O AUTISMO COMO TRANSTORNO E A MEDICALIZAÇÃO DA VIDA
Abstract
No presente artigo problematizamos a definição sintomatológica do autismo, especialmente definido pelo DSM-V como TEA (transtorno do espectro autista), sobretudo pela epistemologia que a classificação propaga em torno da concepção nosológica do mesmo. Discutindo a partir da proposta teórica do autismo como quarta estrutura psíquica (Maleval, 2012), apontamos para os meandros discursivos atuais que fomentam as classificações, sobretudo amparados pelo capitalismo discurso e pela gestão neoliberal do sofrimento psíquico (Dunker, 2021). Autorrelatos de autistas e análise bibliográfica nos auxiliam para demarcar um espaço existencial que o diagnóstico não considera, fundamental para pensarmos os processos inclusivos de combate à exclusão social tão marcada na experiência autista.
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