SER PAIS DE SEUS PAIS: A VELHICE E O ABANDONO FAMILIAR NOS CONTOS DURANGO KID QUASE ME PEGOU, DE ERRE AMARAL E FELIZ ANIVERSÁRIO, DE CLARICE LISPECTOR

Abstract

Este artigo objetiva analisar dois contos da literatura brasileira que retratam a senescência e as suas consequências. Devido a um crescimento no envelhecimento populacional no Brasil, previsto pelo IBGE (2018), faz-se necessário refletir sobre o papel do idoso na sociedade e as mudanças dessa concepção que impactam diretamente no tratamento destinado a ele. Para tanto, buscou-se observar como a velhice é retratada na ficção, de modo a evidenciar aspectos relevantes acerca do tema. O corpus desta pesquisa foram os contos “Durango kid quase me pegou”, de Erre Amaral e “Feliz aniversário”, de Clarice Lispector, que trazem como protagonistas idosos no contexto familiar, analisados à luz de Massaud Moisés (2006) e Júlio Cortázar (2006), autores que versam sobre o gênero narrativo conto e Simone de Beauvoir (1990) e Carmen Secco (1994) quanto ao envelhecimento. Logo, concluiu-se que os idosos passam, em geral, por um processo de perdas físicas e funcionais, como também de ausências afetivas que os anulam e impedem uma existência plena na velhice.