TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: DELINEANDO CONTORNOS DE UMA PROFISSÃO FRONTEIRIÇA

Palavras-chave: Libras. Tradutor e intérprete de Línguas de Sinais. Educação.

Resumo

A profissão de Tradutor/Intérprete da Língua Brasileira de Sinais se constituiu no interior das lutas por acessibilidade e por direitos comunicacionais dos surdos, foi regulamentada através da Lei nº 12.319/10 e está em franca expansão. No presente artigo, produzido na esteira de discussões pós-estruturalistas, o objetivo é discorrer sobre contornos contemporâneos da profissão e sobre formas de vivenciá-la. Para isso, realizou-se um rastreamento de pesquisas acadêmicas do campo educacional e entrevistas com quatro tradutoras/intérpretes de Libras. O estudo indica deslocamentos no tecido instável e fronteiriço da profissão, que lentamente se expande e se especializa. Nas entrevistas, destacam-se duas dimensões principais implicadas com a atuação profissional: uma diplomática, relacionada ao trabalho de intermediação da comunicação entre sujeitos posicionados em culturas distintas, outra artística, concernente a um processo contínuo de criação de si – enquanto sujeito que age, colabora, busca encontrar maneiras de tornar acessível a comunicação entre falantes de diferentes línguas.

Biografia do Autor

Daiana San Martins Goulart, PPGEDU ULBRA/ UFPEL

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil. Mestre em Educação pela mesma universidade. Integrante do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão/Seção de Tradução e Interpretação em Libras da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL. Bolsista CAPES/PROSUP.

Iara Tatiana Bonin, Universidade Luterana do Brasil - ULBRA

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Educação pela Universidade de Brasília. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil. Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNP (Pq 2)

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Publicado
2021-02-10