IDENTIDADE FEMININA NO ENSINO DE FÍSICA: PROFISSÃO DOCENTE E A PRESSUPOSTA TRANSCENDENTALIDADE MASCULINA

Palavras-chave: Identidade docente. Profissão docente. Ensino de Física. Feminização do magistério. Relações de gênero.

Resumo

No presente artigo, examinamos a constituição histórica da identidade docente a partir do processo de feminização do magistério e suas repercussões no ensino de Física, perguntando: por que o ensino de Física ainda é compreendido como exercício profissional masculino? O objetivo consiste em refletir a perspectiva da feminização do magistério, considerando as relações de gênero e suas implicações no ensino de Física, naturalizado como conhecimento masculino. A metodologia caracterizou-se pelo estudo de campo, com consulta através de formulário eletrônico a 36 docentes de Física no Ensino Médio, atuantes em quatorze municípios do oeste da Bahia. O estudo mostrou que a profissão docente produz assimetrias diversas, atravessadas por critérios de gênero, dentre outros que interseccionam, em uma sociedade estratificada por hegemonias masculinas, modelos ocidentais europeus que apontam o ensino da Física como uma ciência dura, assim difundida no imaginário acadêmico e social, comungada com a desvalorização do trabalho docente e exercida predominantemente pelos homens.

Biografia do Autor

Itana da Purificação Costa, Rede Estadual de Ensino da Bahia

Mestra em Ciência e Tecnologia de Alimentos (UFS). Licenciatura em Física (UFOB). Engenheira de Alimentos (UEFS).

Anatália Dejane Silva de Oliveira, Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)

Doutora em Educação (UFG). Atualmente é professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia, Barreiras, Bahia, Brasil.

Diego Carvalho Corrêa, Instituto Federal da Bahia (IFBA)

Mestre em História (UEFS). Licenciado em História (UEFS). Atualmente é professor no Instituto Federal da Bahia, Barreiras, Bahia, Brasil.

Referências

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Publicado
2023-11-09