POR UMA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL MAIS AFROCÊNTRICA
Abstract
Este artigo examina os modos representacionais empregados por autores brasileiros na literatura infantil e juvenil (LIJ), explorando uma diversidade de discursos para compreender quão (des)vantajosos são seus efeitos em relação a representações mais elaboradas/humanas dos negros. Empregamos princípios teóricos básicos da Análise do Discurso para discutir a necessidade de representações mais complexas/humanas sobre os afro-brasileiros na LIJ. Metodologicamente, recorremos a uma revisão crítica de referencial teórico e à análise temático-discursiva de obras literárias relevantes publicadas entre os séculos XX e XXI. Os resultados indicam que a mera presença de heroínas/heróis negros na LIJ não garante por si só justiça étnico-racial, tampouco parece contribuir para uma autodeterminação cultural dos afrodescendentes brasileiros. A transculturalidade parece ser indispensável no combate ao colorismo e à idealização da miscigenação. Por último, a negrescência, bem como os princípios pan-africanos e mulheristas da autodenominação, autodefinição e autodeterminação, devem ser parte das bases de uma LIJ brasileira.
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