BRÔ MC’S E OS AGENCIAMENTOS DISCURSIVOS TRANSCULTURAIS GUARANI-KAIOWÁ
Resumo
“Bom dia boa tarde ndo je'ei ko ape avape” é o trecho de abertura do rap Koangagua/Nos dias de hoje, do grupo Brô MC’s, formado por jovens Guarani-Kaiowá, pertencentes às aldeias Jaguapiru e Bororó, nas cercanias de Dourados-MS. Tal letra de imediato questiona o fato de os povos indígenas não serem sequer cumprimentados pela população não índia em sua coexistência diária. Esse estudo focará, nesse contexto, as formações discursivas menores (DELEUZE; GUATTARI, 1975), na disposição de seus raps que capacitam esses jovens e suas comunidades a tratarem de modo dialético os dispositivos sociais, políticos e culturais que os tornam estranhos aos olhares do establishment, bem como também os capacitam a produzir estratégias de negociação para a desconstrução de fronteiras que lhes impedem as heterogêneas mobilidades possibilitadoras de inserção pragmática nas espacialidades locais, regionais, nacionais e globais; espacialidades perspectivadas pelas dimensões do liso e do estriado (DELEUZE; GUATTARI, 1995) e pelas questões de mobilidades, fronteiras e outridades (BAUMAN, 1995; 2013).
Palavras-Chave: Brô MC’S; Rap; Guarani-Kaiowá; Transculturas; Mobilidade.
Referências
AUGÉ, Marc. Por uma antropologia da mobilidade. Tradução de Bruno César Cavalcanti e Rachel Rocha de Almeida. Maceió: EDLTFAL/UNESP, 2010.
BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude. Conversas com Riccardo Mazzeo. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
_____. A Vida Fragmentada. Ensaios sobre a moral pós-moderna. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 1995.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
BRAND, Antonio J. O confinamento e seu impacto sobre os Pãi-Kaiowá. Porto Alegre. Dissertação (mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, 1993, 210p.
____. O impacto da perda da terra sobre a tradição kaiowá/guarani: os difíceis caminhos da palavra. Porto Alegre. Tese (doutorado em História). PUC/RS, 1997, 345p.
BRÔ MC’s. Koangagua/ Nos dias de hoje. In: <https://www.youtube.com/watch?v=IBafJlZxT6s>. Acesso em 28 de maio de 2017a.
_____. Eju Orendive/ Agora estamos aqui. In: <https://www.youtube.com/watch?v=oLbhGYfDmQg>. Acesso em 15 de junho de 2017b.
_____. Tupã. In: <https://www.youtube.com/watch?v=V0xqKFRaJJI>. Acesso em 20 de maio de 2017c.
_____. Tupã (ao vivo) – TV Câmara. In: <https://www.youtube.com/watch?v=8G4CkjGdQSE>, Acesso em 22 de junho de 2017d.
_____. CD Independente. CD-ROM, 2009.
BRUM, Eliane. Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui. In: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/10/decretem-nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html>. Acesso em 20 de junho de 2017.
CÂMARA LIGADA. O espaço do jovem na câmara dos deputados. In: <https://camaraligada.wordpress.com>. Acesso em 21 de junho de 2017.
CANAL GUATEKA. Canal Guarani, Terena e Kaiowá do MS. In: https://www.facebook.com/canalguateka/?hc_ref=PAGES_TIMELINE&fref=nf. Acesso em 10 de junho de 2017.
CHAMORRO. Graciela. História Guarani Kaiowa: das origens aos desafios contemporâneos. Nhanduti Editora, 2015.
CANCLINI, Néstor García. “Políticas multiculturais e integração através do mercado.” In: _____. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2016.
_____. Culturas híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 1997.
CUFA - Central Única das Favelas. Entrevista com o Brô MC's na reserva Indígena Jaguapiru, Escola Municipal Tengatuí Marangatu. Dourados, 2010. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/172970-1>. Acesso em 20 de junho de 2017.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. "1440 - O liso e o estriado. Tradução de Peter Pául Pelbart. In: _____. Mil platôs. V. 5. São Paulo: Ed. 34, 1997.
_____. Kafka: por uma literatura menor. Tradução de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
EAGLETON,Terry. A Ideologia da Estética. Tradução de Mauro Sá Rego Costa. 2a ed., Rio de Janeiro: Zahar,1993.
GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Tradução de Ana Lúcia Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. Rio de Janeiro: Editora 34, 2016.
HECK, Egon. Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil. Indígenas ameaçam morrer coletivamente caso ordem de despejo seja efetivada. In: <http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=6553>. Acesso em 20 de junho de 2017.
OLIVEIRA, Luciana. Bro Mc’s rap indígena: o pop e a constituição de fóruns cosmopolíticos na luta pela terra Guarani e Kaiowa. Revista Eco Pós. Dossiê Cultura Pop. V. 19, no. 3, 2016.
REVOREDO, Laura Costa. Enterovethea ya hchuka’arã ãnderova. Todos nós devemos mostrar a nossa cara: Brô MC’s e os loci de enunciação pós-colonial. Dissertação de mestrado. 2014. Mestrado em Estudos de Linguagens. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande. Agosto 2014, 145p.
RIBEIRO, Ricardo. Tradução de Koangagua/ Nos dias de hoje. In: < http://www.letras.com.br/ricardo-ribeiro/nos-dias-de-hoje>. Acesso em 21 de junho de 2017.
ROCHA, Janaína; DOMENICH, Mirella; CASSEANO, Patrícia (org.). HipHop: a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
SANTOS, Boaventura de Sousa (2010). Rap Global. Rio de Janeiro: Aeroplano.
SESAI. Secretaria Especial da Saúde Indígena. In: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/secretaria-sesai >. Acesso em 20 de junho de 2017.
SILVA, Julia Izabelle da. Práticas transidiomáticas e ideologias linguísticas no rap guaranikaiowá – Brô Mc’s: a mistura guarani-português como estratégia de negociação social e de luta política. Domínios de Lingu@gem. Uberlândia, vol. 10 n.4, out./de, 2016.
SOUZA, Ana Lúcia. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola, 2011.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra R. Goulart Almeida; Marcos Feitosa; André Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS. Faculdade Intercultural Indígena – FAIND. In: <http://portal.ufgd.edu.br/faculdade/faind>. Acesso em 21 de junho de 2017.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).