REPRESENTAÇÕES DE PESSOAS TRANS NA NOVELA A FORÇA DO QUERER
Résumé
O presente artigo nasce no intuito de problematizar a representação de transexuais na telenovela A Força do Querer, exibida pela Rede Globo em 2017. Ao longo do percurso histórico da TV brasileira, representações possivelmente estereotipadas sobre as minoras sexuais, resultam em discriminação, invisibilidade e desigualdade, embora essa realidade tenha mudado com o passar do tempo, a partir da apresentação de personagens complexos e humanizados. A visibilidade a um grupo marginalizado e excluído dos espaços de representatividade na ficção televisiva é o que justifica o trabalho. Como instrumento analítico adotamos o circuito da cultura, discutindo temas caros às minorias, tais como representação e identidade, que criam e articulam sentidos e significados na sociedade. Observou-se que a telenovela em questão promoveu um discurso a serviço da diversidade, possibilitando a desmitificação de visões construídas de forma essencialista e caminhando para novas possibilidades de identidades de forma genérica, a partir da experiência transexual.
Références
American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4.ed. Washington: APA; 1994.
BENEVIDES, Bruna; NOGUEIRA, Sayonara. Dossiê assassinatos e violências contra travestis e transexuais no brasil em 2018. São Paulo: Antra; Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), 2019.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
________. Deshacer el gênero. Barcelona: Paidós, 2006.
DU GAY, Paul et al. Doing Cultural Studies: the story of the sony Walkam. Londres: Sage;1997.
HALL, Stuart. Quem precisa da identidade. SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15.ed. Petrópolis: Vozes, 2014, p.103-133.
HALL, Stuart. The Work of representation. In: HALL, Stuart (ed.). Representation. Cultural representation and cultural signifying practices. London: Sage, 1997. p. 13-74.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: PUC-Rio/Apicuri, 2016.
JESUS, Jaqueline Gomes. Orientações conceitos e termos. Brasília, 2012. Disponível em: http:www.diversidadesexual.com.br/wp-content/uploads/2013/04/G%8ANERO-CONCEITOS-E-TERMOS.pdf. Acesso em: 13 abr. 2021.
LOPES, Maria Immacolada. Telenovela brasileira: uma narrativa sobre a nação. Comunicação e Educação (USP), São Paulo, n. 26, p. 17-34, 2003.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre transexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
RAMOS, Irineu. Identidade Capturada: A parada do orgulho Gay de São Paulo de 2007 nos telejornais. 2008. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Programa de Pós-graduação em Comunicação, Universidade Paulistana, São Paulo, 2008.
REIS, Toni (Org). Manual de Comunicação LGBTI+. Curitiba: aliança Nacional LGBTI+/GayLatino, 2018. Disponível em: https:www.grupodignidade.org.br/wp-content/uploads/2018/05/manual-comunicação-LGBTI.pdf. Acesso em: 15 de abr. 2021.
SANTOS, Tarcyanie Cajueiro; MATTOS, Georgia. As representações midiáticas da transexualidade na telenovela A Força do Querer. Intexto, n. 49, p. 214-232, 2020.
SILVA, Tomaz Tadeu. A produçaõo social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15. ed. Petroépolis: Vozes, 2014. p. 73-102.
STOLLER, Robert. A experiência transexual. Rio de Janeiro: Imago, 1982.
VERGUEIRO, Viviane. Despatologizar é descolonizar.2015. Disponível em: https://transactivistis. org/viviane-vergueiro-despatologizar-es-descolonizar/. Acesso em: 21 abr. 2021.
VITOR, Márcio; MOREIRA, Diego. Representação trans nas novelas da TV globo de 2015 a 2020. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO. 43, 2020, Caruaru. Anais [...]. Caruaru: Intercom, 2020, p. 1-15.
FAVERO, Sofia; SOUZA, Fernanda. (Des)patologizar é (des)diagnosticar? Inquietações sobre as disputas por autonomia no campo político. Revista Periódicus, v. 1, n. 11, p. 303–323, 2019.
SIMÕES, Júlio Assis. Do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2009.
LIONÇO, Tatiane. Atenção integral à saúde e diversidade sexual no Processo Transexualizador do SUS: avanços, impasses, desafios. Revista Physis, v. 19, n. 1, p. 43-63, 2009.
PERES, William; TOLEDO, Lívia. Dissidências Existenciais de Gênero: resistências e enfrentamentos ao biopoder. Psicologia Política, v. 11, n. 22, p. 261-277, 2011.
Gshow. 2017. Carol Duarte grava momento de virada de Ivana em ‘A força do Querer’ e corta o cabelo em cena. Disponível em: https://gshow.globo.com/novelas/a-forca-do-querer/noticia/carol-duarte-grava-momento-de-virada-de-ivana-em-a-forca-do-querer-e-corta-o-cabelo-em-cena.ghtml. Acesso em: 10 jun. 2020.
CAMPELLO, Livia. Cultura e multiculturalismo: identidade LGBT, transexuais e questões de gênero. Revista Jurídica, v. 1, n. 46, p. 146-163, 2017.
OLIVEIRA, Thomaz; OLIVEIRA, Igor. Telenovela e questões de gênero: primeiros passos da análise da temática na novela A dona do pedaço. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 42, 2019, Belém. Anais [...]. Belém: Intercom, 2019, p. 1-11.
Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).
