CONTEXTO PRISIONAL E PRÁTICA PSICOLÓGICA: UM OLHAR SOBRE MEDICALIZAÇÃO E SOFRIMENTO
Résumé
Este estudo contribui para prática psicológica em unidade prisional. Elege o fenômeno da medicalização e sofrimento na Colônia Penal Feminina de Buíque. As demandas clínicas sinalizavam sofrimento e uso exacerbado de psicotrópicos. Importa refletir a prática psicológica, buscando outros horizontes compreensivos. A Pesquisa é qualitativa, de cunho fenomenológico, iluminada pela Hermenêutica Filosófica. Participaram cinco mulheres encarceradas em uso de psicotrópicos. Os instrumentos metodológicos foram Entrevista Narrativa e Diário de Campo. Os dados foram analisados à luz da Hermenêutica Filosófica de Gadamer. Reflexão crítica sobre essa prática, construindo conhecimentos sobre a promoção do cuidado. As narrativas mostraram lógica medicalizante, evidenciando a medicação como via preferencial para responder toda e qualquer demanda, fazendo refletir a relevância de construir modos de atenção nas práticas em saúde referenciados pela Hermenêutica Fenomenológica, na procura de manter livre relação com a técnica, podendo dizer sim e não a mesma, sendo a experiência via de acesso.
Références
BARRETO, J. Melhor prevenir para mais remediar: a prevenção em saúde mental. Revista APS. vol. 8. n. 2. p. 191-198, jul/dez. 2005. Disponível em: http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/prevenir.pdf. Acesso em 09/12/17.
BARRETO, C. L. B. T., SILVA, E. F. G. da; SANTANA, A. M. de; Prática Psicológica: contribuições da hermenêutica filosófica. In: Vieira Filho, N. G. (Org.); Crises, Processos Psicossociais, Promoção de Saúde. Editora CRV, 2016. p. 41-56.
BARUS-MICHEL, J. Sofrimento, Trajetos, Recursos, Dimensões Psicossociais do Sofrimento Humano - Sofrimento e Perda de Sentido: Considerações Psicossociais e Clínicas. Artigo publicado no Bulletin de psychologie. V. 54 (2) 452. Março-abril, 2001. Tradução de Christiane Camps.
BENJAMIN, W. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221.
BONDIA, J. L. (2002). Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Educ. [online], n.19, pp.20-28. ISSN 1413-2478.
BRASIL. Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm. Acesso em 10/06/2018.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área técnica de Saúde no Sistema Penitenciário. Política Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. Brasília, 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_pnssp.pdf. Acesso em 10/06/18.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação de Saúde no Sistema Prisional. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional. 1. Ed – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://www.sgas.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/sites/105/2016/06/Cartilha-PNAISP.pdf. Acesso em 10/06/18.
______. Ministério de Estado da Saúde e Ministério de Estado da Justiça. Aprova o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, destinado a prover a atenção integral à saúde da população prisional confinada em unidades masculinas e femininas, bem como nas psiquiátricas. Portaria n. 1.777, de 09 de setembro de 2003.Disponívelem: http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/Portaria_1777.pdf. Acesso em 09/06/2018.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Prêmio Nacional de Incentivo à Promoção do Uso racional de Medicamentos – 2009. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/premio_medica/pdfs/livro_premio_DAF_2009.pdf. Acesso em 20/12/18.
CARDINALLI, I. E. Heidegger: o estudo dos fenômenos humanos baseados na existência humana como ser-aí (Dasein). Revista Psicologia USP. vol. 26. n. 2. p. 249-258, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pusp/v26n2/0103-6564-pusp-26-02-00249.pdf. Acesso em 19/07/18.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Subsídios para campanha Não à Medicalização da Vida, Medicalização da Educação. Brasília: CFP, 2012.
CRITELLI, D. M. Analítica do Sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.
DESLANDES, S. F.; MITRE, R. M. de A. Processo comunicativo e humanização em saúde. Revista Interface. v. 13. supl. I. Rio de Janeiro: 2009. p. 641 – 649. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/icse/2009.v13suppl1/641-649/pt. Acesso em 06/08/18.
FERRAZZA, D. de A.; LUZIO, C. A.; ROCHA, L. C.; SANCHES, R. R. A banalização da prescrição de psicofármacos em um ambulatório de saúde mental. Revista Paideia, São Paulo, set-dez, v. 20, n. 47, p. 381 – 390, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/paideia/v20n47/a10v20n47.pdf. Acesso em 19/07/18.
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa / Uwe Flick; tradução Joice Elias Costa. - 3ed.- Porto Alegre: Artmed, 2009.
FURTADO, M. A. O lugar do sofrimento na cultura contemporânea: patologização do mal estar e medicalização da vida. Rio de Janeiro: UFRJ, 2014. Disponível em: http://pos.eicos.psicologia.ufrj.br/wp-content/uploads/MariamaFurtadoD2014.pdf. Acesso em 15/07/18.
HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Tradução, organização, nota prévia, anexos e notas: Fausto Castilho. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp; Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes. 2012.
______. A Caminho da Linguagem. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Shuback. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2003.
DANTAS, J. B. Medicalização e Devir: impasses existenciais na era da técnica. Revista Fenomenologia & Psicologia, São Luís, v. 3, n. 1, p. 12 – 28, 2015. Disponível em: http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/fenomenolpsicol/article/view/4149. Acesso em 19/07/2018.
LEITE, D. de F. da C. C. de S. A Prática Psicológica com Famílias: problematizando a prática no contexto de clínicas-escola. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2016.
NASCIMENTO, C. L. do. Medicalização e distanciamento da experiência apropriativa. Revista Fenomenologia & Psicologia, São Luís, v. 3, n. 1, p. 45 – 52, 2015.Disponívelem:http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/fenomenolpsicol/article/view/4151. Acesso em 19/07/18.
ONOCKO-CAMPOS, R.; JORGE, M. S. B.; PINTO, A. G. A.; VASCONCELOS, M. G. F. Experiências com a gestão autônoma da medicação: narrativas de usuários de saúde mental no encontro dos grupos focais em centros de atenção psicossocial. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 22 [4]:1543 – 1561, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/physis/v22n4/a15v22n4.pdf. Acesso em 21/12/18.
PEIXOTO, V. S. Uso Indiscriminado de Psicotrópicos Por Pacientes Da Unidade Básica de Saúde Cana Brava, São Sebastião, Alagoas. Monografia (Especialização em Estratégia de Saúde da Família). Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva. Maceió, 2017. Disponívelem:https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/Uso_indiscriminado_de_psicotropicos_por_pacientes_da_Unidade_Basica_de_Saude_Cana_Brava__Sao_Sebastiao__Alagoas/479. Acesso em 20/12/18.
PELEGRINI, M. R. F. O abuso de medicamentos psicotrópicos na contemporaneidade. Revista Psicologia, Ciência e Profissão. v. 23. n. 1. p. 38 – 43, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n1/v23n1a06.pdf. Acesso em 15/07/18.
PELIZZOLI, M. (2011). Saúde em novo paradigma: alternativas ao modelo de doença. Recife: Ed Universitária da UFPE.
PRADO, R. A. A.; CALDAS, M. T. Atitude Fenomenológica Existencial e Cuidado na Ação Clínica. In: BARRETO, C. L. B. T.; MORATO, H. T. P.; CALDAS, M. T. (orgs). Prática Psicológica na Perspectiva Fenomenológica Existencial. Curitiba: Juruá, 2013. parte 1, p. 95 – 105.
RAUTER, C.; PEIXOTO, P. T. C. Psiquiatria, Saúde Mental e Biopoder: Vida, Controle e Modulação no Contemporâneo. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 14, n. 2, p. 267 – 275, abr/jun 2009.
SANTANA, A. M. Contribuições da Fenomenologia Existencial à Prática Psicológica em Saúde. 2017. 139 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2017. Disponível em: http://www.unicap.br/tedeprof/tde_arquivos/89/TDE-2017-06-08T205115Z-174/Publico/ana_maria_santana.pdf. Acesso em 27/11/18.
SCHMIDT, M. L. S. Pesquisa Participante: Alteridade e Comunidades Interpretativas. Revista Psicologia USP, 2006. 17 (2), 11-41.
SCHWANDT, A. T. (2006). Três posturas epistemológicas para a investigação qualitativa. In DENZIN, NORMANK. O Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Trad. Sandra Regina Netz –Porto Alegre: Artmed.
SILVA, M. Saúde penitenciária no Brasil: plano e política. Brasília: Verbena, 2015. 117p. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312016000300019 (Resenhas e Críticas Bibliográficas. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 26 [ 4 ]: 1429-1439, 2016). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/physis/v26n4/1809-4481-physis-26-04-01429.pdf. Acesso em 10/06/18.
SILVA, E. F. G. da; BARRETO, C. A tarja preta da medicalização: reflexões para clínica psicológica. Rev. Nufen: Phenom. Interd. Belém, 11(1), p. 86-101, jan. – abr., 2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rnufen/v11n1/a07.pdf. Acesso em 30/06/2019.
ZORZANELLI, R. T.; CRUZ, M. G. A. O conceito de medicalização em Michael Foucault na década de 1970. Revista Interface – comunicação saúde e educação. (Botucatu0. v. 22. n. 66. 2018, p. 721 – 731. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-32832018005007103&script=sciabstract&tlng=pt. Acesso em 30/06/2019.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).