“ELE É O ÚNICO QUE FALA DA NOSSA TRAVESSIA”: A EXPERIÊNCIA DE CRIANÇAS VENEZUELANAS NO BRASIL
Resumo
O artigo reúne pesquisas dos autores sobre a trajetória de crianças venezuelanas em instituições educacionais no Brasil e reflete sobre o reconhecimento dessas crianças como sujeitos ativos, produtores de cultura e participantes do espaço político, desafiando a lógica adultocêntrica predominante nas ciências sociais e humanas. As ferramentas da colonialidade influenciam o controle migratório ao estabelecer critérios rígidos sobre quem pode entrar e permanecer no país, forçando imigrantes a se adequarem a padrões nacionais que negam sua alteridade. Esse processo homogeneiza diferenças, transformando-as em padrões socialmente aceitos. Além disso, a aceitação dos imigrantes é condicionada à sua utilidade econômica, marcando suas trajetórias com segregação, xenofobia, provisoriedade e medo. Portanto, o artigo analisa os atravessamentos raciais, culturais, étnicos e etários que afetam as experiências das crianças venezuelanas no Brasil, frutos de um processo colonial que justifica e perpetua relações hierárquicas.
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