CAMPO E ESTILO DAS SÉRIES FICCIONAIS TELEVISIVAS: NOTAS METODOLÓGICAS
Resumo
No presente artigo, articulamos os apontamentos teóricos e metodológicos que têm guiado nossos esforços de compreensão e análise das ficções seriadas televisivas, especialmente o conceito de campo social de produção artística e cultural, de Bourdieu (1996). Em nossos trabalhos, temos defendido que a produção e a distribuição de séries constitui um campo que implica um espaço social de tomadas de posição (tanto criativas quanto gerenciais) pelos principais agentes envolvidos – particularmente, os executivos de desenvolvimento de programação original das empresas e os showrunners, roteiristas-chefes e produtores-executivos responsáveis pelas equipes criativas que trabalham nessas séries. Operacionalizada junto com a perspectiva de estilo e a abordagem histórica da intencionalidade dos agentes sociais de Baxandall (2006) e de Bordwell (2008), sintetizada na noção de paradigma problema/solução, o aporte teórico de Bourdieu inspira a análise relacional de duas instâncias – a da realização do produto cultural e a da gestão empresarial do processo produtivo – em um ponto de vista amplo e compreensivo das obras e dos agentes sociais envolvidos (empresas e criadores), de acordo com as lógicas específicas em disputa no cenário social, econômico e midiático em que elas estão inseridas.
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