NAS ENTRELINHAS DO EU: A ESTRANGEIRIDADE COMO NARRATIVA DE SI EM ORGIA: OS DIÁRIOS DE TÚLIO CARELLA
Resumo
O presente artigo analisa a obra Orgia: Os Diários de Túlio Carella a partir da categoria da estrangeiridade e da escrita de si como modos de subjetivação. Interrogando os limites entre confissão e ficção, o estudo aborda como o diário se torna um espaço de manifestação das tensões entre identidade, linguagem, sexualidade, exílio e corpo. Através da figura de Lucio Ginarte, o autor-narrador encena o deslocamento do sujeito em contextos de repressão política e cultural, tendo o Recife dos anos 1960 como cenário. A análise articula referenciais da psicanálise, da linguística enunciativa e dos estudos culturais para compreender o diário como arquivo de memória e desejo, em que a condição de estrangeiro opera como dispositivo crítico. Ao narrar o estranho de si mesmo, Carella confronta o leitor com os limites da hospitalidade, da alteridade e da constituição do sujeito contemporâneo.
Referências
CARELLE, Túlio. Orgia: os diários de Túlio Carella. São Paulo: É Realizações, 2011.
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RICŒUR, Paul. Tempo e narrativa II. Trad. Maria Celeste Jacques Viana e Kathleen E. Ecochard. Campinas: Papirus, 1991.
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