EDITORIAL

Palavras-chave: .

Resumo

O presente dossiê pretende acolher trabalhos que reflitam sobre os tensionamentos provocados pelos Coletivos Negros e Indígenas (CNI) nas Universidades Públicas brasileiras em relação às mudanças curriculares, às dinâmicas institucionais no que tange à garantia de acesso e permanência dos estudantes e à relação entre universidade e movimentos sociais. A introdução das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil acarretou dentre outras mudanças fundamentais, no que concerne às relações de poder na sociedade brasileira, a reconfiguração das dinâmicas de luta no interior das Instituições de Ensino Superior (IES). Nesse sentido, os CNI têm desempenhado um papel fundamental na luta contra o racismo na educação superior, participando ativamente do processo de denúncia da existência de uma hegemonia branca nas IES e reiterando a necessidade de adoção de práticas que consolidam a implementação das políticas afirmativas. Além disso, os coletivos proporcionam o fomento de espaços de acolhimento estudantil e de criação de ações e atividades institucionais antirracistas.  Desse modo, os CNI têm proposto narrativas e práticas que confrontam a violência do conhecimento eurocêntrico reproduzido nas universidades brasileiras, apontando a importância da adoção das epistemologias africanas e pindorâmicas nos currículos, assim como tem tido papel fundamental no monitoramento das políticas de ingresso e permanência de estudantes negros/as e indígenas no ensino superior do país. Apesar dessa dinâmica inegável, ainda são escassos os estudos que se debruçam sobre o papel desses agentes sociais na luta antirracista e as implicações dessas atuações nas relações de poder nas universidades, tornando-se tarefa urgente visibilizar as ações dos CNI e os desafios que envolvem esses sujeitos políticos.

Biografia do Autor

Marcos Antonio Batista da Silva, Universidade de Coimbra- Centro de Estudos Sociais- Projeto POLITICS

Doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-doutorado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal (725402 - POLITICS - ERC-2016-COG- 2017-2023). Membro do Projeto A presença das mulheres na educação jurídica no brasil sob a perspectiva de gênero e raça (2001-2021), coordenado por Ela Wiecko Volkmer de Castilho, Universidade de Brasília/CNPq. Tem como área de interesse o tema das relações étnico-raciais (raça, racismo e antirracismo, currículos, juventude negra) no campo das Ciências Sociais e Humanas e Saúde. Tem mestrado em Psicologia Educacional e graduação e Psicologia. Tem atuado no ensino como professor colaborador em cursos de graduação e pós-graduação em universidades latino-americanas: Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Lima/Peru); Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/SP/Brasil). E com participação em atividades de extensão: CES Vai à Escola (Universidade de Coimbra/Portugal); A UFPB no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, NEABI/UFPB - AFROCIENTISTAS: auto(cuidado) à saúde e à construção da cidadania na Universidade Federal da Paraíba, Brasil. Atua nos seguintes Grupos de Pesquisas: Pedagogia Social (universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Brasil); A formação do sujeito na era digital (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Araraquara, Brasil); Grupo de estudos em cinema e educação, Universidade Federal de Goiás, Jataí, Brasil).

Danielle Pereira de Araújo, Universidade de Coimbra- Centro de Estudos Sociais- Projeto POLITICS

É investigadora em pós-doutoramento no Instituto de Estudos Avançados (Universidade de São Paulo). Atualmente também é investigadora no Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra) e docente no doutoramento Sociologia do Estado, Lei e Justiça na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Possui doutorado(2019) e mestrado em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (2012) e graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2008). Tem interesse nos seguintes temas: pensamento radical negro, antinegritude, educação antirracista, políticas afirmativas.

Referências

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Publicado
2023-12-21