“EU NÃO SOU UM ESCRITOR. SOU UM ROTEIRISTA, QUE É A METADE DE UM CINEASTA”: TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA DE RECURSOS LITERÁRIOS NA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
Résumé
O cotejamento entre literatura e cinema tem rendido discussões teóricas candentes desde o advento da chamada Sétima Arte, sobretudo à medida que obras literárias foram transpostas do texto para a tela, em processo teorizado como tradução intersemiótica e, mais recentemente, como diálogo interartes. Interessa-nos, neste artigo, problematizar tanto o estatuto literário do roteiro quanto a própria narrativa cinematográfica, a fim de aquilatar em que medida elementos narrativos clássicos, como espaço, tempo e narrador, são acomodados na narrativa fílmica, seja no próprio roteiro, seja no produto verbo-visual, o filme em si, bem como as implicações que tais mudanças de código têm para o entendimento geral da narrativa como um todo. Para tanto, recorremos a conceitos desenvolvidos por teóricos como Robert McKee, André Gaudreault e François Jost, além de utilizarmos exemplos de obras cinematográficas a título de ilustração. Evidenciamos que, enquanto alguns elementos literários, como o tempo, o enredo e os personagens, são pouco afetados estruturalmente na mudança de código linguístico, outros tantos, como o lirismo, o espaço e o narrador são mais impactados na forma como são representados e expressados.
Références
BOOKER, Christopher. Seven Basic Plots: Why We Tell Stories. London: Continuum, 2004.
GAUDREAULT, André; JOST; François. A narrativa cinematográfica. Brasília: Editora UnB, 2009.
HAMILTON, Ian. Writers in Hollywood: 1915–1951. New York: Carroll & Graf, 1990.
JAKOBSON, Roman. On Linguistic Aspects of Translation. In: BROWER, Reuber A. (ed.). On Translation. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1959. p. 232-239.
MACIEL, Luiz Carlos. O poder do clímax: fundamentos do roteiro para cinema e TV. Rio de Janeiro: Record, 2003.
MCKEE, Robert. Story: Substance, Structure, Style and the Principles of Screenwriting. New York: Regan Books, 1997.
PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.
WILDER, Billy (1949). Sunset Boulevard: Facsimile edition of the screenplay by Charles Brackett, Billy Wilder, and D. M. Marshman Jr. Berkeley: University of California Press, 1999.
Referências filmográficas
AS MENINAS (Dir: Emiliano Ribeiro. Brasil. 1995. 1h 32min.)
CIDADE DE DEUS (Dir.: Fernando Meirelles; Kátia Lund. Brasil. 2002. 2h10min.)
DUNKIRK (Dir.: Christopher Nolan. Reino Unido; França; Estados Unidos; Países Baixos. 2017. 1h46min.)
EMPIRE (Dir.: Andy Warhol. Estados Unidos. 1964. 8h5min.)
INCEPTION (Dir.: Christopher Nolan. Reino Unido; Estados Unidos. 2010. 2h28min.)
JURASSIC PARK (Dir.: Steven Spielberg. Estados Unidos. 1993, 2h8min.)
PERFECT BLUE (Dir.: Satoshi Kon. Japão. 1998.1h30min.)
REAR WINDOW (Dir.: Alfred Hitchcock. Estados Unidos. 1954.1h52min.)
SINGIN’ IN THE RAIN (Dir.: Gene Kelly. Estados Unidos. 1952. 1h43min.)
SUNSET BOULEVARD (Dir.: Billy Wilder. Estados Unidos. 1950. 1h50min.)
THE ARTIST (Dir.: Michel Hazanavicius. França. 2011. 1h54min.)
THE GREAT DICTATOR (Dir.: Charlie Chaplin. Estados Unidos. 1940, 2h6min.)
THE LIGHTHOUSE (Dir.: Robert Eggers. Estados Unidos. 2019. 1h50min.)
VICTORIA (Dir.: Sebastian Schipper. Alemanha. 2015. 2h20min.)
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).