“EU NÃO SOU UM ESCRITOR. SOU UM ROTEIRISTA, QUE É A METADE DE UM CINEASTA”: TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA DE RECURSOS LITERÁRIOS NA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA

  • Raimundo Expedito dos Santos Sousa Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) https://orcid.org/0000-0001-5604-8781
  • Renato Luiz de Oliveira Bernardino Universidade de São Paulo (USP)
  • Luiz Carlos Gonçalves Lopes Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Résumé

O cotejamento entre literatura e cinema tem rendido discussões teóricas candentes desde o advento da chamada Sétima Arte, sobretudo à medida que obras literárias foram transpostas do texto para a tela, em processo teorizado como tradução intersemiótica e, mais recentemente, como diálogo interartes. Interessa-nos, neste artigo, problematizar tanto o estatuto literário do roteiro quanto a própria narrativa cinematográfica, a fim de aquilatar em que medida elementos narrativos clássicos, como espaço, tempo e narrador, são acomodados na narrativa fílmica, seja no próprio roteiro, seja no produto verbo-visual, o filme em si, bem como as implicações que tais mudanças de código têm para o entendimento geral da narrativa como um todo. Para tanto, recorremos a conceitos desenvolvidos por teóricos como Robert McKee, André Gaudreault e François Jost, além de utilizarmos exemplos de obras cinematográficas a título de ilustração. Evidenciamos que, enquanto alguns elementos literários, como o tempo, o enredo e os personagens, são pouco afetados estruturalmente na mudança de código linguístico, outros tantos, como o lirismo, o espaço e o narrador são mais impactados na forma como são representados e expressados.

Bibliographies de l'auteur

Raimundo Expedito dos Santos Sousa, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor Adjunto de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Araguaia.

Renato Luiz de Oliveira Bernardino, Universidade de São Paulo (USP)

Graduando em História pela Universidade de São Paulo (USP).

Luiz Carlos Gonçalves Lopes, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor de Língua Portuguesa, Literatura e Cultura do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), nos cursos Técnicos e no curso de Letras, atuando na área de Estudos Literários. Professor do programa de Pós-Graduação em Linguagens POSLING/CEFET-MG.

Références

AZEVEDO, Aluísio (1890). O Cortiço. São Paulo: Ática, 1995.

BOOKER, Christopher. Seven Basic Plots: Why We Tell Stories. London: Continuum, 2004.

GAUDREAULT, André; JOST; François. A narrativa cinematográfica. Brasília: Editora UnB, 2009.

HAMILTON, Ian. Writers in Hollywood: 1915–1951. New York: Carroll & Graf, 1990.

JAKOBSON, Roman. On Linguistic Aspects of Translation. In: BROWER, Reuber A. (ed.). On Translation. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1959. p. 232-239.

MACIEL, Luiz Carlos. O poder do clímax: fundamentos do roteiro para cinema e TV. Rio de Janeiro: Record, 2003.

MCKEE, Robert. Story: Substance, Structure, Style and the Principles of Screenwriting. New York: Regan Books, 1997.

PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.

WILDER, Billy (1949). Sunset Boulevard: Facsimile edition of the screenplay by Charles Brackett, Billy Wilder, and D. M. Marshman Jr. Berkeley: University of California Press, 1999.

Referências filmográficas

AS MENINAS (Dir: Emiliano Ribeiro. Brasil. 1995. 1h 32min.)

CIDADE DE DEUS (Dir.: Fernando Meirelles; Kátia Lund. Brasil. 2002. 2h10min.)

DUNKIRK (Dir.: Christopher Nolan. Reino Unido; França; Estados Unidos; Países Baixos. 2017. 1h46min.)

EMPIRE (Dir.: Andy Warhol. Estados Unidos. 1964. 8h5min.)

INCEPTION (Dir.: Christopher Nolan. Reino Unido; Estados Unidos. 2010. 2h28min.)

JURASSIC PARK (Dir.: Steven Spielberg. Estados Unidos. 1993, 2h8min.)

PERFECT BLUE (Dir.: Satoshi Kon. Japão. 1998.1h30min.)

REAR WINDOW (Dir.: Alfred Hitchcock. Estados Unidos. 1954.1h52min.)

SINGIN’ IN THE RAIN (Dir.: Gene Kelly. Estados Unidos. 1952. 1h43min.)

SUNSET BOULEVARD (Dir.: Billy Wilder. Estados Unidos. 1950. 1h50min.)

THE ARTIST (Dir.: Michel Hazanavicius. França. 2011. 1h54min.)

THE GREAT DICTATOR (Dir.: Charlie Chaplin. Estados Unidos. 1940, 2h6min.)

THE LIGHTHOUSE (Dir.: Robert Eggers. Estados Unidos. 2019. 1h50min.)

VICTORIA (Dir.: Sebastian Schipper. Alemanha. 2015. 2h20min.)
Publiée
2025-02-18