“SOU FEIA, MAS TÔ NA MODA”: O FUNK COMO CANAL DE TRANSMISSÃO DA VOZ FEMININA NEGRA PERIFÉRICA
Abstract
Neste artigo traço reflexões relativas às trajetórias subalternizadas. A partir de uma análise do documentário ‘Sou feia, mas tô na moda’ apresento considerações sobre as perspectivas de mulheres periféricas que, desde o funk, revelam processos de ressignificação dos lugares de silenciamento e invisibilidade diante de condições de poder. Por conseguinte, os caminhos marginalizados das mulheres assemelham-se aos percursos trilhados pelo gênero musical, uma vez que as opressões entrelaçadas também recaem sobre o funk. Parto da hipótese de que as estruturas de dominação estigmatizam o funk e os sujeitos pertencentes ao mesmo como um mecanismo de controle de pessoas marginalizadas. Ademais, é possível perceber, de acordo com os relatos retirados do documentário, que sob a retórica do “bom gosto musical” os preconceitos racial, de gênero e de classes são eficazmente reproduzidos.
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