WALDO E OS PALHAÇOS: POLÍTICA, ENTRETENIMENTO E VIOLÊNCIA EM MIA COUTO E BLACK MIRROR

  • Raquel Selner Universidade Federal do Tocantins
  • Maria Perla Araújo Morais Universidade Federal do Tocantins
Palavras-chave: Waldo; A guerra dos palhaços; Política; Entretenimento; Violência.

Resumo

O presente artigo estabelece uma comparação intermidiática entre o conto “A Guerra dos Palhaços”, de Mia Couto, e o episódio “O Momento Waldo”, da série britânica Black Mirror. A hipótese que permeou o trabalho é a de que as obras abordam a questão política como forma de promoção de entretenimento e violência. O objetivo foi verificar como o conto e o episódio trabalham esse tema, aprofundando questões sobre o contemporâneo e o esvaziamento do que se entende por política. Foi possível perceber que, embora tenham sido produzidos em épocas e realidades diferentes, as obras trataram o tema de forma semelhante, pontuando que a sociedade, em alguns contextos, tende a se envolver com o espaço político, confundindo-o com o entretenimento. A violência, horizonte que devemos entender para discutir os processos políticos, aqui é acionada como um conflito vazio de demandas sociais, orientando-se por vias subjetivas. Portanto, nosso corpus de estudo aponta para uma dinâmica do contemporâneo: o esvaziamento do espaço público de reivindicações de cidadania e o fortalecimento de uma sociedade de consumo que, na esfera política, privilegia o espetáculo, a violência e o entretenimento.

Palavras-chave: Waldo; A guerra dos palhaços; Política; Entretenimento; Violência.

Biografia do Autor

Raquel Selner, Universidade Federal do Tocantins

Graduada em Letras - Língua Portuguesa e Língua Inglesa pela Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE. Atualmente cursa o Mestrado em Letras - Literatura na Universidade Federal do Tocantins - Câmpus de Porto Nacional.

Maria Perla Araújo Morais, Universidade Federal do Tocantins

Professora de Literatura Portuguesa da Universidade Federal de Tocantins e líder do grupo de pesquisa NELA: Núcleo de estudos de Literaturas Africanas e Portuguesa, cadastrado no CNPQ.

Referências

AGAMBEM, Giorgio. Homo sacer; o poder soberano e a vida nua I. Trad. Henrique Burigo. 2 ed. Belo Horizonte, UFMG, 2014.

ALMEIDA, Maria da Graça Blaya. Alguém para odiar. In: ______ (Org.). A violência na sociedade contemporânea. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010, p. 16-29. Disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/violencia.pdf. Acesso em 14 set. 2018.

ARENDT, Hannah. Sobre a violência. 3ª ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

__________ . A condição humana. Trad. Roberto Raposo. 10 ed. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2007.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Volume 1. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1987.

CAMBRIDGE Dictionary. Assassin. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/
dictionary/english/assassin. Acesso em 14 set. 2018.

CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos; conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro, UFRJ, 1997.

CLÜVER, Claus. Estudos interartes: conceitos, termos, objetivos. Literatura e Sociedade, São Paulo, v. 2, n. 2, 1997, p. 37-55.

______. Intermidialidade. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, nov. 2011, p. 8-23.

COAN, Emerson Ike. O domínio do entretenimento na contemporaneidade. Revista Ação Midiática. UFPR, v.2 n. 2, 2012. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/acaomidiatica/article/view/32457/20593 Acesso em 18/11/2018.

COUTINHO, Eduardo F. Sentido e função da Literatura Comparada na América Latina. In: ______. Literatura Comparada na América Latina. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003, p. 11-40.

COUTO, Mia. A guerra dos palhaços. In: ______. Estórias abensonhadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

DICIONÁRIO DE NOMES PRÓPRIOS. Waldo. Disponível em: https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/waldo. Acesso em 11 set. 2018.

EZEQUIEL, Vanderlei de Castro e CIOCCARI, Deysi. Discurso de ódio na política contemporânea: Trump venceu! C&S, São Bernardo do Campo – SP, v. 39, n. 3, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CSO/article/view/7802 Acesso em: 18/11/2018.

FIORAVANTI, Maurizio. Público e privado: os princípios fundamentais da constituição democrática. Revista da Faculdade de Direito UFPR, Curitiba, n. 58, 2013. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/34862/21630 Acesso em: 09/11/2018.

IÓRIO, Vitor. Mídia, consumo e violência. ECO PÒS, vol 9, n. 2, agosto-dezembro, 2006. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/download/1082/1022 Acesso em 09/11/2018.

KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.

LAZARUS, Sylvain. Contemporâneo e política. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 37, n. 2, p. 383-397, maio/ago. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-62362012000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Acesso em 11/11/2018.

MARTINO, Luis Mauro Sá. Três hipóteses sobre as relações entre mídia, entretenimento e política. Revista Brasileira de Ciência Política, n.6, Brasília, julho-dezembro de 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcpol/n6/n6a06 Acesso em 18/11/2018.

MORAIS, Maria Perla Araújo. “Sofremos a guerra, haveremos de sofrer a paz”: pedagogia da nação moçambicana em Mia Couto e Paulina Chiziane. Todas as Musas, São Paulo, Ano 08, n. 01, p. 13-31, jul./dez. 2016.

SALES, Iracema. "O fascismo não morreu". Diário do nordeste. 24 de maio de 2016. Disponível em: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/verso/o-fascismo-nao-morreu-1.1554334. Acesso em: 09/11/2018.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Entre Próspero e caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos Cebrap. Número 66, Julho de 2003. Disponível em: http://novosestudos.uol.com.br/produto/edicao-66/ Acesso em 11/02/2018.

SILVEIRA, Tasso da. Literatura Comparada. Rio de Janeiro: GRD, 1964.

SOUZA, Luís Antonio Francisco de. Anotações sobre a violência, o crime e direitos humanos. Revista de Psicologia da UNESP. Volume 2, número 1, 2003. Disponível em:http://seer.assis.unesp.br/index.php/psicologia/article/view/1043. Acesso em 09/11/2018

TEXTE, Joseph. Os estudos de literatura comparada no estrangeiro e na França. In: COUTINHO, Eduardo e CARVALHAL, Tania Franco. (orgs.) Literatura Comparada: textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

THE WALDO Moment. Dirigido por Bryn Higgins. Black Mirror. Londres: Channel 4, 25 fev. 2013, televisão. Atualmente exibido por Netflix.

WAINBERG, Jacques A. Mídia e violência: a luta contra a desatenção e a sonolência das massas. In: ALMEIDA, Maria da Graça Blaya (Org.). A violência na sociedade contemporânea. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/violencia.pdf. Acesso em 14 set. 2018.

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
Publicado
2019-04-03