ATOS DA DESCOLONIZAÇÃO: UM ENSAIO DISCURSIVO POR UMA TEORIA A PARTIR DA FRONTEIRA

Palavras-chave: Análise do Discurso. Mulher Chicana. Autohistoria. Teorização fronteriza.

Resumo

Este ensaio tem a proposta de discutir a escrit(ur)a de si, sob a pluma da autohistoria, como transcendência da diferença colonial a partir das escrevivências de Gloria E. Anzaldúa na obra Borderlands/La frontera: the new mestiza (2012). Para isso, minhas reflexões se apoiam sobre a Análise do Discurso foucaultiana (ALMEIDA, 2019; GUERRA, 2017); o pensamento descolonial (ANZALDÚA, 2012; MIGNOLO; WALSH, 2018); e o Local Geoistórico (NOLASCO, 2013). Sob o fio discursivo da fronteira, a autohistoria põe em prática uma teorização descolonial ao mesmo tempo que a escrit(ur)a está sendo construída. Esse gesto de autorreflexão desenha uma espaço crítico onde a mulher Chicana/indígena se depara com sua incompletude, desejando transformações. É um agir que cativa o leitor-autor, convidando-o a reconceitualizar conceitos migrados para as fronteiras através de uma crítica fronteriza.

Biografia do Autor

João Paulo Ferreira Tinoco, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Graduado em Letras (Língua Inglesa) pela Universidade Federal de Tocantins. Doutor e Mestre em Letras (Estudos Linguísticos) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Referências

ALARCÓN, Norma. The Theoretical Subject(s) of this Bridge called my back and Anglo-Anzaldúa. In: ANZALDÚA, Gloria. (ED.). Making face, making soul = hacienda caras: creative and critical perspective by feminists of color San Francisco. Aunt Lute, 1990. p. 356-369.
ALMEIDA, Willian Diego. Mulher indígena e lei Maria da Penha: uma análise discursiva transdisciplinar para apreender a constituição da subjetividade fronteriza. 2019. 270 f. Tese (doutorado em Letras). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Três Lagoas, 2019.
ANZALDÚA, Gloria E. Borderlands/La Frontera: The New Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.
______. Borderlands/la frontera: the new mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 2012.
COLCHADO, Lea. Making face, making soul, making space for chicanas’ traumatic narratives: autohistoria-teoría as method and genre. Master of Arts
 (Major in Rhetoric and Composition). Graduate Council of Texas State University. Texas, pp. 90. 2020.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Trad. Luiz Felipe B. Neves Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
GUERRA, Vânia M. Lescano. As fronteiras da exclusão: o discurso do outro e o processo identitário do indígena. In: BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio; NOLASCO, Edgar Cézar; GUERRA, Vânia M. L.; S. Freire, Zélia R. Nolasco dos. (Orgs.). Fronteiras platinas em Mato Grosso do Sul – (Brasil/Paraguai/Bolívia) – biogeografias na arte, crítica biográfica fronteiriça, discurso indígena e literaturas de fronteira. Campinas: Pontes, 2017. p. 95-122.
KEATING, AnaLouise. Entre mundos/Among Worlds: new perspectives on Gloria Anzaldúa. New York: Palgrave Macmillan, 2005.
MIGNOLO, Water; WALSH, Catherine. (Orgs). On decoloniality: concepts, analytics, práxis. Durham: Duke University Press, 2018.
MIGNOLO, Water. Decolonizing Western Epistemology/Building Decolonial Epistemologies. In: ISASI-DÍAZ, Ada María; MENDIETA, Eduardo (Eds.). Decolonizing Epistemologies: Latina/o Theology and Philosophy. New York: Fordham University Press, 2012. p. 19-43.
MORENO, Alejandro. Superar a exclusão, conquistar a equidade: reformas, políticas e capacidades no âmbito social. In: LANDER, Edgardo. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Trad. Júlio Cézar Casarin Barroso Silva. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 187-202.
NOLASCO, Edgar C. Restos de ficção: a criação biográfico-literária de Clarice Lispector. São Paulo: Annablume, 2004.
______. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro & João, 2013.
SANTOS, Boaventura de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de S.; MENESES, Maria Paula. (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: G.C., 2010. p. 23-71.
______. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, no 34, 2008. p. 287-324.
TORRES, Sonia. La conciencia de la mestiza /towards a new consciousness: uma conversação inter-americana com Gloria Anzaldúa. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 13, n. 3, Dec. 2005. p. 720-737.
Publicado
2022-07-20