EDITORIAL
Resumo
O presente dossiê pretende acolher trabalhos que reflitam sobre os tensionamentos provocados pelos Coletivos Negros e Indígenas (CNI) nas Universidades Públicas brasileiras em relação às mudanças curriculares, às dinâmicas institucionais no que tange à garantia de acesso e permanência dos estudantes e à relação entre universidade e movimentos sociais. A introdução das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil acarretou dentre outras mudanças fundamentais, no que concerne às relações de poder na sociedade brasileira, a reconfiguração das dinâmicas de luta no interior das Instituições de Ensino Superior (IES). Nesse sentido, os CNI têm desempenhado um papel fundamental na luta contra o racismo na educação superior, participando ativamente do processo de denúncia da existência de uma hegemonia branca nas IES e reiterando a necessidade de adoção de práticas que consolidam a implementação das políticas afirmativas. Além disso, os coletivos proporcionam o fomento de espaços de acolhimento estudantil e de criação de ações e atividades institucionais antirracistas. Desse modo, os CNI têm proposto narrativas e práticas que confrontam a violência do conhecimento eurocêntrico reproduzido nas universidades brasileiras, apontando a importância da adoção das epistemologias africanas e pindorâmicas nos currículos, assim como tem tido papel fundamental no monitoramento das políticas de ingresso e permanência de estudantes negros/as e indígenas no ensino superior do país. Apesar dessa dinâmica inegável, ainda são escassos os estudos que se debruçam sobre o papel desses agentes sociais na luta antirracista e as implicações dessas atuações nas relações de poder nas universidades, tornando-se tarefa urgente visibilizar as ações dos CNI e os desafios que envolvem esses sujeitos políticos.
Referências
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).