COLONIALIDADE E INTERSECCIONALIDADE ENTRE GEOGRAFIA, GÊNERO E CLASSE NA LITERATURA: QUEM PODE ESCREVER?
Resumo
O presente trabalho pretende fazer uma abordagem sobre os efeitos decorrentes do histórico de dominação colonial e patriarcal que conferem sobre as futuras produções literárias um estigma de inferioridade, ainda que subjetivo, a depender de onde e/ou quem seriam esses novos escritores. Este estigma se passaria primeiramente por um viés social (simbólico), levando os novos escritores, primeiramente, a romperem uma barreira em que as questões de gênero e/ou localização geográfica se fazem predominantes para valorar uma obra e, somente após rompido este estigma, é que o caráter artístico de suas produções seriam avaliados. Para tanto, nos embasaremos em teóricos como Cavalcanti (1993), Dalcastagnè (2012) e Almeida (2014), onde os referentes autores apontam a existência de um sistema hegemônico que valoriza, principalmente, obras de autoria masculina, preferencialmente de escritores pertencentes às regiões sul e sudeste do país.
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