TRAJETÓRIAS DE VIOLÊNCIAS DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: O CASO GUSTAVO

Résumé

O presente artigo tem a intenção de discutir as trajetórias de violências e cuidados de adolescentes em situação de vulnerabilidade social a partir de um fragmento de caso clínico de adolescente, acompanhado pela rede de saúde do município de Belo Horizonte. Na construção de caso clínico os ensinamentos do paciente acontecem mediante uma escuta cuidadosa, das particularidades dos sujeitos, de seus atos falhos, recaídas, ausências. Discutiu-se questões referentes ao racismo, necropoder, violências, instituições e adolescências. O Estado brasileiro, que se propõe a cuidar de seus adolescentes, é o que escolhe os corpos os quais podem deixar de existir, a partir da necropolitica. Devemos lançar mão da resistência e possibilitar vida e a pluralidade dos modos de existir de nossa juventude vulnerabilizada.

Bibliographies de l'auteur

André Luiz Freitas Dias, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutor em Ciências, com ênfase em Saúde Coletiva, pelo Instituto de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas), Pesquisador-extensionista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Coordenador do Programa Polos de Cidadania da UFMG. 

Cristiane de Freitas Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora e Mestre em Saúde da Criança e Adolescente (Faculdade de Medicina - UFMG). Pesquisadora-extensionista da Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenadora do Programa Janela da Escuta da UFMG.

Thais de Campos Meneses, Prefeitura de Belo Horizonte

Mestre em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência (Faculdade de Medicina - UFMG). Psicóloga e psicanalista, tendo atuado na Política de Atenção Integral à Saúde do Adolescente Em Situação de Internação e Internação Provisória (PNAISARI) em Belo Horizonte (2019-2021), na Atenção Primária de Saúde em Belo Horizonte (2021-2023) e atualmente atua no Hospital Risoleta Tolentino Neves (2023).

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Publiée
2024-06-17
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