BRÔ MC’S E OS AGENCIAMENTOS DISCURSIVOS TRANSCULTURAIS GUARANI-KAIOWÁ

  • Jorge Alves Santana Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás
  • Israel Elias Trindade Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás

Résumé

“Bom dia boa tarde ndo je'ei ko ape avape” é o trecho de abertura do rap Koangagua/Nos dias de hoje, do grupo Brô MC’s, formado por jovens Guarani-Kaiowá, pertencentes às aldeias Jaguapiru e Bororó, nas cercanias de Dourados-MS. Tal letra de imediato questiona o fato de os povos indígenas não serem sequer cumprimentados pela população não índia em sua coexistência diária. Esse estudo focará, nesse contexto, as formações discursivas menores (DELEUZE; GUATTARI, 1975), na disposição de seus raps que capacitam esses jovens e suas comunidades a tratarem de modo dialético os dispositivos sociais, políticos e culturais que os tornam estranhos aos olhares do establishment, bem como também os capacitam a produzir estratégias de negociação para a desconstrução de fronteiras que lhes impedem as heterogêneas mobilidades possibilitadoras de inserção pragmática nas espacialidades locais, regionais, nacionais e globais; espacialidades perspectivadas pelas dimensões do liso e do estriado (DELEUZE; GUATTARI, 1995) e pelas questões de mobilidades, fronteiras e outridades (BAUMAN, 1995; 2013).

Palavras-Chave: Brô MC’S; Rap; Guarani-Kaiowá; Transculturas; Mobilidade.

Bibliographies de l'auteur

Jorge Alves Santana, Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás

Professor Associado III da Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás.

Membro Permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística desta faculdade.

Pós-doutor em Estudos Literários e Culturais pelo Pós-Lit. da UFMG

Israel Elias Trindade, Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás

Professor efetivo da Faculdade de Letras/ Universidade Federal de Goiás.

Doutor em Letras e Linguística pela FL/UFG

Atual Coordenador dos cursos de Letras: Português e Bacharelados em Linguística e em Estudos Literários, FL/UFG

Références

AUGÉ, Marc. Por uma antropologia da mobilidade. Tradução de Bruno César Cavalcanti e Rachel Rocha de Almeida. Maceió: EDLTFAL/UNESP, 2010.

BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude. Conversas com Riccardo Mazzeo. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

_____. A Vida Fragmentada. Ensaios sobre a moral pós-moderna. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 1995.

BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BRAND, Antonio J. O confinamento e seu impacto sobre os Pãi-Kaiowá. Porto Alegre. Dissertação (mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, 1993, 210p.

____. O impacto da perda da terra sobre a tradição kaiowá/guarani: os difíceis caminhos da palavra. Porto Alegre. Tese (doutorado em História). PUC/RS, 1997, 345p.

BRÔ MC’s. Koangagua/ Nos dias de hoje. In: <https://www.youtube.com/watch?v=IBafJlZxT6s>. Acesso em 28 de maio de 2017a.

_____. Eju Orendive/ Agora estamos aqui. In: <https://www.youtube.com/watch?v=oLbhGYfDmQg>. Acesso em 15 de junho de 2017b.

_____. Tupã. In: <https://www.youtube.com/watch?v=V0xqKFRaJJI>. Acesso em 20 de maio de 2017c.

_____. Tupã (ao vivo) – TV Câmara. In: <https://www.youtube.com/watch?v=8G4CkjGdQSE>, Acesso em 22 de junho de 2017d.

_____. CD Independente. CD-ROM, 2009.

BRUM, Eliane. Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui. In: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/10/decretem-nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html>. Acesso em 20 de junho de 2017.

CÂMARA LIGADA. O espaço do jovem na câmara dos deputados. In: <https://camaraligada.wordpress.com>. Acesso em 21 de junho de 2017.

CANAL GUATEKA. Canal Guarani, Terena e Kaiowá do MS. In: https://www.facebook.com/canalguateka/?hc_ref=PAGES_TIMELINE&fref=nf. Acesso em 10 de junho de 2017.

CHAMORRO. Graciela. História Guarani Kaiowa: das origens aos desafios contemporâneos. Nhanduti Editora, 2015.

CANCLINI, Néstor García. “Políticas multiculturais e integração através do mercado.” In: _____. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2016.

_____. Culturas híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 1997.

CUFA - Central Única das Favelas. Entrevista com o Brô MC's na reserva Indígena Jaguapiru, Escola Municipal Tengatuí Marangatu. Dourados, 2010. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/172970-1>. Acesso em 20 de junho de 2017.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. "1440 - O liso e o estriado. Tradução de Peter Pául Pelbart. In: _____. Mil platôs. V. 5. São Paulo: Ed. 34, 1997.

_____. Kafka: por uma literatura menor. Tradução de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

EAGLETON,Terry. A Ideologia da Estética. Tradução de Mauro Sá Rego Costa. 2a ed., Rio de Janeiro: Zahar,1993.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Tradução de Ana Lúcia Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. Rio de Janeiro: Editora 34, 2016.

HECK, Egon. Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil. Indígenas ameaçam morrer coletivamente caso ordem de despejo seja efetivada. In: <http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=6553>. Acesso em 20 de junho de 2017.

OLIVEIRA, Luciana. Bro Mc’s rap indígena: o pop e a constituição de fóruns cosmopolíticos na luta pela terra Guarani e Kaiowa. Revista Eco Pós. Dossiê Cultura Pop. V. 19, no. 3, 2016.

REVOREDO, Laura Costa. Enterovethea ya hchuka’arã ãnderova. Todos nós devemos mostrar a nossa cara: Brô MC’s e os loci de enunciação pós-colonial. Dissertação de mestrado. 2014. Mestrado em Estudos de Linguagens. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande. Agosto 2014, 145p.

RIBEIRO, Ricardo. Tradução de Koangagua/ Nos dias de hoje. In: < http://www.letras.com.br/ricardo-ribeiro/nos-dias-de-hoje>. Acesso em 21 de junho de 2017.

ROCHA, Janaína; DOMENICH, Mirella; CASSEANO, Patrícia (org.). HipHop: a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.

SANTOS, Boaventura de Sousa (2010). Rap Global. Rio de Janeiro: Aeroplano.

SESAI. Secretaria Especial da Saúde Indígena. In: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/secretaria-sesai >. Acesso em 20 de junho de 2017.

SILVA, Julia Izabelle da. Práticas transidiomáticas e ideologias linguísticas no rap guaranikaiowá – Brô Mc’s: a mistura guarani-português como estratégia de negociação social e de luta política. Domínios de Lingu@gem. Uberlândia, vol. 10 n.4, out./de, 2016.

SOUZA, Ana Lúcia. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola, 2011.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra R. Goulart Almeida; Marcos Feitosa; André Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS. Faculdade Intercultural Indígena – FAIND. In: <http://portal.ufgd.edu.br/faculdade/faind>. Acesso em 21 de junho de 2017.

Publiée
2017-10-27