DIAGNÓSTICAS SOCIAIS DA BRANQUITUDE
Resumen
O artigo apresenta algumas consequências da escolha de categorias diagnósticas para a reflexão sobre a branquitude no Brasil. O recurso feito à psicanálise no debate das relações étnico-raciais parte da hipótese de uma convergência entre constituição subjetiva e estrutura social e é problematizado à luz da ética da escuta e de uma postura epistemologicamente não colonizatória em relação a outros saberes. Em seguida apresentam-se os antecedentes históricos e conceituais da noção de branquitude e as especificidades do chamado “pacto narcísico”, proposto por Cida Bento. Ao diferenciá-lo do racismo pensado como “neurose cultural brasileira” em Lélia Gonzalez, buscamos extrair consequências políticas do paralelo entre os horizontes de tratamento clínico e de transformação social. Defende-se que a emergência de uma verdade histórica quilombola pela reconquista do passado é uma das condições do devir antirracista.
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