O ATO DE LER NUMA PERSPECTIVA PÓS-COLONIAL: APROXIMAÇÕES ENTRE SCHOPENHAUER E PAULO FREIRE
Resumo
Neste breve artigo faremos uma pequena interlocução entre dois pensadores de contextos histórico-sociais bastantes distintos que, no entanto, apresentam grandes afinidades no que tange à questão da leitura crítica. O pano de fundo desta investigação sobre o ato de ler é a compreensão de que, no inter-texto residem não apenas ideologias, discursos e narrativas, como também um tipo de controle que rege todos esses elementos, sob a forma de um colonialismo, lido e reproduzido no texto de modo consciente e, na maioria das vezes, de modo inconsciente. Uma das principais perguntas que fazemos aos autores neste ensaio é o de “que caminhos podemos seguir para não se ler um texto ingenuamente?”. Ressalta-se que, além da importância de uma leitura atenta às possíveis ideologias e colonialidades contidas num texto, uma das principais inferências que colhemos de ambos autores, reside no fato de que o ato de ler não se refere apenas à leitura da palavra, das letras e signos, mas também da “leitura de mundo”, como diria Freire, ou da “leitura do livro do mundo”, como diria Schopenhauer.
Palavras-Chave: Leitura, pós-colonial, Paulo Freire; Schopenhauer.
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