CULTURA E IDENTIDADE NA GESTÃO UNIVERSITÁRIA: A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLHA DOS(AS) GESTORES(AS)

Resumen

O presente artigo, por meio de questionários respondidos pelos(as) coordenadores(as) de cursos de graduação, das instituições universitárias do estado do Paraná, tem por objetivo compreender os processos de formação e atuação para os cargos diretivos e como a escolha desses cargos é influenciada pelas relações de gênero. A partir dos dados gerados e das análises realizadas, foi possível compreender a dicotomia existente entre a feminização do magistério e a homogeneização masculina nos cargos de tomada de decisões. Os efeitos das estruturas cisheteropatriarcais, também contribuem para a construção de identidades e padrões impossíveis de serem alcançados, para a negação e/ou repulsa aos corpos femininos e feminizados, fatores que surtem efeitos nos níveis culturais e econômicos da profissão docente, fazendo com que a representação social do ser professor(a) esteja associada a um constante despreparo para sua função, ou seja, para fugir dessa imagem, os profissionais da educação adentram em um infindável ciclo formativo.

Biografía del autor/a

Eduardo Felipe Hennerich Pacheco, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Doutorando em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR, com período sanduíche no Doutoramento em Estudos Feministas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Realizou estágio de investigação doutoral no CES - Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (2019-2020). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Sirley Terezinha Filipak, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR

Doutora em Educação - PUCPR. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.

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Publicado
2021-07-22