CIRANDA DE CRIANÇAS: A REPRESENTAÇÃO DA INFÂNCIA NO DESENHO ANIMADO
Abstract
Este artigo faz parte de uma investigação científica maior, intitulada Poéticas do Cinema de Animação, e tem como meta abordar as propostas estéticas do desenho animado, afinadas a determinada concepção de infância e modelo familiar. A rigor, observa-se que a história do cinema de animação pode ser dividida em quatro etapas, mapeadas como período de formação do gênero (1920 – 1960), período de consolidação e legitimação no mercado (1960- 1980), período das narrativas híbridas (1980 – 2000) e período inovador ou pós-moderno (2000 – 2015). Tendo em vista a necessidade de recorte do objeto, far-se-á a análise e discussão do segundo momento – o período de consolidação e legitimação no mercado – fase em que, paralelo ao desenvolvimento da Disney e da Warner, ganham força os estúdios Filmation, Grantray Lawrence e, principalmente, a Hanna-Barbera Produções. Projetando um percurso de quase cem anos, o desenho animado conquistou adeptos, emocionou multidões e se firmou no mercado cinematográfico contemporâneo. Caracterizado como um sistema polissêmico, dialógico, revestido de uma complexa teia sígnica, e edificando uma extensa historiografia marcada por propostas estéticas distintas, foi responsável pelo surto de personagens que se tornaram ícones da cultura pop. A rigor, o presente artigo tem como principal objetivo problematizar as poéticas veiculadas em desenhos produzidos, divulgados e comercializados entre 1960 e 1980. Parte-se, assim, da tese de que o cinema gráfico introduz, como protagonistas, personagens infantis a partir de modelos bastante heterogêneos sobre crianças, que refletem, via de regra, o ideário cultural e os aspectos ideológicos inscritos no contexto histórico e social no qual a animação está inserida. Para tanto, almeja-se, a partir dos recursos empregados pelo estúdio e pelo artista na tessitura do texto visual e das múltiplas vozes instauradas ao longo do desenho, identificar os modos de representação endereçados às crianças.
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