COLONIALIDADE E INTERSECCIONALIDADE ENTRE GEOGRAFIA, GÊNERO E CLASSE NA LITERATURA: QUEM PODE ESCREVER?
Resumen
O presente trabalho pretende fazer uma abordagem sobre os efeitos decorrentes do histórico de dominação colonial e patriarcal que conferem sobre as futuras produções literárias um estigma de inferioridade, ainda que subjetivo, a depender de onde e/ou quem seriam esses novos escritores. Este estigma se passaria primeiramente por um viés social (simbólico), levando os novos escritores, primeiramente, a romperem uma barreira em que as questões de gênero e/ou localização geográfica se fazem predominantes para valorar uma obra e, somente após rompido este estigma, é que o caráter artístico de suas produções seriam avaliados. Para tanto, nos embasaremos em teóricos como Cavalcanti (1993), Dalcastagnè (2012) e Almeida (2014), onde os referentes autores apontam a existência de um sistema hegemônico que valoriza, principalmente, obras de autoria masculina, preferencialmente de escritores pertencentes às regiões sul e sudeste do país.
Citas
ALMEIDA, Juliana Barbosa Lins de et al. A invenção dos outros: estereótipos étnicos, raciais e regionais no Brasil e na Espanha. 2014.
ALVES, Lucelita Maria. O Canto da Carpideira. Palmas-TO: Eduft, 2014.
CANDIDO, Antonio et al. Literatura e subdesenvolvimento. A educação pela noite e outros ensaios, v. 2, p. 140-162, 1989.
CAVALCANTI, Clóvis. País e região: desigualdades e preconceitos regionais no Brasil. Cadernos de estudos sociais, v. 9, n. 1, 1993.
DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Horizonte, 2012.
DE SOUZA, Eneida Maria. O não-lugar da literatura. IPOTESI–REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS, v. 3, n. 2, p. 11-18, 1999.
DUARTE, Constância Lima. O cânone literário e a autoria feminina. Gênero e Ciências Humanas, p. 85, 1997.
MIGNOLO, Walter D. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, p. 71-103, 2005.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas: escolha e valor na obra crítica de escritores modernos. Companhia das letras, 1998.
RENAN, Ernest. O que é uma nação. In: Conferência realizada na Sorbonne, em. 1997.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista crítica de ciências sociais, n. 78, p. 3-46, 2007.
SCOTT, Joan W. O enigma da igualdade. Revista estudos feministas, v. 13, n. 1, p. 11, 2005.
VICENTINI, Albertina. Regionalismo literário e sentidos do sertão. Sociedade e Cultura, v. 10, n. 2, 2007.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).