HISTÓRIAS DA TRADIÇÃO NA ESCOLA: PARA ALÉM DO TEMPO E DO ESPAÇO

Palavras-chave: Histórias de tradição oral. Escola básica. Mito e ciência. Educação humanizadora.

Resumo

Ouvir, ler e contar histórias parece ser uma predileção humana universal. As histórias de tradição oral que ouvimos quando crianças constituem, em grande parte, a nossa educação geral. Circulando de memória em memória, mas também de livro em livro, aprendemos por meio delas as primeiras lições sobre afetividade, ética, solidariedade, partilha, amizade e tantos outros valores fundamentais à existência humana. Contadas e recontadas ao longo de milênios, as histórias ultrapassaram tempos e espaços e permanecem vivas cada vez que são rememoradas junto às novas gerações. Neste artigo, objetivo indexar categorias que demonstram a relação de simbiose e complementaridade entre as histórias da tradição, os dispositivos míticos e as cosmologias dos saberes tradicionais. Os procedimentos metodológicos incluem uma incursão bibliográfica sobre o tema e reflexões acerca do potencial pedagógico das histórias ao extrapolar os limites da compreensão lógica sobre o mundo, questionando, assim, o nosso modelo de educação escolar. O artigo encerra-se com duas questões reflexivas: se as histórias são sinalizadores de vida, que espaços sociais permitem ou garantem a sua expressão? Se a escola é um espaço privilegiado de circulação da cultura e do conhecimento, não seria adequado afirmar que a ausência desses sinalizadores compromete uma educação humanizadora?

Biografia do Autor

Carlos Aldemir Farias, Universidade Federal do Pará

Doutor em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor da Universidade Federal do Pará. Atua na Licenciatura Integrada e no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemáticas, na linha de pesquisa Práticas Docentes e Diversidade. 

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Publicado
2021-01-21