ALGUNS QUESTIONAMENTOS SOBRE O TRATAMENTO DADO À VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO E NA PRÁTICA DOCENTE DE LÍNGUA PORTUGUESA: POLÍTICAS E IDEOLOGIAS LÍNGUÍSTICAS
Abstract
O propósito deste trabalho é apresentar os resultados de uma pesquisa de Mestrado, cujo objetivo foi analisar o tratamento dado à variação linguística da coleção “Português Linguagens”, (CEREJA; MAGALHÃES, 2012) do Ensino Fundamental II, aprovada pelo PNLD 2014 e a prática pedagógica de dois profissionais em relação ao uso do livro didático em sala de aula e ao tratamento dispensado à variação linguística. Para isso, visitamos alguns estudiosos, entre eles, Bagno (2007, 2013, 2014) e Tilio (2006, 2013), para o estudo do livro didático de línguas; Ribeiro da Silva (2013) e Schiffman (1996), para subsidiar a reflexão sobre políticas linguísticas; Woolard (1998), Milroy (2011) e Moita Lopes (2013), para a reflexão sobre ideologias linguísticas. Em relação à linguagem, respaldamo-nos, principalmente, nas postulações do Círculo de Bakhtin. Com base na análise dos livros, nas aulas observadas e na literatura citada neste trabalho, pudemos concluir que a ideologia da padronização está presente nas salas de aulas e que as políticas linguísticas efetuadas pelo/a docente levam a valorização da norma-padrão.
References
ANDRÉ, M.E.D.A. Etnografia da Prática Escolar. Campinas, SP: Papirus, 1995.
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
______Sete erros aos quatro ventos a variação linguística no ensino do português. São Paulo: Parábola, 2013.
______ Língua, linguagem, linguística: pondo os pingos nos ii. São Paulo: Parábola, 2014.
BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHINOV, Valentin. Marxismo e filosofia da linguagem. 13.ed. São Paulo: Hucitec, 2009.
______ Estética da Criação Verbal. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
______ Teoria do romance I. São Paulo: Editora 34, 2015.
CAVALCANTI, M.C. Educação linguística na formação de professores de línguas: intercompreensão e práticas translíngues. In. MOITA LOPES, L.P. (Org.) Linguística Aplicada na Modernidade recente. São Paulo: Parábola, 2013.
CAVALCANTI, M.C. e CÉSAR, A.L. Do singular para o multifacetado: o conceito de língua como caleidoscópio. In. CAVALCANTI, M.C; BORTONI-RICARDO, S.T. (Orgs.) Transculturalidade, linguagem e educação. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007. p.45-65.
CHAMMA, L. A variação linguística nos livros didáticos de português (5ª a 8ª séries). Dissertação (Mestrado em Linguística) - Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
CECÍLIO, S.R.; MATOS, C.M.A. Revisitando o livro didático: a variação linguística e o ensino de língua. Entretextos, Londrina, n. 6. p. 39-43, jan/dez. 2006.
CEREJA, W.R.; MAGALHÃES, T. C. Português Linguagens. São Paulo, Saraiva, 2012.
CRYSTAL, D. Glossary (Language Planning) In: BRIGHT, W. (Ed.). International encyclopedia of Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 1992. p.310-311.
EAGLETON, T. A ideia de cultura, 2ed. São Paulo: UNESP, 1997.
GAL, S. Migration, Minorities and Multilingualism: Language Ideologies In: Europe 13 (Language ideologies, policies, and practices: language and the future of Europe/edited by Clare Mar-Molinero and Patrick Stevenson, 2006.
Harvey Sacks, Emanuel A Schegloff, Gail Jefferson. A simplest systematics for the organization of turn-taking for conversation.
Harvey Sacks, Emanuel A. Schegloff, Gail Jefferson, (1974), A simplest systematics for the organization of turn-taking for conversation, Language, vol. 50, no. 4, pp. 696–735.
MILROY, J. Ideologias linguísticas e as consequências da padronização. In: BAGNO, M.; LAGARES. X (Orgs.) Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo, SP: Parábola, 2011.
MOITA LOPES, L.P. DA. O português no século XXI cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo, SP: Parábola, 2013.
RIBEIRO DA SILVA, E. A pesquisa em política linguística: histórico, desenvolvimento e pressupostos epistemológicos. Campinas. n(52.2), 2013, p. 289-320.
SCHIFFMAN, H.F. Linguist culture and Language Policy. London: Routledge, 1996.
SILVA, M.A. A fetichização do livro didático no Brasil. Educ. Real, Porto Alegre, v. 37, n.3. p. 803-821, set/dez. 2012.
SHOHAMY, E. Language policy: hidden agendas and new approaches. London: Routledge, 2006.
TILIO, R. O livro didático de inglês em uma abordagem sócio-discursiva: culturas, identidades e pós-modernidade. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: PUC-Rio, Departamento de Letras, 2006.
___________. A construção social de gênero e sexualidade em livros didáticos de inglês: que vozes circulam? In: PEREIRA, A.L, GOTTHEIM, L. (Orgs.) Materiais didáticos para o ensino de língua estrangeira processos de criação e contextos de uso. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013. p.121143.
TRIVIÑOS. A. N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A Pesquisa Qualitativa em Educação. São Paulo: Editora Atlas S.A. 1987.
TORMENA, T. A. Política Linguística Implícita na virada do século XXI: o Programa Nacional do Livro Didático. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
WOOLARD. K.A. Language Ideology as a Field of Inquiry: New York: Oxford University Press, 1998.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).