ENUNCIAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO: QUESTÕES DE ESTILO

Palavras-chave: Ethos. Pathos. Estilo. Argumentação.

Resumo

Partindo da tríade ethos/ logos/ pathos, tal como apresentada na retórica clássica, esbarramos em questões sobre a argumentação. O orador, concebido como ethos, é orientado a projetar a imagem do auditório, tido como pathos e, entre ambos, fica estabelecida a função mediadora do logos, a “palavra” composta para ser persuasiva. Incorporando tais fundamentos, a semiótica discursiva considera a argumentação ancorada no nível discursivo dos textos e, com apoio no conceito bakhtiniano de dialogismo, postula: “Todos os discursos são argumentativos, pois são uma reação responsiva a outro discurso” (FIORIN, 2015, p. 29). A partir de tais premissas examinaremos condições de engendramento da argumentação em pinturas sincréticas ou multimodais. Os quadros escolhidos, assinados por José Antonio da Silva (1909-1996), enquanto remetem a um estilo de construir o “argumento contra” (PLANTIN, 2008, p. 86), convocam uma descrição que opera com a união indissolúvel entre o verbal e o visual constituinte das telas.

Biografia do Autor

Norma Discini de Campos, Universidade de São Paulo (USP)

Livre-docente do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 

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Publicado
2022-06-21