A INICIAÇÃO DOS ÌYÀWÓS E A EDUCAÇÃO NO ILÊ AXÉ IDAN

Abstract

Essa pesquisa tem como objetivo investigar como se dá a educação de Ìyàwós (novos iniciados) no Ilê Axé Idan a partir da iniciação religiosa no Candomblé. O campo de estudo está localizado na cidade de Santo Amaro, Recôncavo da Bahia. Procuro com esse trabalho dar expansão à discussão e à compreensão sobre educação em espaços não formais, um campo ainda pouco estudado nas pedagogias acadêmicas. Nesse sentido, foi imprescindível compreender em quais perspectivas epistemológicas essa educação que norteia a aprendizagem nos terreiros está pautada na oralidade. Além disso, proponho averiguar e descrever as fases dos rituais de iniciação dos Ìyàwós no espaço sagrado do Terreiro. Partindo do olhar metodológico, a pesquisa está intrinsecamente ligada à abordagem qualitativa e à pesquisa etnográfica. Conceitualmente, esse texto parte de três relevantes campos teóricos: a educação, a religião e a antropologia. Há uma grande preocupação no campo científico no que concerne o reconhecimento de práticas educativas para além da escola formal. O mesmo acontece na educação que perpassa os terreiros de Candomblé e nas práticas de educação que nele ocorre, uma vez que elas instigam o ensino-aprendizagem de bens culturais, deveres, compromissos e comportamentos.

Author Biographies

Elder Pereira Ribeiro, (CECULT/UFRB)

Crítico Cultural e Bacharel em Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas pelo Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT/UFRB).

Francisca Helena Marques, Núcleo de Memória e Documentação do Recôncavo (NUDOC/UFRB)

Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professora Adjunta do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT/UFRB). Atua na área de Etnomusicologia e educação comunitária. Fundou, e coordena, desde 2003, o Laboratório de Etnomusicologia, Antropologia e Audiovisual (LEAA/Recôncavo). É diretora do Núcleo de Memória e Documentação do Recôncavo (NUDOC/UFRB). 

References

ANDRÉ, M. D. A. Etnografia da Prática Escolar. 12. ed. Campinas: Papirus, 2005.

ASANTE, M. K. “Afroncentricidade: notas sobe uma posição disciplinar”. In Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.

ALBUQUERQUE, M. B. Epistemologia e Saberes da Ayahuasca. Belém: EDUEPA, 2011.

_________. Educação e saberes culturais: apontamentos epistemológicos. In: PACHECO et al. (Orgs). Pesquisas em estudos culturais na Amazônia: cartografias, literaturas e saberes interculturais. Belém: EditAEDI, 2015. pp. 651-693.

AUGRAS, M. O duplo e a metamorfose: a identidade mítica em comunidades nagô. Petrópolis: Vozes, 2008.

BRANDÃO, C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1982.

BARBARA, R. A dança das Aiabás: dança, corpo e cotidiano das mulheres de candomblé, 2002. 201 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

CAPUTO, S. Contra a discriminação religiosa e pelo Estado (verdadeiramente) laico. Blog Andre Giusti, 2013. Disponível em: http://www.andregiusti.com.br/site/contra-a-discriminacao-religiosa-e-pelo-estado-verdadeiramente-laico/. Acesso em: 22 de setembro. 2013.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

FONSECA, T. N. de L. História da Educação e História Cultural. In: FONSECA, T. N. L.; VEIGA, C. G. (Orgs.). História e Historiografia da Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. pp. 43-75.

GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GRUZINSKI, S. A Colonização do Imaginário: Sociedades Indígenas e Ocidentalização no México espanhol - Séculos VXI – XVIII. São Paulo. Companhia das Letras, 2003.

INGOLD, T. Da transmissão de representações à educação da atenção. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 1, p. 6-25, jan-abr., 2010.

MAUSS, M; HUBERT, H. “Ensaio sobre a natureza e a função do sacrifício”. In: Ensaios de Sociologia, São Paulo, Editora Perspectiva, 1981.

MINAYO, Ma C. de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001.

OLIVEIRA, C. N. de. Discursos do sagrado: o uso estratégico da linguagem em práticas do candomblé. 2012. 140 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, 2012.

PESTANA, M. Afrocentricidade em questão, 2014. Disponível em: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/171/artigo271330-1.asp/. Acesso em 20 de set.2016.

RIBEIRO, E. P.; OLIVEIRA, L. C; CONCEIÇÃO, T. A iniciação da criança pelos seus rituais no terreiro. REVISTA LITTERIS, v. 21, p. 1-16, 2018.

RIBEIRO, E. P. et al. A importância da comemoração do 13 de Maio da Preta Velha Maria Joana do Ilê Axé Idan de Santo Amaro-Ba. Revista Acadêmica GUETO da UFRB. v5. n.10, out/nov. p. 30-39, 2017.

RIBEIRO, E.P. et al. Experiência-Ewé. Revista Eletrônica Acadêmica – IPSIS LIBANIS: ICBL, Vol.5, p. 1-14, 2018.

SILVA, F. A. F da. "Eu vou ali e volto já, daqui a pouco tô no mesmo lugar": performances e agências sociorrituais no culto aos caboclos em Santo Amaro. 2018. 159 f. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais: Cultura, Desigualdades e Desenvolvimento, Centro de Artes, Humanidades e Letras, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cachoeira.

SANTOS, B. de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. pp. 31-83.

TURNER, V. O Processo Ritual Estrutura e Anti Estrutura. São Paulo: Vozes, 1974.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VAN GENNEP, A. Os ritos de passagem. 4. ed. Tradução de Mariano Ferreira. Petrópolis: Vozes, 2013.

Published
2020-04-24