TRAJETÓRIAS DE VIOLÊNCIAS DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: O CASO GUSTAVO
Resumo
O presente artigo tem a intenção de discutir as trajetórias de violências e cuidados de adolescentes em situação de vulnerabilidade social a partir de um fragmento de caso clínico de adolescente, acompanhado pela rede de saúde do município de Belo Horizonte. Na construção de caso clínico os ensinamentos do paciente acontecem mediante uma escuta cuidadosa, das particularidades dos sujeitos, de seus atos falhos, recaídas, ausências. Discutiu-se questões referentes ao racismo, necropoder, violências, instituições e adolescências. O Estado brasileiro, que se propõe a cuidar de seus adolescentes, é o que escolhe os corpos os quais podem deixar de existir, a partir da necropolitica. Devemos lançar mão da resistência e possibilitar vida e a pluralidade dos modos de existir de nossa juventude vulnerabilizada.
Referências
BRASIL. Atlas da Violência de 2020. Organizadores: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 2020, pp. 1-91.
BELO HORIZONTE. Segurança e Prevenção. Relatório Prevenção à Letalidade Juvenil e de Adolescentes. Belo Horizonte. Novembro de 2018
BUTLER, Judith. Quadros de Guerra: Quando a vida é passível de luto? Civilização Brasileira. 2015.
BUTLER, Judith. Vida Precária: Os poderes do luto e da violência. Autêntica. 2019
DAVID, Emiliano de Camargo; SILVA, Lidiane A. de Araújo. Territórios racializados: a Rede de Atenção Psicossocial e a Política Nacional de Saúde Integral da população negra. In: SILVA, Maria Lúcia et al (orgs). Violência e Sociedade: O racismo como estruturante da sociedade e da subjetividade do povo brasileiro. – São Paulo: Escuta, 2018, p. 233-247.
ESTRELA, Fernanda Matheus et al. Pandemia da Covid 19: refletindo as vulnerabilidades à luz do gênero, raça e classe. Ciência & Saúde Coletiva, 2020, p. 3431-3436.
FERREIRA, Roberto Assis. Adolescência, o que é? Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n°17, 2016, p. 1-9.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. 41ª ed. Brasília: Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica; 2018. [cited 2020 Apr 19]. Disponível em
LOBOSQUE, Ana Marta. Clínica em Movimento: o cotidiano de um serviço substitutivo em Saúde Mental. In: Clínica em Movimento: por uma sociedade sem manicômios. 1ª edição, Rio de Janeiro: Editora Garamond; 2005, p. 17-40.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Traduzido por Renata Santini. - São Paulo: n-1 edições, 2018. p. 1-80.
MBEMBE, Achille. Políticas da Inimizade. Traduzido por Marta Lança. Antígona Editores Refractários. 1ª ed. Julho 2017, p. 58-70.
MILLER, Jacques-Alain. Anexo (2010). In: Perspectivas dos Escritos e Outros Escritos de Lacan. Entre o desejo e o gozo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011, p. 227-233.
MOREIRA, Marcelo Rasga et al. A saúde do adolescente privado de liberdade: um olhar sobre políticas, legislações, normatizações e seus efeitos na atuação institucional. Saúde Debate. Rio de Janeiro, v. 39, n. Especial, p. 120-131, dez. 2015.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 3ª ed. – São Paulo: Perspectivas, 2016.
REIS, Rejane Ferreira dos. O genocídio dos adolescentes negros no município de Belo Horizonte: quem importa. Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina. 2017.
RIBEIRO, Igo Gabriel dos Santos. Jovens negros: entre a regulação biopolítica e a economia da morte. In: SILVA, Maria Lucia et al (orgs). Violência e Sociedade: O racismo como estruturante da sociedade e da subjetividade do povo brasileiro. – São Paulo: Escuta, 2018, p. 249-254.
ROSA, Miriam Debieux et al. Clínica Psicanalítica Implicada: Conexões com a cultura, a sociedade e a política. Psicol. Estud., Maringá, v. 22, n. 3, p. 359-369, jul.-set. 2017.
ROSA, Miriam Debieux. Uma Escuta Psicanalítica das Vidas Secas. In: Adolescência: um problema de fronteiras. Comissão de Aperiódicos da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (org). – Porto Alegre: APPOA, 2004, p. 148-161.
SANTOS, Ynaê Lopes. Por um Brasil africano. Sobre a importância em se pensar e educar o Brasil a partir de sua herança africana: o caso de Palmares. In: SILVA, Maria Lúcia et al (orgs). Violência e Sociedade: O racismo como estruturante da sociedade e da subjetividade do povo brasileiro. – São Paulo: Escuta, 2018, p. 29-46.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se Negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Coleção Tendências. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2018
VIGANÒ, Carlo. A construção do caso clínico. Opção Lacaniana online nova série. Ano 1, n. 1, março 2010.
KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: Episódios de Racismo cotidiano. Tradução Jess Oliveira. 1ª edição – Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
KOLTAI, Caterina. O Inconsciente Seria Politicamente Incorreto? Reverso. Belo Horizonte, ano 34, n. 63, jun. 2012, p. 33–44.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).