DELINEANDO POSICIONAMENTOS DE GÊNERO EM CONTEXTO DE EDUCAÇÃO INFANTIL A PARTIR DE OFICINAS DE BRINCADEIRAS

Ericka Marcelle Barbosa de Oliveira; Lenira  Haddad

Ericka Marcelle Barbosa de Oliveira Universidade Federal de Alagoas - UFAL https://orcid.org/0000-0002-5345-9910
Lenira Haddad Universidade Federal de Alagoas - UFAL http://orcid.org/0000-0002-3588-2846

Palavras-chave: Educação Infantil. Pesquisa com crianças. Gênero. Oficina.

Resumo

O presente artigo discute posicionamentos de gênero construídos por crianças de 4, 5 e 6 anos em contexto de educação infantil, a partir da utilização de uma estratégia metodológica denominada de “oficina”. É dado destaque a duas oficinas de brincadeiras temáticas, nas quais as crianças foram divididas em dois grupos de gênero e lhes foi apresentada a proposta de brincarem de família com personagens masculinos e femininos tais como pai, mãe, filho e filha. Tal estratégia mostrou-se relevante para evidenciar e compreender como meninos e meninas se posicionam diante de uma situação que demanda a assunção de um papel social ligado a um gênero oposto àquele com o qual se identificam. Constatou-se diversas estratégias utilizadas pelas crianças, sobretudo pelos meninos, para não assumir o papel do gênero oposto, indicando negociações de sentidos sobre o masculino e o feminino que atuam no processo de construção de suas identidades de gênero.

Biografia do Autor

Ericka Marcelle Barbosa de Oliveira, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Doutoranda em Educação (2018/2022) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas (PPGE/UFAL), na linha de pesquisa Educação, Culturas e Currículos. Mestra em Educação (2015) pelo PPGE/UFAL, na linha de pesquisa Processos Educativos. Especialista em Gênero e Diversidade na Escola - EGDE (2016), pela Universidade Federal de Alagoas. Pedagoga licenciada pela Universidade Federal de Alagoas (2012). Membro do grupo de pesquisa Educação Infantil e Desenvolvimento Humano (GPEIDH - UFAL). Tem experiência na área de medidas socioeducativas em meio fechado, atuando com formação e qualificação profissional de servidores, assessoria de projetos e planejamento estratégico institucional. Atuou como professora substituta no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas no ano de 2018, nas disciplinas: Fundamentos da Educação Infantil, Saberes e Metodologias da Educação Infantil I e Saberes e Metodologias da Educação Infantil II. Possui experiência em formação de professores no âmbito do Programa Nacional de Alfabetização na Idade certa (PNAIC). Possui experiência como educadora e coordenadora pedagógica em projetos e programas de formação e qualificação profissional de jovens e de mulheres em situação de vulnerabilidade. Foi tutora do curso de Especialização em Docência na Educação Infantil (parceria UFAL/ MEC. Ano: 2014). Tem experiência como pesquisadora na área de Educação com ênfase em Educação Infantil, atuando nos seguintes temas: educação e gênero, identidades de gênero, cultura de pares, sociologia da infância, formação de professoras/es da educação infantil.

Lenira Haddad, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Pós-doutorado em Psicologia Social no Laboratório de Psicologia Social da Universidade Aix-Marseille, França (2011), Doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da USP (1997), Mestrado em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da USP (1989), Especialização na abordagem educativa High/Scope pela High/Scope Educational Research Foundation (1992), graduação em Psicologia pela FFCL-USP Ribeirão Preto (1979). É professora associada da Universidade Federal de Alagoas, pesquisadora associada do Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade e Educação (CIERS-ed) da Fundação Carlos Chagas, membro do Centro de Investigação em Educação e Psicologia da Universidade de Évora. Professora e orientadora do Programa de Pós-graduação em Educação da UFAL e líder do Grupo de Pesquisa "Educação Infantil e Desenvolvimento Humano". É membro do conselho consultivo da Revista Pátio Educação Infantil e membro do Conselho editorial das revistas Poesis (UNISUL), Zero-a-seis (UFSC) e Olhares (Unifesp). Especialista em educação infantil, atua em uma ampla gama de interesses tais como: políticas integradas de cuidado e educação infantil, representações sociais, abordagens curriculares (High/Scope, Reggio Emilia, pedagogia dos países escandinavos, Movimento da Escola Moderna Português), profissionalismo e formação do/a profissional da educação infantil, pesquisa com crianças e cultura de pares.

Referências

BUSS-SIMÃO, Márcia. Relações sociais de gênero na perspectiva das crianças pequenas na creche. Cadernos de Pesquisa, v.43, n. 148, p. 176-197, jan./abr. 2013. Disponibilidade em: . Acesso em 14. dez. 2014.

BUSS-SIMÃO, Márcia. Relações sociais em um contexto de educação infantil: um olhar sobre a dimensão corporal na perspectiva de crianças pequenas. 2012. 321 p. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2012.

CARVALHO, A. M. A.; PEDROSA, M. I. Cultura no grupo de brinquedo. Estudos de Psicologia, Natal, v. 7, n. 1, jan. 2002, p. 181-188. Disponibilidade em Acesso em 14. dez. 2014.

CORSARO, Willian A. Reprodução interpretativa e cultura de pares. In: MULLER, Fernanda; CARVALHO, Ana Maria Almeida. (Orgs). Teoria e prática na pesquisa com crianças: diálogos com William Corsaro. São Paulo: Cortez, 2009.

CORSARO, Willian A. Sociologia da infância. Tradução de Lia Gabriele Regius Reis. Porto Alegre: Artmed, 2011.

DELGADO, Ana Cristina Coll; MÜLLER, Fernanda. Abordagens etnográficas nas pesquisas com crianças. In: CRUZ, Silvia Helena Vieira (Org.) A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008.

FERREIRA, Manuela. O trabalho de fronteira nas relações entre géneros como processo estruturante de identidades homo e heterossociais de género ocorridas nas brincadeiras entre crianças em espaços de "brincar ao faz-de-conta" num JI. 2003. Disponibilidade em: . Acesso em 08. nov. 2014.

FERREIRA. P. N. "A gente tá fazendo um feitiço": cultura de pares e experiência estética no ateliê de artes plásticas em contexto de educação infantil. 2016. 199f. Tese (Doutorado em Educação)- Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2016.

JORDAN, Ellen. Fighting Boys and Fantasy Play: The construction of masculinity in the early years of school. In: Gender and Education, 1995. p. 69- 86.

LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e a teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

LOURO, Guacira Lopes. Uma sequência de atos. Cult, São Paulo, v.185, Nov 2013. Disponível em:
Acesso em 20. jan. 2015.

MAYNART, R. C. A brincadeira e o processo de constituição do eu-psíquico da criança: implicações para a educação infantil. 2010. 152 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2010.

MAYNART, R. C. Brincadeira de família em contexto de educação infantil: processos de significação e cultura de pares. 202 p. 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2017.

MAYNART, Renata da Costa. AUTOR. Pesquisa com crianças na educação infantil: reflexões metodológicas e implicações para a prática pedagógica. In: LOPES, Camila Ferreira da Silva et al (Orgs.). Pesquisas contemporâneas em educação. Curitiba: Editora CRV, 2020. No prelo. (v. 2).

MAYNART, Renata da Costa; AUTOR. Oficinas de teatro de família: reflexões/ressignificações metodológicas para o estudo de processos de significação de família em crianças. In: 5º Seminário de Grupos de Pesquisa sobre Crianças e Infâncias – GRUPECI. 2016, Florianópolis. Anais do 5º Seminário de Grupos de Pesquisa sobre Crianças e Infâncias – GRUPECI. UFSC, 2016. Disponibilidade em: Acesso em 15. jun. 2019.

Oliveira, E. M. B. (2015). Ser menino e ser menina: construção de identidades de gênero em contexto de educação infantil. 2015. 189f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2015.

CARVALHO, Ana Maria Almeida; PEDROSA, Maria Isabel. Análise qualitativa de episódios de interação: uma reflexão sobre procedimentos e formas de uso. Psicologia: reflexão e crítica. 18(3), 2005. p. 431-442. Disponibilidade em: Acesso em 23. jan. 2014.

PEDROSA, Maria Isabel. SANTOS, Maria de Fátima. Aprofundando reprodução interpretativa e cultura de pares em diálogo com Corsaro. In: MULLER, Fernanda; CARVALHO, Ana Maria Almeida. (Orgs). Teoria e prática na pesquisa com crianças: diálogos com William Corsaro. São Paulo: Cortez, 2009.

PEREIRA, Melina; PEDROSA, Maria Isabel. Brincadeiras de casinha e significações de gênero. Revista Brasileira de Psicologia, 03(01), Salvador, Bahia, 2016. p. 50-53. Disponibilidade em: Acesso em: 15. dez. 2016.

ROCHA, Eloísa Alcires Candal. Por que ouvir as crianças? Algumas questões para um debate científico multidisciplinar. In: CRUZ, Silvia Helena Vieira (Org.) A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008.

VIGOTSKY, L. S. A brincadeira e seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Tradução de Zoia Prestes. Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais. Rio de Janeiro, UFRJ, n. 8, abril, 2007. p. 23-36. Disponibilidade em: Acesso em 15. jul. 2015.

VYGOTSKI, Lev S._La conciencia como problema de la psicología del comportamento. In: Obras Escogidas: problemas teóricos y metodológicos de la Psicología. 1996. Disponibilidade em Acesso em 15. jul. 2015.

WEST, Candace; ZIMMERMAN, Don H. Doing Gender.
Gender and Society, n. 2, 1987. p. 25-151 (v. 1).