20MUNDO%20GLOBAL.pdf> Acesso em: 07/06/2018.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Dr. Nietzsche, curriculista - com uma pequena ajuda do professor Deleuze. Trabalho apresentado na 24a Reunião Anual da ANPEd, www.anped.org.br/2001.
SILVA, Teresa Roserley da. Influências teóricas no ensino e currículo no Brasil. Fundação Carlos Chagas e USP.Cad. Pesq. São Paulo (70): 5-19, agosto 1989.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).