IDENTIDADE FEMININA NO ENSINO DE FÍSICA: PROFISSÃO DOCENTE E A PRESSUPOSTA TRANSCENDENTALIDADE MASCULINA
Abstract
No presente artigo, examinamos a constituição histórica da identidade docente a partir do processo de feminização do magistério e suas repercussões no ensino de Física, perguntando: por que o ensino de Física ainda é compreendido como exercício profissional masculino? O objetivo consiste em refletir a perspectiva da feminização do magistério, considerando as relações de gênero e suas implicações no ensino de Física, naturalizado como conhecimento masculino. A metodologia caracterizou-se pelo estudo de campo, com consulta através de formulário eletrônico a 36 docentes de Física no Ensino Médio, atuantes em quatorze municípios do oeste da Bahia. O estudo mostrou que a profissão docente produz assimetrias diversas, atravessadas por critérios de gênero, dentre outros que interseccionam, em uma sociedade estratificada por hegemonias masculinas, modelos ocidentais europeus que apontam o ensino da Física como uma ciência dura, assim difundida no imaginário acadêmico e social, comungada com a desvalorização do trabalho docente e exercida predominantemente pelos homens.
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