DOS MEDIADORES CURRICULARES: O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA REDE ESTADUAL PAULISTA
Résumé
Este artigo objetiva descrever e analisar como ocorre a adequação e apropriação curricular da rede estadual paulista em relação aos aspectos da linguagem que permeiam a fundamentação curricular de Língua Portuguesa nos Anos Finais do Ensino Fundamental, no que tange aos mediadores curriculares elaborados pela Secretaria Estadual da Educação de São Paulo. Fundamenta-se em José Gimeno Sacristán, em relação aos níveis de concretização curricular, e na concepção bakhtiniana de linguagem, ancorando a compreensão do ensino desse componente em relação ao currículo prescrito estadual (São Paulo, 2019) e a Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018). Metodologicamente, apoia-se na Análise Dialógica do Discurso para desvendar as relações e sentidos construídos. A discussão do objeto evidencia a contradição que há entre o currículo oficial e os mediadores curriculares, produzidos pela mesma instituição, o que conduz à conclusão da necessidade de readequação dos mediadores, tendo em vista a coerência sistêmica entre os dois documentos.
Références
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4.ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2006 [1992].
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. 5.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013 [1963].
BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHÍNOV, Valentin Nikolaevich. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 16.ed. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. Colab. Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. São Paulo: Hucitec, 2014 [1929].
BARBOSA, Jacqueline Peixoto. Gêneros do discurso e ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa: das práticas aos objetos e habilidades. In: BUNZEN, Clécio. Pedagogização dos gêneros no contexto brasileiro: críticas, possibilidades e desafios. Recife: Pipa Comunicação, 2021.
BARROS, Ricardo Abdalla; AZEVEDO, Maria Antonia Ramos de. O impacto do Programa São Paulo faz Escola em professores iniciantes. Educação & Realidade, Porto Alegre, n. 2, p. 359–381, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-62362016000200359. Acesso em: 26 dez. 2023.
BRAIT, Beth. Análise e Teoria do Discurso. In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: Outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2006. p. 9-32.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf. Acesso em: 26 dez. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 26 dez. 2023.
CAZDEN, Courtney; COPE, Bill; FAIRCLOUGH, Norman; GEE, James; KALANTZIS, Mary; KRESS, Gunther; LUKE, Allan; LUKE, Carmen; MICHAELS, Sarah; NAKATA, Martin. Uma pedagogia dos multiletramentos. Desenhando futuros sociais. Org. Ana Elisa Ribeiro e Hércules Tolêdo Corrêa. Trad. Adriana Alves Pinto et al. Belo Horizonte: LED, 2021. Disponível em: https://www.led.cefetmg.br/wp-content/uploads/sites/275/2021/10/Umapedagogia-dos-multiletramentos.pdf. Acesso em: 26 dez. 2023.
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 5.ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.
LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. Pesquisa pedagógica: do projeto à implementação. Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2008.
MEDVIÉDEV, Pável Nikoláievitch. O método formal nos estudos literários. São Paulo: Contexto, 2019 [1928].
PACHECO, José Augusto. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 2001.
ROJO, Roxane Helena. O texto no ensino-aprendizagem de línguas hoje: desafios da contemporaneidade. In: FINOTTI, Luisa Helena Borgres; MESQUITA, Elisete Maria Carvalho de; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (org.). Gêneros de texto: caracterização e ensino. Uberlândia: EDUFU, 2007. p. 9-43.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad. Ernani F. da R. Rosa. 3. ed. Porto Alegre, ArtMed, 2000.
SANFELICE, José Luís. A política educacional do Estado de São Paulo: apontamentos. Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 17, n. 18, p. 146–159, 2010. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/730/742. Acesso em: 26 dez. 2023.
SÃO PAULO. Estado. Decreto n. 40.473, de 21 de novembro de 1995. Institui o Programa de Reorganização das Escolas da Rede Pública Estadual. São Paulo, SP, 21 nov. 1995. Disponível 247 em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1995/decreto-40473- 21.11.1995.html. Acesso em: 26 dez. 2023.
SÃO PAULO. Estado. Resolução SE n. 76, de 7 de novembro de 2008. Dispõe sobre a implementação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, nas escolas da rede estadual. Disponível em: http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/76_08.HTM?Time=29/08/2015%2013:59:04. Acesso em: 26 dez. 2023.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Paulista. São Paulo: SEDUC, 2019a. Disponível em: http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/84/docs/pdf/curriculo_paulista_26_07 _2019.pdf. Acesso em: 26 dez. 2023.
SÃO PAULO. Estado. Sala do Futura Material Digital para Professores da Rede. São Paulo: SEDUC, 2023ª. Disponível em: https://atendimento.educacao.sp.gov.br/knowledgebase/article/SED-07509/pt-br. Acesso em: 26 dez. 2023.
SÃO PAULO. Estado. A persuasão no texto publicitário I – o cartaz 9º Ano Aula 16 – 3º bimestre. São Paulo: SEDUC, 2023b. Disponível em: https://acervocmsp.educacao.sp.gov.br/98404/569319.pdf. Acesso em: 26 dez. 2023.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).